Nova alta da Selic:
Dilma pretende dar garantias ao mercado mirando 2014
Por unanimidade o COPOM
acaba de definir a quarta elevação consecutiva na taxa básica de juros, a
SELIC. A alta de 0,5% colocou a remuneração da SELIC em um patamar muito
próximo à casa de dois dígitos percentuais (passando para 9%), apontando que o
viés de alta deve permanecer até meados de 2014. Para o final da cadeia de
crédito na rede bancária os juros reais devem atingir a marca de pelo menos 34%
ao ano para pequenas empresas e pessoas físicas. No topo da cadeia, os
rentistas comemoram mais alguns bilhões de Reais no rendimento de seus títulos
muito bem remunerados pelo Tesouro Nacional. Com esta nova taxa de juros os
rendimentos da Caderneta de Poupança voltam a adotar os critérios anteriores de
remuneração, bem mais atraentes, o que deverá manter em níveis aquecidos a
captação de reservas monetárias nacionais pelo sistema financeiro. Por outro
lado, deverá acontecer uma redução do consumo, pressionando ainda mais para
baixo a previsão de crescimento do PIB para 2014. Mas o governo neoliberal do
PT parece mesmo estar mais preocupado em sinalizar confiança e lealdade aos
rentistas do cassino financeiro do que estimular melhores índices econômicos
para o país. Nesta direção, Dilma tenta abafar o “descontentamento” dos
banqueiros com a tímida política anterior de uma leve redução nas taxas de
juros, praticada fundamentalmente pelos bancos estatais. Com a candidatura da
eco-imperialista Marina Silva colada em seu calcanhar, bancada no Brasil pela
família Setúbal proprietária do ITAÚ, Dilma se movimenta para “rachar” a
direção da FENABAN e assegurar o importante apoio do Bradesco para sua
reeleição.
Para a “opinião pública”
a equipe econômica palaciana tenta justificar a alta nos juros como uma medida
necessária diante da pressão inflacionária provocada pela disparada do Dólar.
Um verdadeiro engodo, já que é o próprio governo o principal indutor da
desvalorização do Real, no sentido de potencializar as exportações de commodities
para o mercado mundial. Diante do esgotamento dos instrumentos da política monetarista,
o governo lança mão da “queima” das reservas cambiais como fator de “equilíbrio”
econômico, acumulando uma enorme dívida interna (com a alta dos juros) e
praticamente inviabilizando a produção industrial no país.
Os marxistas revolucionários
não se encontram dentre aqueles que fazem o bloco do coro pelos “juros baixos”,
como a esquerda reformista e a FIESP, por exemplo. Não acreditamos que a
ausência de um projeto nacional de desenvolvimento independente pode ser
substituída pela política de juros “subsidiados” para a burguesia nacional.
Defendemos que a ruptura definitiva com os rentistas internacionais deve
acontecer pela via da estatização do sistema financeiro e o cancelamento
integral da fraudulenta dívida interna e externa. A adoção de juros negativos
voltada aos pequenos produtores rurais e urbanos nada tem a ver com o estimulo
ao “crédito mais barato”, impulsionado temporariamente pelo governo Dilma ao
longo do ano passado.
O “esforço” de
demonstrar ao mercado financeiro que a gerência petista entra novamente no
ciclo ditado por Wall Street é a consequência direta dos compromissos assumidos
por Dilma com o imperialismo ianque. A Frente Popular se prepara para sua
quarta gestão estatal consecutiva, quase que uma “anomalia” para os padrões do “revezamento
democrático” tradicionalmente adotado pelos regimes capitalistas ocidentais. É “natural”
que os próximos passos estatais do PT sigam para uma profunda inflexão à
direita, afinal o programa deste partido “social democrata” defende o principio
“sagrado” da democracia dos ricos e a apologia da propriedade privada dos meios
de produção. O movimento operário deve se preparar para enfrentar a agressiva
ofensiva patronal conduzida pelo governo Dilma, que no marco da relativa “estabilização”
econômica brasileira, se comparada aos países europeus, poderá produzir a
subtração de conquistas sociais e o estabelecimento de uma “agenda” ainda mais
neoliberal.