quarta-feira, 21 de agosto de 2013


Barbosa o herói furioso do PIG, acalentado pelas oposições tucana e de “esquerda”

Recomeça hoje, quarta ( 21/08), as seções do plenário do STF para julgar os pedidos de recursos jurídicos (embargos) dos envolvidos no chamado esquema do “mensalão”. Na semana passada a Globo News transmitiu ao vivo para todo o país a primeira seção do STF sobre os recursos, com direito a um “show” particular do presidente Joaquim Barbosa, que devidamente “focado” pelas câmeras descarregou sua ira neoliberal contra seu colega de corte, o ministro Lewandowski. A polêmica entre os ministros do STF teve como pano de fundo o ritmo que Barbosa quer imprimir na Casa para rejeitar sumariamente todos os recursos impetrados pelos réus na ação penal 470. Amparado pelo circo da mídia “murdochiana” Barbosa quer promover sua imagem de carrasco impiedoso contra os dirigentes históricos do PT, responsáveis, segundo o novo “capitão do mato”, por toda a corrupção existente no país. A operação política montada pelo PIG em conluio com a maioria do STF e a PGR, em torno do espetaculoso julgamento do “mensalão”, tinha por objetivo depurar o PT de qualquer vestígio de ligação com o movimento de massas, atacando a liberdade constitucional de lideranças da esquerda reformista. Passa bem longe das intenções do STF “caçar” os verdadeiros corruptos que liquidaram o patrimônio estatal deste país ou mesmo “intimidar” as oligarquias regionais que se refestelam com os “gordurosos” caixas dos governos estaduais, como o Tucanato paulista, por exemplo. Com o desfecho da ação penal 470, a burguesia e sua corte “privada” colocaram na defensiva a corrente “Articulação” e o próprio Lula, deixando o caminho livre para os neomonetaristas do PT (Dilma e sua anturragem) tomarem conta do partido e assegurarem a indicação da reeleição da “gerentona” neoliberal. No curso deste processo, não por coincidência, o governo Dilma adota um rumo ainda mais à direita na política econômica, retomando as privatizações, aumentando a taxa SELIC e provocando um déficit histórico (interrompendo uma sequência de dez anos) em nossa balança comercial. Mas se os aplausos do Tucanato e da mídia canalha para os “surtos” de ódio de classe do “Barbosão” (que acaba de “comprar” um apartamento em Miami Beach) não causam surpresa à militância de esquerda, muito nos surpreende o fascínio que este reacionário desperta entre os revisionistas do PSTU e PSOL.

A denúncia da farsa do julgamento do “mensalão” e do próprio caráter de classe (burguês) da corte suprema deste país, nada tem a ver com a defesa política do PT, ao longo não só dos dez anos de governo, mas desde sua própria existência de mais de trinta anos. O PT desde sua gênese nunca foi um autêntico partido operário, e nem de longe flertou com o programa revolucionário, sua conduta a frente do Estado capitalista não significou uma “ruptura” com suas origens, ao contrário revelou uma evolução consequente de uma organização política reformista com grande influência no movimento de massas. As “reformas” que o governo do PT implementou em suas três gestões estatais não tiveram um caráter estrutural do ponto de vista das relações de produção, limitando-se a “manobras” neoliberais dentro de um realojamento da divisão internacional do mercado e da força de trabalho. Em resumo, o “neodesenvolvimentismo” alardeado pela gerência PT não passa de uma política estatal capitalista de fomentar crédito (lastreado no fluxo financeiro mundial atraído pelo mercado brasileiro) e ampliar os programas sociais já existentes, muitos dos quais lançados na “era” FHC.

Mas, se o “projeto de poder” do PT não tem nada de “socialista” e nem sequer arranha um nacionalismo burguês mais “radical” (como o Chavismo, por exemplo), isto não significa que os marxistas revolucionários se perfilem ao lado da reação e seus organismos de classe (STF, PIG, seitas religiosas) para combater o tímido “reformismo” petista. O cretino objetivo de tirar dividendos eleitorais com o “carnaval” midiático do “mensalão”, aposta no retrocesso da consciência de classe do proletariado, fazendo supor que a corrupção estatal pode ser eliminada pelas instituições mais corruptas deste país. Se é certo que os dirigentes do PT negociavam “comissões” de grandes empresas para o caixa do partido, também é correto afirmar que todas as instâncias desta república capitalista praticam este mesmo “esporte”, a começar pelo próprio STF! A corrupção é inerente ao regime capitalista e só poderá ser extirpada completamente com o método da revolução socialista e a instauração da ditadura do proletariado.

Enquanto as oligarquias tradicionais se banqueteiam com o saque do botim estatal, os dirigentes petistas serão condenados de forma inédita pela justiça burguesa pelas cobranças de “comissões” que sequer movimentaram volumosos recursos, não chegariam nem a 1% do escândalo do “propinoduto” do metrô paulista ou da sonegação fiscal do banco ITAÚ. Na verdade, a condenação exemplar para os “mensaleiros” está destinada a ameaçar o conjunto das lideranças de esquerda que ascendendo ao estado burguês continuam a manter vínculos orgânicos com o movimento operário. É neste ponto que a burguesia não tolera que um “ministro de estado” ou mesmo um presidente da república continue a estabelecer uma forte influência política sobre o movimento social organizado. Nesta via institucional Dilma segue a “receita” do staff capitalista e corta qualquer ligação mais direta entre seu governo e as organizações sindicais e populares.


Para os revisionistas da “oposição de esquerda” o que mais interessa neste momento é chegar ao parlamento burguês, nem que para isso peguem a carona do PIG passando a alentar a sinistra figura do “herói nacional”, caçador de “corruptos”, seletivamente no interior do PT. A feroz disputa no seio do STF deve se estender até as próximas eleições presidenciais, Barbosa é uma carta na manga de setores da burguesia para derrotar o PT, seja como vice na chapa de Marina ou mesmo alçando um voo solo. Dilma, que também “alimentou o monstro”, ainda espera ser poupada pela cólera do “vingador”, mas em tempos de total ofensiva imperialista nenhum reformista está seguro...