quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Em defesa dos “Black Blocs”! Abaixo o pacifismo pequeno-burguês dos revisionistas pró-OTAN!

Em meio às diversas passeatas e marchas que sacodem o país desde junho ganhou destaque a presença de jovens encapuzados, geralmente vestidos de preto, os chamados “Black Blocs” (Bloco Negro). Em geral eles se colocam a frente das manifestações e junto com os setores classistas e mais avançados do movimento de massas enfrentam a repressão policial, conformando uma espécie de “milícia de autodefesa” em meio aos protestos populares. Muitas vezes destroem bancos e símbolos de ostentação do capitalismo. A mídia burguesa, tão logo viu nos “Black Blocs” o centro de uma resistência minimamente organizada aos ataques policiais e o questionamento à sacrossanta propriedade privada, acusou-os de “vândalos” e tentou isolá-los, insuflando nas manifestações o brado de “sem violência” para assim colocar a maioria dos manifestantes contra os “mascarados de preto”. Que os porta-vozes da reação como a Globo e a Veja tenham essa conduta venal não há nada a estranhar, afinal de contas representam os interesses do grande capital, mas que um partido que se reivindica “revolucionário” como o PSTU se some a esse coro arquirreacionário é uma conduta escandalosa que deve ser repudiada energicamente pelo conjunto do ativismo classista. Desde a LBI nos colocamos publicamente em defesa dos “Black Blocs” diante dos virulentos ataques direitistas do PSTU, que de forma abominável os acusam de “provocar a violência policial”. Como leninistas dizemos claramente que tais “críticas”, próprias do mais arraigado pacifismo pequeno-burguês, não fazem parte da tradição do marxismo revolucionário. Como genuínos trotskistas, mesmo se delimitando com o limitado programa anarquista dos “Black Blocs”, jamais condenamos suas ações quando voltadas a atacar o Estado burguês, pelo contrário, na medida de nossas forças militantes sempre estivemos em “frente única” com estes companheiros para responder aos ataques policiais e questionar a ordem capitalista no vivo campo de batalha. Nossa crítica Leninista a este setor anarquista sempre partirá do mesmo campo da batalha e nunca para justificar a repressão estatal, como se esta necessitasse dos desvios “ultra-esquerdistas” dos “Black Blocs” para atacar o conjunto do movimento de massas. O Leninismo delimitou-se historicamente do anarquismo sempre pela esquerda e nunca denunciando os métodos da conspiração e clandestinidade na organização de ações, próprios do Partido Bolchevique. Também não passa de uma grosseira falsificação do Trotsquismo a tese Morenista (na verdade um misto de espontaneísmo sindical e oportunismo) de que somente as “massas” poderiam radicalizar ações contra o Estado burguês, negando a possibilidade de destacamentos avançados da classe preparem ações como sabotagem e ataques militares contra “símbolos” do capitalismo. Trotsky comentando a conduta terrorista de um jovem anarquista, Grynszpan, que atacou uma embaixada nazista, afirmou o seguinte: “Todas nossas emoções, nossa simpatia estão com os vingadores sacrificados, ainda que eles são incapazes de descobrir o caminho correto.” (Em defesa de Grynszpan, L. Trotsky).

