Vitória para os “vândalos saqueadores” dos subúrbios de Londres contra a normalidade democrática do capital!
Ao contrário dos “indignados” da Praça Puerta del Sol de Madri, ou mesmo os manifestantes da Praça Tahir no Egito, a imprensa capitalista mundial não vem nutrindo a menor simpatia pelos jovens britânicos, negros, filhos de imigrantes e “desincluídos” da reacionária sociedade real britânica. Muito pelo contrário, a mídia burguesa desencadeou uma verdadeira campanha fascista contra o que classificou de “ataques de vândalos saqueadores” à sagrada propriedade privada do capital e seus templos invioláveis, os shopping centers!
A razão da brutal diferença no tratamento político dada pelos grandes meios de comunicação aos rebelados ingleses e aos “indignados” de uma forma em geral (já que este movimento ganhou um escopo internacional), reside exatamente no fato dos primeiros contestarem empiricamente a ordem democrática vigente e os segundos a reivindicarem em toda sua plenitude. Desta forma, os “vândalos” londrinos enfrentam as leis sagradas do mercado ao “saquearem tv’s de plasma, notebooks e tênis caros aos quais só a juventude branca e “dourada” tem acesso. A ação empírica dos jovens “desincluídos” é desprovida de qualquer plataforma política ou programática, seu móvel encontra-se na crise do capitalismo e suas reais agruras, como o desemprego e a ausência da assistência estatal. Não passam fome é verdade, mas têm o direito legítimo de se “apossarem” dos bens de consumo inacessíveis, pelos quais são bombardeados diariamente pelos mesmos meios que os incriminam ferozmente.
Como um fenômeno social similar ao que ocorreu na França em 2005, a movimentação dos subúrbios, em plena ação direta e sem “intermediários” institucionais, provocou a ira da classe média e, por consequência, o distanciamento político da própria esquerda reformista, muito mais afeita a fenômenos “palatáveis” à ordem democrática, como os dos “indignados”. Para os marxistas revolucionários trata-se de intervir neste processo, dialogando pacientemente com estes setores sociais, no sentido de apontar uma perspectiva socialista para sua ação radicalizada e independente. No curso deste combate por um programa classista, não cabe o menor tipo de “zelo” pelo respeito à institucionalidade burguesa e tampouco desviar o justo ódio de classe da juventude rebelada para o campo do “lobby” parlamentar, como tenta fazer esta esquerda reformista comprometida até a medula com o regime da democracia dos ricos.