Controlados
pela frente popular, atos contra Alckmin não alcançam dimensão de massas, limitando-se
a reivindicar uma “CPIZZA” na ALESP!
As
manifestações ocorridas nesta quarta-feira (14/08) contra Alckmin (PSDB),
envolvido até o pescoço no escândalo do cartel do Metrô de São Paulo desde o
primeiro governo tucano de Mário Covas, agruparam apenas cerca de 3 mil pessoas
e concentraram-se na Câmara dos Vereadores e na Assembleia Legislativa de São
Paulo. Convocados pelo MPL, manifestantes chegaram a ocupar a Câmara dos
Vereadores e foram duramente reprimidos pela PM. Já o protesto convocado pela
CUT teve como alvo a Assembleia Legislativa, concentrando seus esforços no
pedido da “CPI do Cartel”. Em ambos os casos, ficou claro que a pressão sobre o
parlamento burguês pela investigação do esquema de desvio de recursos no
transporte público foi o eixo central das manifestações, já que sua direção
estava hegemonizada pela frente popular tendo a Conlutas/PSTU (que dirige o
Sindicato dos Metroviários) como coadjuvante. A pequena afluência de
manifestantes e o pedido de CPI demonstraram que os protestos estão apenas
voltados a desgastar o tucanato para que o PT tire dividendos eleitorais em
2014, estando ausente uma estratégia classista para colocar em xeque não só o
governo Alckmin, mas o conjunto das apodrecidas instituições políticas,
chamadas a investigar o chamado “trensalão” em uma “CPIZZA” na ALESP! A ocupação da Câmara dos Vereadores exigia a aprovação do Projeto de Lei pelo Passe-livre e o agendamento de uma audiência pública para debater o tema, um caminho que todos sabem levar a derrota. O pedido de CPI na Assembleia faz parte desta mesma orientação distracionista e eleitoralista. A conquista de qualquer demanda popular só pode ser alcançada pela luta direta das massas e com a adoção de uma plataforma que tenha como estratégia a denúncia do conjunto do regime político e não a pressão sobre o corrupto parlamento burguês. A tropa de choque da PM e a Guarda Municipal de Haddad (PT) reprimiu o protesto na Câmara com o uso bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. Tiros de bala de borracha também foram disparados. Antes da repressão, militantes foram autorizados pela PM a entrar na Câmara. Eles discutiram com o vereador e presidente da Casa José Américo (PT) e fecharam um acordo. Segundo o PSTU “Depois de muita tensão, os ocupantes da Câmara conquistaram uma vitória e conseguiram marcar uma Sessão Pública na CPI dos Transportes, no dia 22 de agosto, às 18h. Todas as entidades terão direito à palavra, e a audiência será aberta a toda população”, o que demonstra o papel vergonhoso do morenismo nesse teatro montado pela frente popular. Também pudera o Sindicato dos Metroviários sequer parou as atividades no dia 11 de julho e o mesmo deve ocorrer no “dia nacional de luta” de 30/08, apesar de mais do que nunca está colocado a necessidade da convocação de um greve da categoria.
O PCdoB
pontuou claramente a estratégia eleitoral em curso montada pela frente popular.