As acusações caluniosas do PSTU contra os “Black Blocs” jogam água no moinho da reação burguesa e ajudam na perseguição política e repressiva aos companheiros simplesmente porque parte de uma crítica própria do pacifismo pequeno-burguês que sempre busca isolar as ações mais radicalizadas das massas e de seus setores de vanguarda, condenando-as como “métodos que não constroem o movimento” simplesmente porque não estão ancoradas nos acordos podres que a Conlutas faz com a CUT e as demais centrais “chapa branca” para impor marchas “ordeiras e pacíficas” e atos de lobby ao parlamento burguês. É a conduta do PSTU que ajuda a repressão policial e não o contrário! Sua “delimitação” não tem nada de progressista porque acaba jogando os trabalhadores e a população em geral contra os setores mais radicalizados que se lançam contra o aparato de repressão e atacam as instituições burguesas assim como os símbolos do grande capital! Segundo o PSTU, os Black Blocs “Entram nas passeatas e, sem que tenha havido qualquer deliberação por parte dos manifestantes ou dos grupos que organizaram o protesto, atacam de forma provocativa a polícia, que reage, sistematicamente, reprimindo e muitas vezes acabando com as mobilizações. Agem como provocadores da repressão policial, tendo sido responsáveis, muitas vezes, por acabar com várias passeatas. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro, nas últimas manifestações pelo ‘Fora Cabral’” (Sítio PSTU, Uma polêmica com os “Black Blocs”, 01/08). Somente os canalhas do PSTU, completamente adaptados à democracia burguesa, poderiam construir o amálgama de acusar combativos manifestantes de “provocadores da repressão policial” quando todo militante honesto sabe que é a polícia que infiltra P2 para tentar “legitimar” suas barbaridades, valendo-se da ajuda da grande mídia para criminalizar os “radicais”. Quem na verdade abandona as manifestações ao menor sinal de enfrentamento policial ou de uma ação mais radicalizada é o PSTU, como vimos várias vezes no Rio de Janeiro, particularmente quando sabotou a manifestação durante a final da Copa das Confederações. Para trair, o PSTU não precisou de “qualquer deliberação por parte dos manifestantes”, simplesmente desertou da luta como covardes políticos! Sobre o argumento de que os “Black Blocs” ou os “radicais esquerdistas” agem como provocadores vejamos o que nos diz Trotsky sobre questão análoga no capítulo intitulado sintomaticamente “A Milícia Operária e seus Adversários” do livro “Aonde Vai a França?”: “Conclamar a organização da milícia é uma ‘provocação’, dizem alguns adversários certamente pouco sérios e pouco honestos. Isto não é um argumento, mas um insulto. Se a necessidade de defender as organizações operárias surge de toda a situação, como é possível não se conclamar a criação de milícias? É possível nos dizer que a criação de milícias ‘provoca’ os ataques dos fascistas e a repressão do governo? Neste caso, trata-se de um argumento absolutamente reacionário. O liberalismo sempre disse aos operários que eles ‘provocam’ a reação, com sua luta de classes. Os reformistas repetiram essa acusação contra os marxistas; os mencheviques contra os bolcheviques. No fim das contas, essas acusações se reduzem a este pensamento profundo: se os oprimidos não se pusessem em movimento, os opressores não seriam obrigados a golpeá-los”.

Para melhor disfarçar sua conduta asquerosa, o PSTU proclama que “Não somos, nem nunca fomos pacifistas. Mas é a violência das massas, e não de um pequeno grupo, que poderá fazer a revolução. As ações desses pequenos grupos facilitam a repressão da polícia contra as massas nas passeatas”. Esta afirmação trata-se apenas de um oco jogo de palavras que não corresponde à realidade, já que as passeatas e atos são manifestações de massas e abrangem amplos setores da vanguarda com várias orientações políticas. O PSTU opta por ficar disciplinado pelas centrais “chapa branca” e o PSOL (que defende a prisão dos “Black Blocs” como declarou o deputado Marcelo Freixo), já a vanguarda combativa e anticapitalista agrupada em várias correntes, organizações políticas, coletivos e militantes como os “Black Blocs” se negam a subordinar-se aos limites impostos pela democracia dos ricos. A LBI, por exemplo, é a favor de construir nas manifestações milícias de autodefesa e não nos opomos a que no curso da luta se ocupem prédios públicos e, muito menos, condenamos que se destruam bancos, estas são ações que expressam o ódio de classe contra o capitalismo. A grande batalha a ser travada é prover essas ações no marco da adoção de um programa revolucionário, mas este debate programático em nada significa condenar as ações dos “Black Blocs”.

