Multitudinária manifestação em Tel Aviv não teve caráter anti-sionista nem anti-imperialista
Neste sábado, 06/08, ocorreu a maior manifestação de rua de toda a recente história do enclave de Israel. Cerca de mais de trezentas mil pessoas saíram em marcha na cidade de Tel Aviv para protestar contra o governo do Likud, chefiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Os manifestantes gritavam “o povo exige justiça social” e “uma geração inteira exige um futuro”. Uma série de cartazes eram levantados na rua Kaplan onde se podia ler “Renuncie, o Egito é aqui”. A referência ao vizinho país árabe parece que assustou a cúpula do Likud, temendo que uma aliança entre o velho Partido Trabalhista (que controla os sindicatos do gendarme sionista) e o Kadima do facínora “zumbi” Ariel Sharon, no Parlamento, possa antecipar as eleições gerais previstas para o ano que vem.
O pano de fundo destas mobilizações coordenadas pela oposição ao Likud é a crise econômica que castiga a economia israelense, baseada fundamentalmente nos enormes subsídios dos EUA e na produção industrial militar. Com a retração do mercado norte-americano, Israel como um apêndice terrorista ianque, também sofre as consequências da crise imperialista em seu próprio território. Segundo a imprensa israelense, a classe média compunha o grosso das manifestações, sem fazer qualquer referência aos assentamentos dos colonos judeus em terras palestinas. Suas demandas estavam voltadas contra a queda de um padrão de vida baseado na espoliação histórica dos povos vizinhos, árabes, palestinos e beduínos. Neste sentido, não há qualquer traço progressista nestes protestos contra o Likud, marcados pela disputa intestina das duas principais frações políticas do sionismo. Não por coincidência, a ANP e o Hamas buscam uma aproximação com o Kadima para aprovar na ONU a resolução que reconhece o Estado nacional palestino nos marcos dos acordos de “paz” de Oslo, celebrados por Clinton e Arafat em 1993.
Os marxistas leninistas que lutamos pela destruição revolucionária do enclave terrorista de Israel, não apoiamos nenhum dos bandos sionistas, mesmo quando um deles vem arrastando atrás de si “massas populares”. Somente a entrada em cena do proletariado judeu, em parceria com seus irmãos de classe árabes e palestinos, portando bandeiras políticas e sociais claramente anti-sionistas, poderá apontar um horizonte de luta real socialista por uma Palestina soviética da classe operária árabe e judeu.