30 de agosto: Uma continuidade da manobra distracionista da burocracia sindical
As centrais sindicais
marcaram conjuntamente para 30 de agosto um novo “dia nacional de luta”. Como
em 11 de julho, prometem “paralisações e atos” supostamente em defesa da “pauta
dos trabalhadores”. Na verdade, o protesto marcado para o final do mês tem como
objetivo demonstrar alguma iniciativa da burocracia sindical antes do início
das campanhas salariais do segundo semestre, tentando forçosamente apresentá-lo
como a continuidade das “jornadas de junho”. Nada mais falso! O 30/08 não passa
de uma continuidade da manobra distracionista impulsionada pela CUT em conjunto
com as outras centrais “chapa branca” (parte da FS, CTB, UGT, CGTB) em apoio ao
governo Dilma, que teve após os protestos uma relativa queda em sua
popularidade. Tanto que o MST propõe que esta data seja uma “paralisação pelas
reformas” defendendo a realização de um plebiscito popular por Constituinte
para Reforma Política. Desta forma, direções governistas ajudam o governo da
frente popular a sair das cordas e a desgastar a oposição demo-tucana, abalada
pelo escândalo do Metrô de São Paulo. A Conlutas e o PSTU, apesar de
formalmente se oporem a esta pauta, foram completamente cooptados pela política
das centrais governistas, já que se opõem à radicalização do movimento de
massas, sempre optando por mobilizações ordeiras e pacíficas controladas pelo
aparato sindical e que não fujam ao script de capitalizar no futuro a crise nas
urnas. Frente a esta realidade é preciso intervir na base das categorias
alertando acerca do caráter distracionista da atividade do dia 30, buscando que
o movimento de massas atue com independência política e com um programa de luta
combatendo tanto o governo do PT e a direita, como a orientação da chamada
“oposição de esquerda”.
De forma hilária, para justamente encobrir seu papel de sabotador da radicalização dos protestos, o PSTU faz a análise de que “A CUT não pode evitar a greve do dia 11 de julho, nem que essa mobilização se chocasse com o governo Dilma. A ofensiva das massas vai destruindo a hegemonia de 30 anos do PT e da CUT entre os trabalhadores. Não está completa essa ruptura, mas se iniciou um processo histórico. Esse processo também está em curso na juventude trabalhadora. Não parece haver ainda uma ruptura majoritária com o governo Dilma nem com o PT na classe operária, mas, aparentemente, existe uma forte crise com o governo de um amplo setor. Uma alternativa também não se viabilizou ainda por causa do medo da direita. Pode ser que essa crise avance até uma ruptura, ou pode ser que haja uma recomposição do governo. Isso poderia ocorrer caso vingasse o projeto Lula em 2014. Caso acabe a hegemonia reformista do PT e da CUT, existe a possibilidade de massificação de alternativas, como a CSP-Conlutas e a ANEL” (site PSTU, 08/08). Ocorre justamente o contrário! A frente popular vem lentamente retomando sua iniciativa política com a ajuda providencial da CUT e lastreada pela divulgação de inflação em baixa e redução da cesta básica, a direita tradicional está se desgastando profundamente nas últimas semanas e o PIG claramente aposta na oposição conservadora “reciclada” (Marina Silva) para enfrentar o PT em 2014, apesar dela ter fragilíssima base partidária! Não estamos vendo nenhuma “ruptura à esquerda” com a frente popular, mas o crescimento de uma direita não tradicional anticomunista, como o Anonymous, que espera no 7 de setembro reverter o processo de recomposição da frente popular com grandes manifestações “cívicas” contra o governo Dilma apoiadas pela mídia “murdochiana”.
