domingo, 28 de agosto de 2011

OTAN é forçada a reconhecer seu papel de direção militar dos “rebeldes” líbios

“O papel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na virada militar dos rebeldes líbios sobre o regime de Muamar Kadafi não se limitou aos bombardeios aéreos nem à entrega de armas aos rebeldes em Zintan. Desde abril, forças especiais de França, Grã-Bretanha e Itália estão na Líbia para auxiliar a organização dos combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT). Eles teriam coordenado a estratégia de tomada de Trípoli por terra, via Zintan, e mar, via Misrata”. A revelação acima foi feita pela fonte insuspeita do “Financial Times” neste domingo, diante das crescentes denúncias de jornalistas independentes baseados em Trípoli acerca da presença de tropas da OTAN na ocupação por terra da capital líbia. A mídia imperialista, cobrindo a ação dos “rebeldes” na ofensiva final sobre Trípoli, selecionou imagens “exclusivas” do assalto ao QG de Kadaffi, sob a supervisão direta de agentes da CIA que já tinham se instalado nos arredores de Trípoli, vindos de Benghazi. A cobertura do conflito militar feita pelos “filhotes de Murdoch”, que se dizem jornalistas (como o enviado palhaço Marcos Uchoa da rede Globo), foi orientada a apagar os rastros das forças  da OTAN em solo, limitando-se a relatar os pesados bombardeios aéreos, com o objetivo de tentar veicular uma suposta autonomia dos “rebeldes” frente ao imperialismo.

Segundo fontes citadas pela grande imprensa burguesa de um líder “rebelde” da região de Jabal Nafusah, a OTAN orientou a inversão da ofensiva, que tentava avançar pelo leste, enfrentando resistência das forças leais a Kadaffi. A mudança de foco foi decidida com base em relatos dos “rebeldes” e de cerca de 90 agentes especiais estrangeiros que trabalham na Líbia. Essa presença não é segredo. Em julho o deputado francês Axel Poniatowski, presidente da Comissão de Relações Estrangeiras da Assembleia Nacional, disse à imprensa que o CNT e a OTAN precisavam ter entre 200 e 300 agentes para coordenar a ofensiva. François Baroin, então porta-voz do governo francês, confirmou cinicamente o envio de “um pequeno número de oficiais para organizar a proteção de civis”. O papel dos agentes, no entanto, foi além disso. Segundo um líder “rebelde”, responsável pela comunicação com os correspondentes internacionais, a orientação foi reforçar o front oeste, o que acabaria sendo decisivo para a tomada de Trípoli. “Por isso recebemos vários carregamentos de armas e munições da Otan”, disse o “rebelde” Mokhtar Ghazduri, de Zintan. Segundo o jornal Daily Telegraph, os agentes do serviço secreto britânico já têm nova missão: localizar Kadaffi.

A LBI já tinha inicialmente denunciado a presença do destacamento militar “Alfa” da OTAN nas operações táticas na “tomada” de Trípoli, agora os próprios abutres imperialistas foram obrigados a revelar a coordenação de suas ações militares com os “rebeldes” na ofensiva para liquidar o regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi. O chamado governo provisório do CNT, não passa de um instrumento político-institucional da ocupação imperialista sobre o país semicolonial, já que do ponto de vista militar é a própria OTAN quem dá as “cartas” no combate à verdadeira resistência nacional e popular travada heroicamente pelos milicianos líbios.