sábado, 31 de agosto de 2013


O dia de (poucas) paralisações da CUT e CONLUTAS: Um primeiro balanço

O último dia “nacional de lutas” (30/08) convocado pela CUT e centrais pelegas, com apoio da CONLUTAS, conseguiu ficar bem aquém da própria mobilização anterior ocorrida em 11 de julho. O objetivo inicial do verdadeiro conluio estabelecido pela burocracia sindical, tanto de esquerda como de direita, era desviar o potencial de radicalidade das “jornadas de junho” para um dia de protestos “chapa branca”, onde pudessem barganhar com o governo Dilma uma pauta de reivindicações ultralimitada. Na primeira tentativa de sabotagem da organização de uma greve geral, em julho, as centrais sindicais ainda foram obrigadas a mobilizar suas bases no sentido de paralisações limitadas, mas na reedição de agosto já não foi necessário encenar o “teatro da greve”. A disposição real do movimento de massas em protagonizar uma verdadeira greve geral no país, impondo uma plataforma de reivindicações transitórias, foi torpemente traficada por “atos de protesto”, de pequena duração, onde sequer era denunciado o caráter neoliberal das recentes medidas adotadas pelo governo Dilma. Os sindicatos “Alfa” de cada central sindical se mantiveram totalmente à margem do dia 30, este foi o caso dos Metroviários de São Paulo e metalúrgicos do ABC. Parece mesmo que somente os pelegos “amarelos” da Força Sindical, a serviço dos Tucanos, tiveram intenção em “radicalizar” algumas ações para desgastar a Frente Popular.

A perspectiva de deflagrar uma greve geral, de pelo menos 24 horas, nas principais categorias do país foi completamente descartada pela cúpula sindical que “preparou” o dia 30. Sequer uma pauta de reivindicações específica das categorias foi organizada, como forma de potencializar as próximas campanhas salariais que se iniciam agora em setembro. Apenas as demandas “possíveis” foram postas na mesa de negociação com o governo, e ainda assim com o objetivo de estabelecer um lobby para futuras barganhas para liberação de verbas para as centrais. A disposição de luta das bases operárias, claramente demonstrada nos meses de junho e julho, foi sufocada politicamente. Mas a necessidade da construção de uma plataforma de lutas diretas, unificando o conjunto das categorias, mantém sua plena vigência, recaindo nos ombros da vanguarda classista a tarefa da elaboração de um programa que contemple as reivindicações históricas e imediatas do proletariado urbano e rural.

Hyrlanda Moreira e Augusto Cesar do MOB
no piquete (30/08) em uma agência da CEF

Mas o fiasco da greve geral no último dia 30, que pelo seu caráter governista nem pode ser considerada um ensaio, deixou retardatariamente um saldo de divergências entre as burocracias sindicais. O PSTU só “descobriu” depois que a CUT estava no movimento para boicotá-lo. Em seu sítio na internet os Morenistas sacaram a seguinte acusação: “Infelizmente, a direção da CUT, que já vinha sinalizando um freio às mobilizações devido a uma movimentação do governo federal, que prometeu abertura de negociação em torno de algumas reivindicações para desviar e acabar com os protestos, não moveu sua base e em alguns lugares boicotou as paralisações e manifestações” (Sítio do PSTU, 30/08). A acusação também serviria sob medida para a própria CONLUTAS, já que nenhum de seus sindicatos convocou uma paralisação integral no dia 30. O PCO, codirigente da FENTECT, que vem fazendo uma campanha contra o “reboquismo” da CONLUTAS, também não  organizou os trabalhadores dos Correios para nenhuma greve. No dia 30 a FENTECT, que está em plena campanha salarial, se limitou a colocar uma faixa na sede da ECT em Brasília, ação anunciada pelo PCO como uma “grande vitória”, travestida de ocupação de “faz de conta”.

Os marxistas revolucionários da LBI participaram ativamente dos dois chamados da cúpula sindical (11/07 e 30/08) demarcando desde o início com o programa e métodos de ação apresentados pela burocracia. Nas categorias onde temos influência convocamos a greve de 24 horas, como um primeiro passo para a organização de uma greve geral por tempo indeterminado até o atendimento de nossas reivindicações. O mais importante para o avanço do movimento de massas é sua clareza política, ou seja, o estabelecimento de um norte estratégico que coloque a classe na trilha da construção de seu próprio poder. Para dar uma resposta efetiva à ofensiva capitalista neoliberal em curso, comandada pelo governo Dilma, a classe operária deve edificar seus organismos independentes, sem nenhuma confiança ou ilusão neste regime bastardo da democracia dos ricos. Um bom começo para esta senda classista é a rejeição a todos os partidos políticos, de um “colorido” arco que vai da esquerda até a direita, mas que estão unidos visceralmente ao circo eleitoral fraudulento. É necessário unificar a esquerda revolucionária na formação de um genuíno partido operário, tendo como horizonte programático a demolição violenta da democracia burguesa (ditadura do capital) pela via da ditadura do proletariado.