Operação midiática da PF (Voucher) abre crise na base do governo Dilma
Desta vez a presidente “poste” Dilma foi mexer em “casa de marimbondo”, ao autorizar a PF a desatar a operação “Voucher” nos bigodes do todo poderoso José Sarney, logo em um dos seus feudos estatais (ministério do turismo) e no seu “curral eleitoral”, o estado do Amapá. Dilma vinha contornando politicamente os recorrentes escândalos de corrupção em seu governo sem grandes abalos em sua base de apoio parlamentar, primeiro o caso do súbito enriquecimento de Palocci, depois o lamaçal de corrupção no DNIT, na sequência a briga intestina no ministério da agricultura com as denúncias feitas por “Jucazinho” demitido da CONAB, em todos estes episódios a presença de Lula foi fundamental para apagar o incêndio e sinalizar o seu breve retorno às rédeas do condomínio de corruptos montado pela frente popular. A ausência do movimento de massas no cenário nacional (mais além do sindicalismo defensivo) e o aniquilamento das “oposições” de esquerda e direita, somados a uma conjuntura econômica favorável, desenhavam uma perspectiva de certo céu de brigadeiro para Dilma, diante das nuvens carregadas pela feroz disputa do controle do botim estatal.
Frente ao quadro de “denuncismo” instalado pela imprensa em seu governo e uma certa percepção de inoperância política, Dilma resolveu sair das cordas e lançar uma operação de mídia, do tipo “caça corruptos” semelhante as lançadas por Lula utilizando a PF para “espetaculizar” a corrupção endêmica ao Estado burguês. Só que a escolha da PF para fuçar o Ministério do Turismo parece que não agradou nem um pouco a chamada base aliada. A prisão do Secretário Executivo do ministério, Frederico Costa, nome ligado diretamente a Sarney, além do ex-deputado do PMDB Colbert Martins e de um ex-assessor da senadora Marta Suplicy, deixaram furiosa a quadrilha “dilmista” instalada no congresso nacional.
O esquema de desvio de verbas do Ministério do Turismo consistia na assinatura de convênios com empresas privadas para qualificação de mão-de-obra (fantasma) no estado do Amapá. Este convênio foi celebrado ainda na gestão de Marta Suplicy e vinha sendo “honrado” fielmente pelo atual ministro Pedro Novais. As gravações feitas detalhando o esquema de corrupção e logo entregues à mídia, impediram que Dilma segurasse a “bomba”, causando um profundo mal-estar entre petistas e sarneyzistas, temerosos que os desdobramentos do novo escândalo respingue em seus chefes. Mais uma vez, Dilma revelou que lhe falta a malandragem do capo Lula, que sempre orientou as ações “espetaculosas” da PF contra seus adversários e nunca contra aliados tão “poderosos” como Sarney.
A inabilidade política do “quadro técnico” (ou poste!) Dilma mandando algemar os “companheiros” mafiosos de governo, parece estar ainda pouco familiarizada com as ratazanas do Congresso Nacional, coincidiu com a semana de turbulências no mercado financeiro mundial, o que gerou uma certa apreensão sobre a capacidade da economia brasileira enfrentar uma possível retração de crédito e, consequentemente, recessão, como ocorreu brevemente em 2008. Neste cenário de supostas “incertezas” os partidos da base resolveram lançar uma ofensiva contra Dilma, exigindo mais “espaço” no governo e o fim imediato da “faxina ética” contra os aliados fiéis. Como a crise financeira internacional deverá potenciar ainda mais o aquecimento de nossa economia, atraindo capitais excedentes da estagnação industrial europeia e norte-americana para as terras tupiniquins dos juros altos, Dilma não sofrerá um grande abalo que altere o atual quadro de estabilidade política, devendo ceder ainda mais aos apetites vorazes das oligarquias corruptas que “povoam” seu governo. A chave para a mudança qualitativa da situação política ainda consiste na entrada em cena dos batalhões pesados do proletariado, empunhando bandeiras históricas da classe e não simplesmente praticando um economicismo sem horizontes políticos.