O dia de (poucas)
paralisações da CUT e CONLUTAS: Um primeiro balanço
O último dia “nacional
de lutas” (30/08) convocado pela CUT e centrais pelegas, com apoio da CONLUTAS,
conseguiu ficar bem aquém da própria mobilização anterior ocorrida em 11 de
julho. O objetivo inicial do verdadeiro conluio estabelecido pela burocracia
sindical, tanto de esquerda como de direita, era desviar o potencial de radicalidade
das “jornadas de junho” para um dia de protestos “chapa branca”, onde pudessem
barganhar com o governo Dilma uma pauta de reivindicações ultralimitada. Na
primeira tentativa de sabotagem da organização de uma greve geral, em julho, as
centrais sindicais ainda foram obrigadas a mobilizar suas bases no sentido de
paralisações limitadas, mas na reedição de agosto já não foi necessário encenar
o “teatro da greve”. A disposição real do movimento de massas em protagonizar
uma verdadeira greve geral no país, impondo uma plataforma de reivindicações
transitórias, foi torpemente traficada por “atos de protesto”, de pequena
duração, onde sequer era denunciado o caráter neoliberal das recentes medidas
adotadas pelo governo Dilma. Os sindicatos “Alfa” de cada central sindical se
mantiveram totalmente à margem do dia 30, este foi o caso dos Metroviários de
São Paulo e metalúrgicos do ABC. Parece mesmo que somente os pelegos “amarelos”
da Força Sindical, a serviço dos Tucanos, tiveram intenção em “radicalizar”
algumas ações para desgastar a Frente Popular.
A perspectiva de deflagrar uma greve geral, de pelo menos 24 horas, nas principais categorias do país foi completamente descartada pela cúpula sindical que “preparou” o dia 30. Sequer uma pauta de reivindicações específica das categorias foi organizada, como forma de potencializar as próximas campanhas salariais que se iniciam agora em setembro. Apenas as demandas “possíveis” foram postas na mesa de negociação com o governo, e ainda assim com o objetivo de estabelecer um lobby para futuras barganhas para liberação de verbas para as centrais. A disposição de luta das bases operárias, claramente demonstrada nos meses de junho e julho, foi sufocada politicamente. Mas a necessidade da construção de uma plataforma de lutas diretas, unificando o conjunto das categorias, mantém sua plena vigência, recaindo nos ombros da vanguarda classista a tarefa da elaboração de um programa que contemple as reivindicações históricas e imediatas do proletariado urbano e rural.
Hyrlanda Moreira e
Augusto Cesar do MOB
no piquete (30/08) em uma agência da CEF
Mas o fiasco da greve
geral no último dia 30, que pelo seu caráter governista nem pode ser
considerada um ensaio, deixou retardatariamente um saldo de divergências entre
as burocracias sindicais. O PSTU só “descobriu” depois que a CUT estava no
movimento para boicotá-lo. Em seu sítio na internet os Morenistas sacaram a
seguinte acusação: “Infelizmente, a direção da CUT, que já vinha sinalizando um
freio às mobilizações devido a uma movimentação do governo federal, que
prometeu abertura de negociação em torno de algumas reivindicações para desviar
e acabar com os protestos, não moveu sua base e em alguns lugares boicotou as
paralisações e manifestações” (Sítio do PSTU, 30/08). A acusação também
serviria sob medida para a própria CONLUTAS, já que nenhum de seus sindicatos
convocou uma paralisação integral no dia 30. O PCO, codirigente da FENTECT, que
vem fazendo uma campanha contra o “reboquismo” da CONLUTAS, também não organizou os trabalhadores dos Correios para
nenhuma greve. No dia 30 a FENTECT, que está em plena campanha salarial, se
limitou a colocar uma faixa na sede da ECT em Brasília, ação anunciada pelo PCO
como uma “grande vitória”, travestida de ocupação de “faz de conta”.
Os marxistas
revolucionários da LBI participaram ativamente dos dois chamados da cúpula
sindical (11/07 e 30/08) demarcando desde o início com o programa e métodos de
ação apresentados pela burocracia. Nas categorias onde temos influência
convocamos a greve de 24 horas, como um primeiro passo para a organização de
uma greve geral por tempo indeterminado até o atendimento de nossas
reivindicações. O mais importante para o avanço do movimento de massas é sua
clareza política, ou seja, o estabelecimento de um norte estratégico que
coloque a classe na trilha da construção de seu próprio poder. Para dar uma
resposta efetiva à ofensiva capitalista neoliberal em curso, comandada pelo
governo Dilma, a classe operária deve edificar seus organismos independentes,
sem nenhuma confiança ou ilusão neste regime bastardo da democracia dos ricos.
Um bom começo para esta senda classista é a rejeição a todos os partidos
políticos, de um “colorido” arco que vai da esquerda até a direita, mas que
estão unidos visceralmente ao circo eleitoral fraudulento. É necessário
unificar a esquerda revolucionária na formação de um genuíno partido operário,
tendo como horizonte programático a demolição violenta da democracia burguesa (ditadura
do capital) pela via da ditadura do proletariado.