quinta-feira, 1 de agosto de 2013


Organizar a campanha salarial dos bancários como alavanca para a construção da Greve Geral unificando todas as categorias em luta!

Os bancários têm data-base em setembro e já iniciaram sua campanha salarial com a realização de encontros e conferências regionais que culminaram na aprovação da pauta de reivindicações, ocorrida na 15ª Conferência da Contraf-CUT, nos dias 19 a 21/07. As reivindicações foram entregues aos banqueiros (FENABAN) no dia 30/07 e têm como eixo um reajuste salarial de 11,93% (reposição da inflação projetada de 6,6% mais um aumento real de 5%), piso de R$ 2.860,21, PLR de três salários e parcela adicional de R$ 5.553,15 etc. Além dessa modesta pauta, aprovaram a surrada e repudiada estratégia da Mesa “única” da Fenaban para evitar um enfrentamento direto dos bancários de bancos públicos com o governo Dilma, escondendo-o atrás da Fenaban. Longe de seguir este curso corporativista imposto pela Contraf-CUT, os ativistas classistas devem utilizar a campanha salarial dos bancários como alavanca da construção da Greve Geral de todas as categorias em luta, unificando metalúrgicos, trabalhadores dos correios, petroleiros e químicos em um combate de classe contra o conjunto do fatigado regime burguês, os patrões e o governo Dilma.

A burocracia chapa branca da CUT-CTB faz parecer que esta pauta de reivindicações, completamente rebaixada e contrária às reais necessidades da categoria, é produto de um amplo e democrático processo (consultas, assembleias, encontros, conferências regionais) quando, na verdade, tais eventos não passam de uma farsa antidemocrática, montada todo ano para produzir uma maioria artificial nesses eventos, aniquilando a vontade e a participação real da base, completamente ausente desse processo. Cada instância dessas é responsável por filtrar politicamente aqueles que são da confiança da burocracia para serem “eleitos”, por mecanismos antidemocráticos (eleição indireta, delegados biônicos - não eleitos na base, falta de proporcionalidade direta nas disputas entre chapas etc.) à Conferência Nacional da Contraf e aos congressos nacionais do BB, CEF e BNB que cumprem o script de um calendário burocrático já conhecido da categoria. Não é demais recordar que o governo Dilma, legítimo representante do capital financeiro e do agronegócio, continua a presentear os banqueiros com altas taxas de juros que propiciam lucros absurdos, incrementado pelo arrocho salarial, demissões, assédio moral, terceirização, aumento de correspondentes bancários, extrapolação da jornada de trabalho, privatizações, além da exploração da população com tarifas escorchantes.

Como se vê, as mobilizações espontâneas das jornadas de junho, cuja característica fundamental foi a ausência de uma direção classista e da intervenção organizada do movimento operário e sindical, não conseguiram reproduzir ainda nenhum desdobramento no campo sindical, que indicasse uma revolta das bases contra seus algozes nas diversas categorias que têm campanhas salariais nesse segundo semestre: correios, metalúrgicos, petroleiros, bancários etc. Por isso, esses trabalhadores continuam paralisados por suas direções “chapa-branca” e reformistas que limitam suas lutas apenas às reivindicações de cunho economicista e corporativa, sem qualquer perspectiva estratégica de classe de disputa pelo poder. Seguem com um sindicalismo de resultados pífios.

Por outro lado, a esquerda reformista limita-se a implorar por “mudanças na política econômica” com o intuito de apenas capitalizar e canalizar o desgaste do governo para o terreno eleitoral, onde busca uma “boquinha” no Parlamento. O MNOB/CSP-Conlutas/PSTU adota uma política oportunista, inclusive, chegando ao cúmulo de unificar atividades, de caráter midiático, com a burocracia governista, chamando atos conjuntos com a CUT/Força Sindical/CTB/UGT, como foi o dia 11/07 (Dia Nacional de Luta). Não por acaso, prometem desviar a disposição de luta dos trabalhadores para outro dia de paralisação, previsto para o próximo dia 30/08, em tese para fortalecer as campanhas salariais do segundo semestre, mas que de fato está a serviço de limitar o potencial de luta nos estreitos marcos da institucionalidade burguesa e da luta economicista. Tais iniciativas não passam de uma caricatura de mobilização. Tanto a burocracia de direita como a de esquerda abortam qualquer perspectiva de luta independente e, cada uma a seu modo, submete os trabalhadores a uma camisa de força.

É preciso, portanto, que os trabalhadores entrem em cena como protagonistas das lutas, resgatando seus métodos de ação direta e empunhando suas bandeiras históricas: reposição integral das perdas salariais, escala móvel de salários, estatização do sistema financeiro, sob controle dos trabalhadores, reversão das privatizações, estabilidade no emprego, jornada de 6 horas, isonomia de tratamento, pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial, luta contra a ofensiva imperialista contra os povos e a recolonização nacional, oposição de classe ao governo Dilma, por um governo operário e camponês, pelo socialismo etc. Afinal, nenhuma atividade meramente espontânea como foram as últimas mobilizações de junho, nem uma atividade imediata, a exemplo do sindicalismo de resultados com suas campanhas salariais ou dias nacionais (sem) luta podem por si só gerar alguma consciência de classe, de caráter socialista, nos trabalhadores, porque ela jamais será produto da atividade instintiva da classe trabalhadora, ainda mais se considerarmos o caráter domesticado de suas direções.

Particularmente nos bancários, a oposição domesticada do MNOB/CSP-Conlutas chega a defender a divisão da categoria com a proposta de fortalecimento das mesas de negociação específicas por banco e assembleias separadas. Tal política de privilegiar as mesas específicas de bancos públicos acaba por incentivar o corporativismo e ajuda a burocracia a derrotar nossas greves pelo efeito dominó. Nós da Tendência Revolucionária Sindical (TRS) que impulsionamos o Movimento de Oposição Bancária (MOB-Ce) defendemos uma campanha unificada pela base, impulsionada pelos bancos públicos, setor de vanguarda e de maior grau de organização. Por isso, a necessidade de uma mesa única de bancos públicos para obrigar o governo Dilma a negociar o índice de reajuste salarial para todos, impedindo a velha tática de conceder propostas diferenciadas por banco, jogando os trabalhadores uns contra os outros. Devemos exigir uma campanha verdadeiramente unitária do começo ao fim, com assembleias unificadas e total controle da base sobre os rumos da mobilização, eleição de comando de base, realização de Encontro Nacional de base, aberto e massivo, para aprovar nossa pauta de reivindicações, retirando das mãos da Contraf o monopólio dessa decisão para colocá-la sobre os ombros de quem realmente conduz a greve, os bancários de base. Só com uma política classista é que os bancários poderão evoluir no processo de estruturação política e organizativa de um polo de oposição alternativo de direção classista fazendo da campanha salarial dos bancários/2013 uma alavanca de construção da Greve Geral de todas as categorias em luta, unificando metalúrgicos, trabalhadores dos correios, petroleiros e químicos em uma luta contra o conjunto do fatigado regime burguês!

MOB - Movimento de Oposição Bancária(CE)