sexta-feira, 5 de agosto de 2011


A queda para o alto de Jobim: de ministro da defesa a lobbista da indústria bélica ianque

O ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, finalmente conseguiu o que buscou ao longo deste último período, ou seja, sua própria demissão após enxovalhar a figura política da presidente “poste” Dilma. As tentativas de Jobim foram várias: primeiro chamou os petistas palacianos de idiotas, nada aconteceu, depois declarou que não votou na sua própria chefe nas últimas eleições, Dilma “amarelou” e, por último, resolveu partir para a baixaria mesmo qualificando a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, de “fraquinha” para liquidar a fatura de sua demissão. O próprio Lula teve que finalmente aceitar a saída de Jobim como um fato consumado, nomeando Celso Amorim, que integrou os governos militares além da frente popular, como novo ministro da Defesa.

Mas, afinal, o que pretendia mesmo Jobim ao cavar desta forma acintosa sua própria demissão, além é claro de destilar seu ódio de classe contra estes petistas degenerados? Acontece que Jobim estava no meio de um grande impasse que na condição de ministro de estado estava impossibilitado de resolver, trata-se do meganegócio da compra dos caças para a Força Aérea. Com a deliberação tomada por Lula de fechar o contrato com o imperialismo europeu, muito provavelmente com a França, a Casa Branca passou a se utilizar das íntimas relações que tem com Jobim para “melar” o negócio, o ex-ministro da Defesa vinha retardando ao máximo a decisão final do governo Dilma até que optou por uma saída “por fora”, como uma última cartada dos ianques. O plano consiste em desmoralizar no limite a presidenta Dilma, para depois forçar uma barganha do alto comando militar das FFAA, orientando a compra dos caças norte-americanos F-16 em um cenário de um novo ministro da Defesa mais frágil e refém da cúpula militar tupiniquim, completamente subalterna dos falcões do Pentágono. As declarações dos generais em Brasília logo após a saída de Jobim já apontam nesta direção.

Mais uma vez, trata-se de uma “crise política” fabricada nas entranhas da própria frente popular, na luta feroz pelo controle do botim estatal. O movimento de massas continua alheio às questões políticas, limitando a luta do proletariado a reivindicações salariais e corporativas, sem nenhuma visão estratégica de alternativa de poder. Neste marco, a frente popular aguarda as próximas eleições municipais com absoluta tranquilidade política, enquanto a “oposição de esquerda” continua praguejando por um lugarzinho ao sol no parlamento burguês.