Sem dúvida que os
protestos do mês de agosto não terão como centro o combate ao governo Dilma, ao
patronato ou mesmo o caráter de indignação popular que marcaram as “jornadas de
junho”, mas serão centralizadas pela burocracia sindical “chapa branca” no
desgaste da oposição demo-tucana, mergulhada na crise do escândalo do Metrô,
assim como no governo Cabral (PMDB-RJ) que vem sendo lentamente abandonado pelo
PT. Estaremos presenciando uma recomposição política da frente popular que sem
dúvida está em melhores condições para enfrentar seus adversários políticos de
“direita” e de “esquerda”, já que o PSDB está nocauteado e o PSOL-PSTU amarrado
pelo peso que os corruptos aparatos sindicais têm em suas direções. No máximo,
as centrais “chapa branca” farão “lobby” para que o governo não aceite os
“excessos” de seus aliados, como vimos no 6 de agosto, no chamado “dia de luta
contra as terceirizações”. Nesta data, CUT e Conlutas estiveram juntas em todos
o país encenando atos de sindicalistas liberados em frente às sedes das
federações patronais, como a FIESP, para protestar contra o projeto de Sandro
Mabel (PR-GO), membro da base parlamentar de apoio ao governo Dilma! O mesmo se
repetirá no dia 30, já que não estão sendo tomadas medidas concretas
(assembleias de base, plenárias intersindicais, mobilização nos locais de
trabalho) para organizar de fato, pela base, uma paralisação nacional no final
do mês que interrompa a produção das grandes fábricas e o funcionamento dos
serviços essenciais (transporte, bancos, comércio). Não por acaso, a proposta
do MST de uma “paralisação pelas reformas” ocorre porque sua direção avalia que
“o governo Dilma assustado com as mobilizações dos jovens tentou tomar
iniciativa política com a proposta de Constituinte, do plebiscito e dos 5 temas
de mudança. Mas, em nossa opinião, vem sendo sistematicamente derrotada por sua
própria base parlamentar. A agenda principal agora é lutar por reformas
políticas para a partir da reforma política, abrir a possibilidade das reformas
estruturais, como reforma agrária, prioridade dos recursos públicos para
educação, saúde, transporte público...”. Em resumo, para o MST, devemos ajudar
Dilma mudar os rumos de seu governo...
Entre junho e agosto, o
governo Dilma conseguiu descarregar o ônus do desgaste político nas costas de
Cabral e Alckmin, justamente porque tem o controle das grandes organizações de
massa (CUT, UNE, MST) que se reuniram com Lula para socorrer a presidente. Hoje,
claramente a pauta dos protestos se descola no sentido de tirar o governo do PT
do foco dos protestos. Do ponto de vista das reivindicações dos trabalhadores,
a burocracia sindical conseguiu “esfriar” o clima das mobilizações espontâneas
e deve seguir seu calendário ordinário de campanhas salariais economicistas e
corporativas, marcadas por greves pontuais ordeiras e pacíficas. A entrada
organizada do movimento operário nas mobilizações poderia alterar o panorama
político do país, mas as paralisações do dia 11/07 ficaram limitadas a setores
parciais da produção e serviços essenciais, em função da orientação
ultraburocrática das centrais sindicais governistas. A nova convocatória para
um dia de “luta” no final de agosto vem seguindo o mesmo “script”, servindo de
fato como uma alavanca para o início das campanhas salariais de setembro. A
ausência de uma direção proletária e genuinamente de esquerda nas mobilizações
contribuíram em muito para “diluir” a construção nacional de uma pauta
progressista, livre da influência dos segmentos direitistas que introduziram
bandeiras reacionárias nos protestos. Neste caso do mais puro “distracionismo”
sindical os governistas contaram com o apoio incondicional do PSOL e PSTU, que
logo trocaram o “Fora Dilma” mal ensaiado pelos revisionistas nos protestos,
por um assento junto a “mesa de negociação” do governo federal, de olho é claro
nas generosas verbas estatais para a CONLUTAS e INTERSINDICAL. Seguindo a
trilha “do que deu certo”, as centrais sindicais chapa branca em parceria com o
PSTU convocaram outro dia nacional de (pouca) luta, desta vez para uma
sexta-feira no final do mês de agosto... Mas mesmo limitado às manobras da
burocracia sindical, o movimento operário e camponês demonstrou disposição de
sair às ruas e disputar a hegemonia das “jornadas” com a pequena burguesia
reacionária e a esquerda reformista, para isto se faz necessária a construção
de uma genuína alternativa comunista e revolucionária que aponte na direção na
demolição completa do regime capitalista semicolonial e não em um simples
“desgaste eleitoral” da gerência frente populista de plantão.
