segunda-feira, 26 de agosto de 2013


“Operação 7 de setembro”: Anonymous, neonazistas e PIG organizam manifestação patrioteira reacionária para desmoralizar o governo Dilma

Três meses depois das denominadas “jornadas de junho”, quando multidões saíram às ruas para protestar em todo o país, que pela ausência da intervenção organizada do movimento operário com suas próprias reivindicações classistas abriu espaço tanto para demandas direitistas (contra a PEC 37, prisão dos “mensaleiros” do PT) como para manobras distracionistas por parte das centrais “chapa branca”, vem se conformando uma ampla frente política em torno da convocação de manifestações no dia 07 de Setembro, cuja pauta tem um caráter abertamente reacionário, apesar de estar camuflada em torno do ponto central de “Abaixo a corrupção no Brasil”. Grupos como o Anonymous, bandos neonazistas e o PIG, que tiveram relativo sucesso em pautar o final das manifestações de junho de um sentimento patrioteiro e anticomunista, articulam uma “grande manifestação” nas capitais do país para o Dia da Independência, cujo eixo central na verdade é o desgaste do governo da frente popular, visando claramente atacar o PT para fortalecer em 2014 a oposição conservadora (PSDB) e a “nova” direita (Marina). No lastro da sanha contra a gestão petista e seus aliados, atacam tudo que simboliza a “esquerda”! Os acólitos deste setor pregam através da internet em várias páginas do facebook e diariamente pela boca dos comentarias da Rede Globo, como Merval Pereira, que este ato de protesto será apartidário e patriótico, já que representa a vontade “autônoma da cidadania por um Brasil melhor”. Esta tese como se observa não se sustenta nem por um segundo sequer!

Diante desta realidade desintegra-se por completo a tentativa deste espectro político direitista em apresentar a “Operação 7 de Setembro” como uma manifestação popular espontânea. Puro engodo. Toda a articulação política parte de uma confluência entre o grupo Anonymous, que dá uma cobertura “progressista” ao chamado à manifestação, com a ONG criada pela família do não menos asqueroso Jair Bolsonaro (PP-RJ) e de um “cyber-ativista” tucano, Ari Cristiano Nogueira, conhecido funcionário fantasma da Assembleia Legislativa do Paraná, ligado ao deputado Valdir Rossoni (PSDB-PR), ambos enfrentam processos na justiça por corrupção ativa. Estas espinhosas figuras têm como aliado útil um agrupamento estranho ao proletariado, o “Anonymous” que em seu site lança seu manifesto: “O objetivo da operação, é protestar contra a corrupção no Brasil e reverter esse quadro de impunidade que faz com que os politicos sujos continuem a abusar do poder que têm. Então se você tem esse sentimento dentro do peito, façamos o real DIA da independencia no BRASIL!. Lembrando, que esse manifesto é totalmente APARTIDÁRIO e PACÍFICO. Levantar bandeiras de ideologias individuais será considerado um ato de desrespeito às pessoas que lá estão lutando por objetivos comuns”. Enquanto o Anonymous levanta sua pauta “moralizadora”, a extrema-direita aproveita para inflar a “operação” com o objetivo de atingir o governo Dilma, tendo como principais motes “Eu não voto em Dilma”, “eleição 2014 Brasil sem PT”, “fora os comunistas do governo”, “fora Dilma” e até mesmo “intervenção militar já!”, com alguns bandos fascistas exaltando quase que de forma doentia símbolos das FFAA espalhados pelo “Facebook”. Esta é a verdadeira frente política que tenta vender a falsa ideia de organizar o “maior protesto da história do Brasil”.

Ao lado de abjetas figuras fascistóides como verificamos está o “Anonymous”, grupo que não representa as posições clássicas da direita brasileira, mas que em seu cerne programático concentra um ódio de classe contra os partidos e organizações de esquerda, o que lhe confere uma grande simpatia por parte dos setores mais conservadores do capitalismo tupiniquim e atua, portanto, como aliado útil do PIG. Sua atuação remonta desde a fracassada experiência dos “Indignados” e do “Ocuppy” (We are the 99% - “Nós somos os 99%”), que abriram espaço para a ascensão dos partidos de direita nos países em que deram a linha como em Portugal, Espanha... Houve inclusive tentativas de “exportar” tal experiência para o Brasil há alguns anos durante protestos no Dia da Independência, a qual foi tomada por empresários, profissionais liberais e mauricinhos de classe média, configurando-se em manifestações direitistas pela “ética na política” que rejeitam a participação dos partidos de esquerda, mesmo assim a esquerda revisionista, PSOL, LER e PSTU, lambeu como pode este movimento até serem expulsos das passeatas.

A expectativa dos “organizadores” da “Operação 7 de Setembro” é que um milhão e meio de pessoas adiram à campanha que tem como eixos a “prisão dos mensaleiros”, “fim do voto obrigatório” e “reforma tributária”, “fora os petralhas corruptos” e até mesmo “fechamento do Congresso Nacional”. Seus diversos convocantes afirmam que quase 200 protestos já foram confirmados em todo o país. Os revolucionários não devem participar dos protestos programados para este 7 de Setembro, nem apoiar as referidas reivindicações porque elas respondem aos anseios da classe média reacionária. A ausência do proletariado e a falta de uma perspectiva classista nos protestos de junho abriram as porteiras para que os setores mais reacionários e golpistas emergissem no cenário político, insuflados principalmente pelo PIG (Rede Globo, Veja, Folha de S.Paulo...). Agora tentam reeditar o mesmo cenário no 7 de Setembro, o que desde já nos parece que não conseguirão seu intento, justamente porque a frente popular saiu das cordas e aos poucos recompõe sua base política e social de sustentação!

A vanguarda classista e combativa do proletariado não deve manter a menor expectativa política na pauta do “Anonymous”, uma vez que não são nossos aliados “táticos” como defendem os revisionistas do trotskismo, hoje profundamente adaptados a OTAN e suas ações criminosas contra os povos e nações. O caráter reacionário das manifestações programadas para o 7 de Setembro somente confirma nossas caracterizações já realizadas em outras partes do mundo, nas quais manifestações “apartidárias” e sem qualquer perspectiva revolucionária abriram caminho para a ascensão da extrema-direita, ao contrário do que afirmava a LIT e seus satélites, segundo os quais estava aberto o caminho da revolução em uma Europa mergulhada na crise política e econômica. Contudo, esta grande aposta da direita golpista está fadada ao fracasso porque não representa os reais sentimentos das massas exploradas e suas necessidades imediatas (saúde, moradia, educação, transporte público de qualidade). Cabe aos lutadores e ativistas classistas denunciar o caráter fascistizante da “Operação 7 de Setembro” e intervir criticamente nas atividades programadas em torno do “Grito dos Excluídos” cujo tema é “Juventude que ousa lutar constrói o projeto popular”, em defesa de um programa revolucionário para a luta da juventude oprimida e contra este regime de exploração burguesa, balizado por um norte programático que coloque na ordem do dia a perspectiva da revolução proletária, já que não será exigindo pequenas reformas cosméticas no regime político bastardo que nossas reivindicações mais sentidas serão atendidas.