sexta-feira, 9 de agosto de 2013



Abaixo a brutal repressão dos governos “socialistas” de Cid Gomes e Roberto Cláudio aos manifestantes que defendem Parque Ecológico do Cocó em Fortaleza

Em uma verdadeira operação de guerra articulada pelo governador Cid Gomes e executada pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, ambos do PSB, que empregou mais de 300 homens armados (Grupo de Operações Especiais da Guarda Municipal, tropa de choque da PM e Gate), manifestantes que estavam acampados no Parque do Cocó desde o dia 12 de julho, uma área verde e de mangue incrustada na cidade como zona de preservação ambiental, foram expulsos com extrema violência por parte do aparato repressivo do estado no último dia 8. O prefeito da capital cearense, obedecendo determinações de seu chefe Cid, quem visitou o acampamento três dias antes para parecer um “negociador simpático” perante a população, colocou em marcha a guarda municipal para atacar e expulsar os ativistas que protestavam contra a destruição do Parque do Cocó em decorrência de obras destinada à construção de viadutos na região. Assim, na calada da noite, as quatro horas da manhã, sem respeitar sequer as próprias leis burguesas de ter um “mandato” ou pedido de “reintegração de posse”, a guarda municipal e a tropa de choque invadiram o acampamento enquanto todos dormiam, utilizando gás pimenta, bombas de efeito moral, pistolas “taser” e tiros com balas de borracha (ver o vídeo). Vários ativistas foram perseguidos mesmo fora do acampamento resultando em inúmeros feridos e muitos foram presos. Os policiais, para aterrorizar, não apenas “desalojaram” os manifestantes, como também saquearam todos os seus pertences pessoais (barracas, roupas, celulares, computadores...). A repressão se estendeu durante quase todo o dia. O “plano de mobilidade urbana” da oligarquia Ferreira Gomes não está voltado para beneficiar a cidade como querem fazer crer estado e prefeitura; ao contrário, está a serviço dos grandes negócios imobiliários que querem tomar de assalto o já degradado parque e também faz parte das “dívidas de campanha” contraídas durante o período eleitoral junto às grandes empreiteiras que parasitam e dividem entre si o botim do Estado capitalista através das grandes “obras públicas”.

O Parque do Cocó é uma região onde a especulação imobiliária vem destruindo gradativamente a área verde. A construção do Shopping Iguatemi (do “coronel” ex-governador Tasso Jereissati) em 1982, por exemplo, promoveu um verdadeiro “rasgo” mata adentro, aterrou lagoas periféricas e boa parte do mangue, tudo de forma completamente ilegal amplamente avalizado pela justiça burguesa. Após a construção deste shopping, o bairro no qual ele se situa passa a ser a menina dos olhos do grande capital cearense: construtoras e imobiliárias fazem de tudo para penetrar com condomínios de luxo e “grandes empreendimentos” nesta área de preservação ambiental. Hoje, a situação parece muito similar, uma vez que a derrubada de parte da mata nativa está sendo contestada na “justiça” federal, mas mesmo assim a prefeitura leva a cabo seu projeto que, aliás, foi aprovado durante a gestão da prefeita petista Luizianne Lins, que convivia até pouco tempo atrás em harmonia com a oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes!

Não se trata apenas da luta contra a derrubada de algumas centenas de árvores (como também não foram os “vinte centavos” que detonaram as manifestações de massa de junho), mas de como os revolucionários devem encarar a questão da ecologia nos grandes centros urbanos e os desmandos da classe dominante. Os já “estrangulados” parques e áreas verdes das grandes cidades são a expressão mais acabada do caráter predatório dos grandes capitalistas, a quem não interessa o bem-estar da população, ou seja, trata-se também de uma questão de classe: a dos grandes proprietários dos meios de produção que não tem o menor escrúpulo para destruir tudo a sua volta e a maioria da população pobre, a qual muitas vezes é expulsa de suas próprias moradias pressionada pela especulação imobiliária, sendo obrigada a morar em áreas de risco (ribeirões, favelas, morros etc.). Logo, a luta consequente contra a depredação do meio ambiente e a exploração capitalista só pode se dar com a entrada em cena do proletariado, caso contrário ficará preso aos limites da legalidade burguesa como fazem os “ecossocialistas”, tal como afirma o vereador João Alfredo (PSOL-Ce) que Roberto Cláudio “Rasgou o Plano Diretor e atropelou o Estatuto da Cidade” ou atuam centrados apenas às questões ecológicas despregadas da realidade da luta de classes, como prega o grupo Crítica Radical sob a direção de Rosa da Fonseca. Apesar de nossa irrestrita solidariedade aos companheiros quem estão acampados no Cocó desde o início da luta, nós da LBI que estivemos várias vezes no local e apoiamos o movimento compreendemos que estes setores tendem substituir a luta de classes e a necessidade histórica do socialismo pela questão ambiental, chagando ao ponto de afirmarem que o proletariado está “superado” como vanguarda política da revolução socialista. Desta forma, há espaço para que o governo da oligarquia “socialista” “desdenhe” a luta em defesa do Cocó, quando Cid cinicamente declarou sobre a ocupação: “é muito próximo de zero na preocupação da população... Se você pega um monte de maluco para fazer... [merda]” (O Povo, 9/8). Para a burguesia, áreas de preservação ambiental são um “empecilho” à expansão de seus lucros e ao capitalismo que explora e oprime. O grito dos militantes e ativistas deve ser abaixo a repressão dos governos Cid Gomes/Roberto Cláudio, fortalecimento do acampamento, chamando a solidariedade do movimento operário e popular, já que neste exato momento várias desocupação de terrenos ocupados por sem-tetos estão sendo alvo também da repressão de Cid e seu filhote, Roberto Cláudio.

Os marxistas revolucionários de modo algum se opõem a que o Homem interfira na Natureza em seu benefício, mas sim à forma irracional e predatória que o capitalismo impõe, já que os recursos da biosfera são limitados. É impossível haver qualquer preservação do meio-ambiente sob o tacão dos grandes monopólios transnacionais, do latifúndio, já que o capitalismo leva à barbárie e às guerras de espoliação gerando as forças destrutivas do planeta. Assim, o desenvolvimento de que necessita a Humanidade e a defesa das reservas naturais só poderá ser levado a cabo com a edificação de um novo modo de produção, por meio da ação consciente e revolucionária do proletariado mundial, urbano e rural, e seus aliados históricos como o campesinato pobre, balizados estrategicamente pelo programa da revolução socialista e a destruição do capitalismo.