O ouro da Líbia, um saque pouco mencionado pelos piratas da OTAN
Na medida em que vão chegando as informações sobre os últimos acontecimentos da guerra de ocupação imperialista a Líbia, fica absolutamente cristalino que a “ocupação” parcial de Trípoli foi produto exclusivo da ofensiva das forças militares da OTAN (terra e ar) e não da ação do destacamento de lumpens e mercenários monarquistas, batizados pela ONU de “rebeldes” do CNT (Conselho Nacional de Transição). As imagens da tomada do QG (Bab Al-Aziziya) do coronel Kadaffi revelaram a destruição completa do complexo militar pelos pesados bombardeios da OTAN, com uma descarga de mais de sessenta mísseis Tomahawk em menos de uma hora, um míssil por minuto com a capacidade de destruição de uma quadra inteira! Os mercenários lumpens do CNT quando chegaram ao QG, não encontraram resistência alguma por uma correta decisão tática do exército nacional líbio de evacuar o local em função de ser impossível responder belicamente a “tempestade” de bombas de última geração lançadas pelos caças e navios da OTAN. Mesmo assim, a captura do QG foi apresentada pela mídia imperialista como uma “brava ação dos rebeldes”, que ensandecidos pelo “cheiro” do ouro líbio destruíram os símbolos da resistência nacional anti-imperialista, como o monumento da mão esmagando um jato ianque (erguido logo após os criminosos ataques a Líbia em 1986). Pelo menos os “rebeldes” saqueadores foram sinceros em mostrar ao mundo a quem servem, revelando seu caráter de capachos servis do imperialismo!
Obama, aquele mesmo que cortou gastos sociais em seu próprio país alegando falta de recursos estatais, já ofereceu de “ajuda” ao futuro governo títere do CNT a bagatela de um bilhão de dólares, gesto logo seguido pelo “generoso” colega britânico Cameron, que só aprecia a ação de “saqueadores” em terras coloniais. Esta verdadeira quadrilha, a qual se soma o “cafetão” Sarkozy, está oferecendo aos mercenários monarquistas, incumbidos do trabalho “sujo e miúdo” em Trípoli, apenas uma pequena parte do que já foi confiscado do povo líbio em depósitos nos bancos imperialistas. O regime Kadaffi em franca rota de aproximação com o “mundo ocidental” confiou os recursos monetários (reservas em dólares) da nação nas mãos dos rentistas internacionais, além de intensificar a parceria comercial da companhia estatal de petróleo da Líbia com as grandes empresas europeias do setor, como a Total, Eni e BP. O resultado desta “inflexão” ao império operada por Kadaffi acionou apetites muitos vorazes em um momento internacional onde o saque a Líbia pode significar uma válvula de descompressão momentânea à crise econômica europeia.
Mas os abutres da coalizão imperialista não estão só interessados em se apossar totalmente (sem as parcerias oferecidas por Kadaffi) das imensas reservas naturais de gás e petróleo da Líbia, estimadas pela OPEP em cerca de 50 bilhões de barris, ficando atrás na região somente da Arábia, Irã e Iraque, dos quais somente o Irã é um país independente. O estoque em ouro físico, depositado no banco central Líbio é um dos maiores do mundo, corresponde a 150 toneladas em lingotes, segundo o relatório oficial do FMI. Acontece que os dados das reservas de ouro da Líbia só foram repassados ao organismo multilateral dos “tubarões” a partir da década passada, quando Kadaffi queria mostrar-se simpático aos governos imperialistas, calcula-se que o acumulado em ouro do país possa ser três vezes maior, em razão dos anos de bloqueio internacional quando o petróleo líbio só poderia ser vendido a estados nacionais desprovidos de dólares em seus “caixas”.
A crise mundial do padrão dólar revelou que a moeda norte-americana não tem mais lastro em ouro físico no Tesouro ianque. Desde quando o então presidente Nixon retirou em 1971 o lastro de ouro que apoiava o dólar, especula-se que atualmente o FED não tenha nem mais uma grama do “vil metal” em seus cofres. Na Europa a situação não é muito diferente, ou ainda pior que nos EUA, devido a severa crise fiscal por que atravessa, onde o ouro já foi “queimado” logo da criação do Euro. Portanto, a disputa pelo controle do “botim” líbio pode significar bem mais do que o importante domínio do fluxo internacional de petróleo, está em jogo nesta guerra da Líbia o próprio futuro do lastro monetário em ouro das falidas moedas do imperialismo ianque e europeu.