terça-feira, 27 de agosto de 2013



Sob orientação da CIA, Itamaraty comanda operação para resgatar narco-criminoso para o Brasil

Há 15 meses o governo Dilma, por meio do Itamaraty, havia concedido asilo diplomático ao ex-senador boliviano Roger Pinto Molina abrigando-o na embaixada brasileira em La Paz mesmo depois de ele ter sido cassado e condenado por corrupção e assassinato pela justiça de seu país. Roger Pinto Molina é um dos dirigentes da oposição pró-imperialista no estado de Pando e comanda um setor da máfia que controla o tráfico de drogas no país, responsável por vários assassinatos e outros crimes bárbaros. No último domingo, 25 de agosto, com a ajuda do embaixador interino do Brasil na Bolívia, Eduardo Sabóia e com o aval oficioso de Antonio (nada) Patriota, então Ministro das Relações Exteriores, o mafioso conseguiu cruzar a fronteira de seu país em dois carros oficiais da embaixada brasileira escoltado por fuzileiros navais que fazem a segurança do prédio! Já em território brasileiro, na cidade de Corumbá (MS), Roger Pinto Molina embarcou em um moderno jato ao lado de seu “colega” brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e foi recebido em Brasília como herói por uma alinhada claque de plantão. Roger Pinto Molina logo foi apresentado pelo PIG como um perseguido político da “ditadura bolivariana de Evo Morales” e seu resgate foi saudado como uma “vitória da democracia e dos direitos humanos” pelo PSDB e outros asseclas. Cinicamente, o embaixador brasileiro que operou a fuga chegou a dizer que havia resgatado o fascistoide burguês boliviano se inspirando na presidente Dilma, perseguida política da ditadura militar durante os anos de chumbo. Desta forma, colocou um sinal de igual entre Evo e os gorilas brasileiros, forçando Dilma a declarar que a embaixada em La Paz não se compara ao Doi-Codi. Sem sombra de dúvidas, uma operação desta envergadura só poderia ter ocorrido sob orientação direta da CIA. O imperialismo ianque pressionou Patriota primeiro a conceder asilo diplomático mesmo diante dos protestos do governo Evo (que não deu o salvo-conduto para o senador sair do país) e depois para dar seu aval oficioso ao resgate de Roger Pinto Molina, tanto que Sabóia já havia comunicado anteriormente sua intenção ao comando do Itamaraty de libertar o ex-senador criminoso. Patriota, mesmo sabendo da delicadeza do caso, deixou o caminho livre para o resgate ser levado adiante de forma sigilosa e aparentemente sem comunicar o Palácio do Planalto.

Frente aos protestos do governo boliviano que denunciou o ocorrido e criticou a postura do Itamaraty acusando-o de quebra de acordos e convenções internacionais, Dilma foi obrigada a tomar uma decisão: longe de demitir sumariamente Patriota, aceitou seu afastamento do cargo e o “premiou” para o posto de embaixador-chefe do Brasil na ONU! De quebra, também promoveu seu irmão para assumir uma função diplomática importante nas Nações Unidas! Para o cargo de ministro das relações exteriores nomeou o então representante do Brasil na ONU, Luis Figueiredo. Essa “dança das cadeiras” demonstra bem que Patriota tem “costas largas” e agiu ancorado sob orientação direta da CIA, que tem no ex-chanceler um servil funcionário, como podemos comprovar na ausência de reação diante da detenção em Londres de David Miranda ou na passividade completa frente aos escândalos que vieram à tona sobre as bases de monitoramento do NSA em Brasília. A suposta “reação indignada” da presidente Dilma diante do resgate de Roger Pinto Molina não passa de jogo de cena, já que seu governo havia dado asilo diplomático ao narco-criminoso e buscava uma forma negociada com a Bolívia de trazê-lo ao Brasil. Os elementos que comprovam que a operação de resgate foi toda comandada pelo Itamaraty e não apenas uma iniciativa pessoal do embaixador interino Eduardo Sabóia não param por aí. A operação de fuga da Bolívia foi informada aos escalões superiores das Forças Armadas do Brasil e do Ministério da Defesa. Segundo várias fontes da imprensa, os dois fuzileiros navais que foram destacados para a operação de resgate de Roger Pinto Molina para a fronteira, assim como os adidos militares que trabalham na Embaixada do Brasil em La Paz, informaram aos seus superiores hierárquicos no Brasil sobre a movimentação em andamento. A informação chegou ao comando das Forças Armadas. Os adidos, porém, foram orientados a não tomar nenhuma iniciativa em contrário ao sucesso do resgate. Em resumo, todo o cenário aponta para uma operação com a chancela direta do Itamaraty e das FFAA, que agiram livremente diante da postura covarde do governo Dilma aos interesses do império.