Segundo Carlos Siqueira, presidente da União da Juventude Socialista de São
Paulo (UJS-SP), “Temos ai uma sequencia das manifestações de junho e, logo em
seguida, o governo de São Paulo é pego com as calças nas mãos por estarem
desviando dinheiro e de uma área tão essencial para a cidade. Ele defende que
um ‘Fora Alckmin’ deva ser construído aos poucos, de forma consciente:
‘Precisamos construir a consciência da população do estado sobre o que o
governo tucano vem fazendo nesses 20 anos. Não é só o problema do transporte,
também educação, a segurança pública, há um genocídio da juventude negra,
também as questões ambientais. Nós queremos que se investigue, que sejam apurem
as denúncias, e acreditamos que o ‘Fora Alckmin’ deva acontecer de forma
consciente por toda a população’” (site Vermelho, 14/08). Em resumo, o “Fora
Alckmin” deve ocorrer nas urnas, favorecendo a candidatura do PT ao Palácio dos
Bandeirantes, “sangrando” o tucano aos poucos até 2014... Na Assembleia
Legislativa, policiais militares também usaram bombas para dispensar o
protesto. Lá, ao menos três pessoas ficaram feridas. Espertamente, a bancada do
PT pediu sindicância para apurar a ação da Tropa de Choque. O presidente
nacional do PT, deputado estadual Rui falcão, usou a palavra no plenário para
criticar a ação da polícia e exigir a apuração do caso. Logo na sequência, a
bancada do partido se retirou em protesto contra a ação da PM... ...“Definimos
que vamos cobrar CPI para apurar o episódio de corrupção envolvendo o PSDB em
São Paulo. Não dá para ficar sem apuração” (Estadão, 14/08), afirmou Juliana
Cardoso, vereadora e presidente municipal do PT. “A CUT não está pedindo
impeachment do governador. O que queremos é apuração dos fatos. Há indícios,
denúncias, e a CUT vai pressionar os deputados para abrir uma CPI e aprofundar
a investigação” (Idem), reforçou o presidente da CUT paulista, Adi dos Santos,
sintonizado em sangrar Alckmin via as urnas, sem colocar na ordem do dia sua
derrubada pela via da ação direta.
Neste
concluiu contra a independência política das manifestações, a frente popular
contou com o apoio providencial do PSOL que tendo o deputado Carlos Gianazzi à
frente também “exige” a instalação da CPI dos transportes. Segundo o site do
partido em SP “O PSOL e seus mandatos sempre denunciaram as relações nebulosas
entre os governos do PSDB e as empresas que prestam serviços ao Estado de São
Paulo, nas mais variáveis áreas de atuação. No caso do Metrô, quando as
denúncias envolvendo a Alston vieram a público em 2008, o mandato do deputado
federal Ivan Valente exigiu publicamente que todas as denúncias fossem
apuradas. Da mesma forma, a bancada estadual do PSOL esteve na linha de frente
na luta pela criação de uma CPI sobre o caso. Proposta que foi engavetada pela
base governista. Agora, frente aos novos escândalos, o PSOL e suas bancadas
estão atuando firmemente pela apuração das denúncias e punição dos culpados,
entre outras iniciativas, está o pedido de abertura de CPI apresentada pelo
deputado estadual Carlos Giannazi na ALESP”. Como se vê, o PSOL atua com o olho
no cenário de 2014, onde o desgaste do tucanato aumenta as chances de Marina
Silva (Rede) ser a principal porta-voz da oposição conservadora, com uma
roupagem reciclada, sendo o PSOL possível aliado da eco-capitalista para obter
dividendos eleitorais. O mesmo cenário quer montar no Rio de Janeiro, em torno
da pressão para o vereador Eliomar Coelho (PSOL) presidir a CPI dos
transportes na Câmara fluminense.O esquema do cartel do Metro de São Paulo está no centro da disputa eleitoral para o Palácio dos Bandeirantes e das eleições presidenciais em 2014. Ao PT e PSOL, por motivos distintos, interessa desgastar a oposição demo-tucana, desde que isto represente apontar o circo eleitoral burguês da democracia dos ricos como meio para mudar os gerentes de plantão. No próximo dia 22/08 teremos um novo capítulo desta Ópera Bufa que tenta manipular as manifestações populares em SP, com um ato de pressão na Câmara dos Vereadores. Cabe aos revolucionários, denunciar a orquestração montada pela frente popular para levar o descontentamento popular para o campo eleitoral em São Paulo. É necessário impulsionar os protestos contra Alckmin, Serra e FHC para construir uma alternativa política revolucionária dos trabalhadores, sem embarcar no jogo cínico do PT, que nestes 10 anos no Planalto e agora na frente da prefeitura de SP vem defendendo os interesses centrais da burguesia e das oligarquias mais reacionárias e corruptas. A convocação de uma greve dos Metroviários poderia dar um corte classista aos protestos, mas o PSTU/Conlutas sabotam a ação direta em nome de centrar o foco no desgaste eleitoral dos tucanos e petistas via atos midiáticos que não coloque em cena a classe trabalhadora!