Como o ataque político direitista aos “Black Blocs” gerou um amplo repúdio da vanguarda classista, o PSTU foi obrigado para se defender a fazer uma nova polêmica sobre o tema (Sítio PSTU, Uma vez mais, sobre a polêmica com o Black Bloc, 15/08) em que afirma “Como condenamos as ações isoladas de vanguarda, muitos companheiros concluem, erroneamente, que o PSTU teria uma posição passiva em relação às massas. Vamos ficar sentados esperando?, perguntam. Não, respondemos. Somos a favor de que a vanguarda realize ações e atue corajosa e praticamente. Com uma única condição: que cada ação da vanguarda sirva para aproximar as massas do movimento e atraí-las. Nunca afastá-las. A vanguarda combativa e consciente pode e deve atuar: realizar atos, passeatas (mesmo que pequenas!), ir para a porta das fábricas e das escolas convocar e agitar, promover campanhas, divulgar denúncias etc. Mas, tudo isso deve ser feito para se aproximar cada vez mais das massas, captar seus anseios, esclarecer suas confusões, imputar-lhes coragem e confiança em suas próprias forças. O que condenamos, portanto, não são as ações de vanguarda em geral, mas uma ação muito específica: a tentativa, por parte de setores de vanguarda, de substituir as massas naquelas tarefas que só podem ser cumpridas pelas próprias massas”. A escandalosa posição do PSTU não representa a posição clássica do trotskismo, tanto que o velho bolchevique novamente no livro “Aonde Vai a França?” escreve: “Necessitamos de autodefesa de massas e não de milícia, nos dizem frequentemente. Mas, o que é ‘autodefesa de massas’? Sem organização de combate? Sem quadros especializados? Sem armas? Transferir para as massas não-organizadas, não-equipadas, não-preparadas, entregues a si mesmas, a defesa contra o fascismo, seria representar um papel incomparavelmente mais baixo que o de Pôncio Pilatos. Negar o papel da milícia é negar o papel da vanguarda. Nesse caso, para que um partido? Sem o apoio das massas, a milícia não é nada. Mas, sem destacamentos de combate organizados, as massas mais heroicas serão esmagadas, em debandada, pelos grupos fascistas. Opor a milícia à autodefesa é absurdo. A milícia é o órgão da autodefesa”. Na verdade, a política do PSTU tem com base a negação de construir de um partido conspirativo, que organize as massas para a tomada do poder pela via da violência revolucionária, daí preventivamente isolar e atacar dentro do movimento qualquer setor que questione na prática sua estratégia pacifista pequeno-burguesa completamente adaptada ao regime burguês democratizante! O que chama mais atenção é que enquanto os morenistas condenam os “Black Blocs” no Brasil por quebrarem algumas vidraças de bancos, concessionárias de carros e lojas de luxo, quando se trata de apoiar os “rebeldes” mercenários na Síria ou anteriormente na Líbia pedem que o imperialismo lhes forneça armas e apoiam inclusive os bombardeios da OTAN a população civil! Em resumo, quando se trata de uma luta anticapitalista nada de “radicalismo”, porém quando apoiam abertamente forças reacionárias no Oriente Médio estes mesmo revisionistas não veem qualquer problema de pedir que Obama os arme até os dentes!!!

Em sua sanha contra os “Black Blocs” o PSTU recorreu mais uma vez a Valério Arcary para tentar convencer da justeza de sua teses pacifistas obviamente apresentando-as como uma política revolucionária. Condenando a manifestação que ocorreu durante a final da Copa das Confederações ele afirma “se fossem um milhão de pessoas, e não apenas dez mil, querendo impedir a final da Copa das Confederações, daí sim estaríamos na linha de frente...” (Ver Vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=mEiKxNlzOw8). Em resumo, a tese do morenismo é que enquanto a “revolução” ou um período abertamente revolucionário não chega temos sempre que apostar todas as fichas no campo eleitoral e nunca na radicalização das massas e no uso da luta direta radicalizada para atacar as instituições burguesas. Não temos dúvida que esta farsa “teórica” serve também para a Conlutas justificar porque até hoje o Sindicato dos Metalúrgicos de SJC não chamou a ocupação da GM para barrar as milhares de demissões. A ladainha de Valério Arcary não tem nada haver com o trotskismo. Mais uma vez o velho bolchevique demole tal “argumento” no livro “Aonde Vai a França?” : “‘Mas armar os operários não é oportuno, a não ser em uma situação revolucionária, que ainda não existe.’ Este argumento profundo significa que os operários devem se deixar espancar até que a situação se torne revolucionária. A própria questão do armamento só surgiu na prática porque a situação ‘pacífica’, ‘normal’, ‘democrática’, deu lugar a uma situação agitada, crítica, instável, que facilmente pode transformar-se tanto em situação revolucionária quanto contrarrevolucionária. Esta alternativa depende, antes de tudo, da resposta a esta questão: os operários de vanguarda se deixarão espancar, impunemente, uns após outros, ou a cada golpe responderão com dois golpes, aumentando a coragem dos oprimidos e unindo-os ao seu redor? Uma situação revolucionária não cai do céu. É criada com a participação ativa da classe revolucionária e do seu partido”. Como vemos o debate sobre o “Black Blocs” é bem mais profundo, ele está ligado à estratégia do movimento de massas para derrotar a burguesia e a necessidade da construção de um partido leninista conspirativo com influência de massas para tomar o poder e impor a Ditadura do Proletariado contra a antiga classe dominante. Enquanto o PSTU alimenta o pacifismo pequeno-burguês para tentar capitalizar no campo eleitoral o descontentamento popular, os genuínos trotskistas apoiam todas ações que ajudam a avançar na consciência de classe e na denúncia da democracia burguesa, travando um debate desde a trincheira de luta acerca de quais são os melhores caminhos a seguir no combate de classe pela liquidação do modo de produção capitalista.