sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O “neocomunista” Aldo Rebelo (PCdoB) quer “boquinha” vitalícia no TCU como prêmio por ajudar o agronegócio

Graças aos “bons trabalhos” prestados para os grandes latifundiários, o deputado Aldo Rebelo, principal quadro parlamentar do PCdoB, está sendo apoiado pela bancada ruralista para a eleição de Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) que será realizada em setembro pela Câmara dos Deputados. Ganhou a simpatia de amplos setores da oligarquia brasileira quando de sua relatoria acerca do novo Código Florestal, conseguindo aprovar uma legislação totalmente favorável aos interesses dos barões do agronegócio.

“Grandes” nomes da estirpe de José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado e Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, já confirmaram o apoio ao “bom comunista” Aldo Rebelo. Soma-se ainda o apoio do DEM, cuja bancada é formada essencialmente por grandes latifundiários: “Há uma simpatia muito grande com a candidatura dele. Grande parte de nós deve apoiá-lo, sobretudo os ligados ao agronegócio” (Folha de S.Paulo, 08/08), declarou o vice-líder do partido na Câmara, Pauderney Avelino (DEM-AM). Elogios não param. Eis o que afirma o deputado ruralista Moacir Michelleto (PMDB-PR): “É uma perda para o Parlamento, mas ao mesmo tempo o TCU ganha uma pessoa competente” (Valor Econômico, 08/08). Depois de tantos louvores, a bancada do PCdoB na Câmara dos Deputados reuniu-se na quarta-feira, 10/8, e ratificou a candidatura, que é uma das favoritas para vencer.

Pode ser estranho, mas os fatos apenas seguem a lógica da política burguesa. Aldo recebeu “contribuições financeiras”, ou melhor, propinas de grandes grupos da agroindústria. Só das cooperativas de produtores de café recebeu R$ 130 mil; R$ 70 mil da multinacional Bunge Fertilizantes; a Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (MG) doou R$ 50 mil e tantas outras mais vindas de citricultores e agropecuaristas. Mas em quê o agronegócio foi beneficiado? Caso permanece o velho Código, a maioria dos grandes proprietários de terras estariam em condições “ilegais”. Para solver isso, o parecer de Rebelo tira encostas e topos de morro da categoria de Áreas de Preservação Permanente (APP) e anistia de multa os desmates até julho de 2008. Ou seja, todo o processo de desmatamento, a ocupação de mananciais, grilagem e assassinatos no campo etc. tudo foi apagado dos autos. Com a aprovação do novo código, simplesmente acaba com as antigas APPs em benefício dos grandes produtores rurais. Faz jus lembrar que mais de 80% de toda área plantada no Brasil corresponde apenas à produção de commodities, isto é, carne bovina, milho e soja que transformados em farelo vão servir para alimentar frangos e porcos nos EUA e Europa. É precisamente esta área que o agronegócio quer expandir; não a de alimentos!

Depois destes longos e “prestativos” trabalhos asseverados junto aos megalatifundiários, nada melhor para o “neocomunista” Aldo Rebelo do que ser recompensado com uma “boquinha” vitalícia no Estado burguês, na verdade uma aposentadoria compulsória apoiada pela bancada ruralista e uma parcela de dirigentes petistas. Trata-se de mais um fruto podre colhido pelo chamado pacto oligárquico sedimentado entre o governo Dilma/Lula e os setores mais reacionários da burguesia ligada ao agronegócio. Esta é a verdadeira natureza da “democracia” dos ricos hoje gerenciada pela frente popular, uma santa-aliança entre as oligarquias mais reacionárias e o Planalto voltada para atacar os interesses dos explorados no carcomido Parlamento burguês.