Bairro a bairro, rua a rua de Trípoli se desenvolvem os combates entre a heróica resistência popular e a contra-revolução imperialista
Apesar do “alucinado orgasmo” coletivo da mídia capitalista mundial ao anunciar o colapso do regime Kadaffi e a vitória final dos “rebeldes” pró-OTAN, os combates frontais entre a heróica resistência do povo líbio e a contra-revolução imperialista seguem rua a rua na capital Trípoli. Os chacais imperiais como Obama, Sarkozy e Cameron já salivam o sangue assassino e exigem que o “ditador” deixe o poder imediatamente, enquanto prosseguem os maiores bombardeios aéreos que a humanidade já presenciou em toda sua história. A OTAN deslocou por terra seu poderoso destacamento militar “Alfa” para orientar seus comandados do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão máximo dos “rebeldes”), no assalto a pontos estratégicos da capital como aeroportos e a TV estatal e no objetivo de capturar e assassinar Kadaffi e sua família. De fato os “rebeldes” mercenários chegaram a anunciar o sequestro de dois filhos de Kafaffi, Mohamed e Seif Al islam, que já foram libertados em combate pelas tropas das “brigadas revolucionarias” (milícias populares leais ao regime). Os noticiários da reação global, os mesmos que clamam pela severa repressão aos que consideram os “vândalos saqueadores de Londres”, mostram imagens da classe média festejando o fim do “ditador” na cidade de Benghazi, anunciada fraudulentamente como se fossem em Trípoli. A verdade é que a atual ofensiva “rebelde” mesmo contando com o suporte de centenas de mísseis de longo alcance, toneladas de bombas despejadas pelos modernos caças e por um comando terrestre da OTAN, ainda está longe de infringir a derrota final as forças que apóiam o regime nacionalista burguês de Kadaffi.
A batalha pelo controle de Trípoli foi pacientemente preparada pela OTAN, minando todo arsenal bélico do exército nacional líbio. Durante seis meses de intensos bombardeios pela reunião da maior frota aérea do planeta, só sobraram armas de artilharia leve para as forças militares de apoio a Kadaffi, que mesmo sendo distribuídas massivamente para as milícias populares não poderiam fazer frente a imensa superioridade da colossal maquina de guerra da OTAN. No sentido inverso, os “rebeldes” vem recebendo arsenal de ponta do imperialismo, além de recursos financeiros para promover a deserção nas hostes do regime Kadaffi. O bloqueio dos reservas monetárias da Líbia por parte de bancos europeus e o cancelamento da entrada de divisas oriundas da exportação de petróleo (sob o controle do CNT em Benghazi), levaram a um estrangulamento econômico do regime, que não contou com o apoio efetivo de nenhum país. Esta situação de isolamento internacional impediu a reposição de material bélico pesado por parte do exército nacional líbio, facilitando a ação de sabotagem dos “rebeldes” made in CIA, apesar das inúmeras derrotas sofridas por estes no campo da luta direta.
A política de Kadaffi e seu staff sempre foi a de buscar uma solução negociada do conflito, procurando reatar os vínculos recém estabelecidos com as metrópoles imperialistas. Mesmo com os seguidos triunfos na arena militar sobre os “boys” da OTAN, em função da ausência completa por parte dos “rebeldes” de uma base social proletária, Kadaffi se recusava a esmagar a contra-revolução com os métodos próprios da classe operária, como fez Trotsky em Kronsdat quando dirigia o Exército Vermelho na URSS. Por outro lado a OTAN avançava a passo largos na destruição da infra-estrutura do país, a espera do melhor momento para desencadear uma brutal ofensiva aérea sobre Trípoli. Ainda sob as pesadas nuvens de fumaça dos criminosos bombardeios, os “rebeldes” conseguem adentrar na capital e sob a coordenação do comando “Alfa” da OTAN infringem um importante recuo das forças nacionalistas. Mas a guerra civil não chegou ao final e mesmo com a possibilidade de perderem Trípoli, em uma retirada tática, as milícias populares já anunciaram que estabelecerão a estratégia de guerrilha, tendo como base cidades fiéis ao regime Kadaffi.
A solidariedade ativa ao povo líbio, bombardeado covardemente pela OTAN e a reacionária mídia global, se impõe como tarefa prioritária a todos aqueles que se reivindicam da luta socialista e revolucionária. Neste momento um triunfo militar e político da coalizão imperialista sobre um país oprimido, independente do caráter burguês do governo Kadaffi, reforçaria tremendamente a linha de ataque as conquistas do proletariado mundial. O anúncio do “presidente” do CNT, Mustafa Abdul Jalil, que seria extremamente grato aos países que ajudaram a “derrubar o ditador” Kadaffi é apenas um prenúncio do tamanho do saque que estes piratas pretendem realizar, caso consigam estabelecer um governo nacional.