A conduta abertamente servil do Itamaraty aos interesses do imperialismo ianque nos últimos acontecimentos demonstra que o governo da frente popular é completamente incapaz de esboçar a mínima conduta soberana frente às exigências da Casa Branca, da CIA/NSA e do Pentágono. Com Antônio (nada) Patriota no posto de embaixador-chefe do Brasil na ONU nosso país irá aprofundar seu servilismo aos EUA, que prepara a invasão da Síria e deseja contar com a colaboração de suas colônias para impor a guerra contra o governo Assad. A colaboração ativa de Patriota com a CIA no episódio envolvendo o resgate do criminoso boliviano e seu “salto para cima” ao receber um posto tão importante na ONU fazem parte da própria orientação estratégica do governo Dilma que vem se aproximando política e economicamente dos EUA e se afastando dos BRICs, curso que irá se aprofundar em seu segundo mandato, quando a “gerentona” e sua anturragem neomonetarista neoliberal pretende estreitar ainda mais seus vínculos com o “amo do norte”, sabotando qualquer vestígio de soberania política, econômica e militar que o país deveria ter.

O objetivo estratégico do resgate de Roger Pinto Molina é fortalecer a oposição pró-imperialista na Bolívia com vista à sucessão de Evo, já que a Casa Branca está de olho em restabelecer o controle direto sobre o país, via um governo fantoche que lhe entregue as riquezas minerais da nação altiplana, rica em minérios como lítio e gás natural. Como parte da pressão para impor o fim do ciclo da centro-esquerda burguesa no continente ou de controlá-la mais diretamente, nada melhor que catapultar o ex-senador boliviano a figura de líder da oposição, com este facínora atuando livremente no Brasil e no exterior para organizar ataques contra o governo Evo. Por sua vez, a operação desmoraliza o governo Dilma e demonstra como os setores ligados a oposição conservadora (PSDB) tem grande peso no Itamaraty. A gestão da frente popular objetivamente ficará com um grave problema a resolver com a permanência de Roger Pinto Molina no Brasil, já que Dilma deverá conceder formalmente o asilo político territorial ao criminoso boliviano, enquanto o governo Evo continua protestando diante do ocorrido, exigindo sua extradição na condição de criminoso comum que fugiu do país. Por outro lado, o PIG e a direita vão reforçar sua ofensiva contra Dilma, enquanto estimulam os ataques da classe média reacionária contra os médicos cubanos vindos ao Brasil festejam a chegada do narco-criminoso boliviano! Todo este cenário de aberta polarização política faz parte da tensão pré-eleitoral de 2014, onde a direita e o PIG trabalham para desgastar Dilma a fim de arrancar um segundo turno, seja com Marina ou Aécio. O mínino que o governo Dilma teria a fazer é aceitar o pedido do governo boliviano e extraditar o narco-criminoso para este ser preso no país em que controla uma rede de tráfico de drogas. Mas desagradar as ordens do império e abrir um embate direto com o PIG, o STF e a direita nunca é nem será o caminho escolhido pela frente popular, no fundo um servil agente da classe dominante de nosso país.