Dilma troca um quadrilheiro amador por um mafioso profissional no comando da agricultura
A saída do quarto ministro em menos de um ano do governo Dilma poderia apontar um cenário de profunda instabilidade política nesta terceira gestão da frente popular no comando do Estado capitalista, mas no caso da saída do ministro da agricultura, Wagner Rossi, a questão é exatamente inversa. Dilma atuou preventivamente diante da enxurrada de denúncias de corrupção envolvendo a pasta da agricultura, retirando Rossi um estafeta do vice Temer por um quadro da alta direção da máfia criminosa do PMDB. A nomeação do deputado gaúcho Mendes Ribeiro representou um “golpe de mestre” no tabuleiro da crise política provocada pela onda de denuncismo enfrentada por Dilma. A indicação do novo ministro, Mendes Ribeiro (MR), “acalmou os mercados”, para usar uma linguagem comercial própria do balcão de negócios em que se transformou a política burguesa nacional, sob a batuta do PT.
MR é a expressão máxima da máfia peemedebista, que liderou a venda do partido ao governo tucano de FHC. Junto a Eunício Oliveira e Michel Temer apoiaram na Câmara Federal todas as iniciativas mais podres, incluindo a privataria e a reeleição, do “príncipe” da academia transformado em presidente “office-boy” da Casa Branca. Com a eleição de Lula em 2002, estas ratazanas logo trocaram de lado (mas permaneceram no mesmo campo de classe), passando a apoiar “fielmente” o novo governo da frente popular, obviamente em troca de generosos favores estatais mantidos e ampliados pelo PT, afinal ninguém é de ferro...
Assumindo a primeira linha do agronegócio, o ministro MR logo foi saudado pelo que há de mais reacionário no congresso nacional, como a senadora da UDR, Kátia Abreu e o deputado Ronaldo Caiado. A cúpula do PMDB voltou a “lua de mel” com Dilma, recuperando os abalos sofridos pelas prisões no ministério do turismo, produto da atrapalhada “operação voucher” da PF. Como os meliantes do PMDB, como o ex-deputado Colbert Martins, já estão todos em liberdade e o “capo” do partido ganhou um ministério, a “paz” voltou a reinar no corrupto condomínio palaciano, montado pela frente popular.
O movimento de massas mais uma vez esteve ausente de uma intervenção independente no embrião da crise política. Os arautos de “esquerda” da democracia burguesa, ética é claro, repetiram suas fórmulas de CPI no interior do covil dos bandidos, a inovação ficou por conta do PSTU que desta vez, assumindo “honestamente” a condição de conselheiro de Dilma, sugeriu a esta que confiscasse os bens de seus pares, oriundos da corrupção. Seria cômico se não fosse trágico, uma organização que se diz “trotsquista” reivindicar do Estado capitalista o confisco do “dinheiro sujo”, como se a corrupção estatal não fosse endêmica do próprio regime do regime burguês, estes revisionistas nem sonham em lutar pela expropriação do conjunto dos meios de produção capitalista (pela via da ação revolucionária) afinal de contas para eles não seria “ético” se apropriar do capital “limpo”!