De forma hilária, para justamente encobrir seu papel de sabotador da radicalização dos protestos, o PSTU faz a análise de que “A CUT não pode evitar a greve do dia 11 de julho, nem que essa mobilização se chocasse com o governo Dilma. A ofensiva das massas vai destruindo a hegemonia de 30 anos do PT e da CUT entre os trabalhadores. Não está completa essa ruptura, mas se iniciou um processo histórico. Esse processo também está em curso na juventude trabalhadora. Não parece haver ainda uma ruptura majoritária com o governo Dilma nem com o PT na classe operária, mas, aparentemente, existe uma forte crise com o governo de um amplo setor. Uma alternativa também não se viabilizou ainda por causa do medo da direita. Pode ser que essa crise avance até uma ruptura, ou pode ser que haja uma recomposição do governo. Isso poderia ocorrer caso vingasse o projeto Lula em 2014. Caso acabe a hegemonia reformista do PT e da CUT, existe a possibilidade de massificação de alternativas, como a CSP-Conlutas e a ANEL” (site PSTU, 08/08). Ocorre justamente o contrário! A frente popular vem lentamente retomando sua iniciativa política com a ajuda providencial da CUT e lastreada pela divulgação de inflação em baixa e redução da cesta básica, a direita tradicional está se desgastando profundamente nas últimas semanas e o PIG claramente aposta na oposição conservadora “reciclada” (Marina Silva) para enfrentar o PT em 2014, apesar dela ter fragilíssima base partidária! Não estamos vendo nenhuma “ruptura à esquerda” com a frente popular, mas o crescimento de uma direita não tradicional anticomunista, como o Anonymous, que espera no 7 de setembro reverter o processo de recomposição da frente popular com grandes manifestações “cívicas” contra o governo Dilma apoiadas pela mídia “murdochiana”.
Frente a esta dramática
realidade, onde pipocam pelo país ocupações de Câmara de Vereadores (como em
Campinas, Recife, Rio de Janeiro, Niterói e Porto Alegre), lutas atomizadas com certo grau de radicalização, ou
seja, começam molecularmente a ocorrer combates pela via da ação direta e por
fora dos grandes aparatos sindicais, reafirmamos que continua na ordem do dia a
necessidade da preparação de uma greve geral “pra valer”, organizada pela base
em cada local de trabalho e paralisando a produção do país e os serviços
essenciais inicialmente por 48 horas. Apesar do “dia nacional de luta” de 30/08
estar planejado para ser mais um capítulo do “lobby de massas” midiático
carente de uma perspectiva classista de combate direto aos patrões, a direita e
ao governo do PT, devemos aproveitar este momento para desmascarar o caráter
distracionista desta atividade e propor a realização desde já de assembleias
das campanhas salariais para a preparação de uma paralisação de verdade das
categorias mais importantes do país (metalúrgicos, bancários, correios,
rodoviários, metroviários, comerciários...). Ao sair à luta, os trabalhadores e,
particularmente, sua vanguarda classista precisam tirar as lições programáticas
da polarizada conjuntura política por que atravessamos, tendo como objetivo de
construir uma alternativa socialista, operária e popular, tarefa que não passa
pelo circo eleitoral de 2014, já que ele está voltado justamente a dar um
fôlego ao apodrecido regime político burguês e suas instituições senis!