segunda-feira, 12 de agosto de 2013


Dilma “sai das cordas”, sobe nas pesquisas, e se prepara para o embate com a candidata “ungida” pelo capital financeiro: Marina Silva!

A pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo neste domingo, 11 de agosto, demonstra o que já afirmávamos logo após as “jornadas de junho”, quando amplos setores da “esquerda” e particularmente os “catastrofistas” do PSTU e PSOL diziam que a reeleição de Dilma estava totalmente comprometida: o governo da frente popular comandado pelo PT conseguiria sair das cordas justamente porque detém o controle do movimento de massas e se apoiaria no quadro econômico favorável para reagir. Não deu outra! Depois do “esfriamento” dos protestos populares com a entrada em cena das centrais “chapa branca” em 11 de julho, Dilma retomou a iniciativa e agora volta a subir nas pesquisas de opinião. Quem, na verdade, foi nocauteada nos últimos dois meses foi a oposição demo-tucana, abatida em pleno voo depois do escândalo do Metrô de São Paulo. Tanto que Aécio e Serra aparecem bem atrás de Marina Silva nas sondagens, mas a eco-capitalista, “queridinha” de Obama, está tendo sérias dificuldades para legalizar o “Rede”, apesar de que tudo leva a crer que irá conseguir às vésperas do prazo legal. Como também já havíamos previsto, o grosso da burguesia nacional (agora ainda mais contentes com a política cambial de desvalorização do Real) e as oligarquias regionais já optaram por Dilma, que vence em segundo turno em todos os cenários. A vinda ao Brasil do Secretário de Estado ianque, John Kerry, nesta semana e a retomada do julgamento dos recursos do chamado “mensalão” para manter o núcleo histórico do PT como refém do PIG, além da crise no tucanato, apontam no sentido de flexionar ainda mais à direita a Frente Popular. Marina carece de uma estrutura real partidária, sua postulação ao Planalto é produto da vontade de setores burgueses descontentes, em particular do mercado de capitais que se sentiram ameaçados com o populismo da efêmera política de redução dos juros. Agora com o debate lançado pelos ultraneoliberais que defendem o retorno do Brasil ao “porto” econômico norte-americano e um brusco afastamento dos BRICs, Marina passou a catalisar segmentos representativos no seio das classes dominantes internacionais que pretendem realizar uma ofensiva contra a China a partir do nosso país. Sem um arco de alianças formais com os Tucanos e “socialistas”, Marina terá que buscar nas legendas da “oposição de esquerda” (PSOL, PSTU e PCB) uma coligação “básica” que possa lhe garantir o mínimo de tempo de propaganda gratuita na TV. O mais escandaloso até o momento é o fato do PSTU, que reivindica o Trotsquismo, manter um silêncio sepulcral acerca do caráter pró-imperialista do REDE, deixando margem para seguirem com o PSOL na campanha de Marina presidente.

Um dado fundamental da pesquisa da Folha é que Lula ganharia já em primeiro turno, o que demonstra claramente que para a burguesia nativa é preferível manter uma Dilma sob seu total controle a substituí-la pelo capo petista, cuja entrada em cena polariza a situação política no país. Não por acaso, o PIG que infla as candidaturas de Marina Silva e Eduardo Campos para forçar o segundo turno em 2014, já está fazendo a ampla divulgação do julgamento dos embargos infringentes da Ação Penal 470 pelo STF, buscando chantagear os ministros mais uma vez para que decidam contra qualquer possibilidade de revisão das penas do núcleo histórico do PT: Dirceu, Genoíno e Delúbio. Segundo matéria de Veja, “Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal retoma a parte final do julgamento dos mensaleiros. Analisará os últimos recursos dos 25 réus condenados à cadeia. Provavelmente serão reeditados os acalorados debates entre o relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa, e o revisor Ricardo Lewandowski, que sempre defendeu a absolvição dos principais acusados”. Já o pastelão da “famiglia” Marinho, O Globo, apregoa que “STF decide nesta semana se aceita recurso que leva a novo julgamento” afirmando que “Pouco mais de um ano depois de começar a julgar os acusados de envolvimento no esquema do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta quarta-feira (14) o julgamento dos recursos dos 25 condenados por compra de votos de parlamentares no Congresso durante os primeiros anos do governo Lula. Dos 25 condenados no mensalão, onze obtiveram 4 votos favoráveis pela absolvição em um dos crimes e, se os embargos infringentes forem aceitos, poderão tentar reverter as condenações daquela acusação específica e reduzir a pena total - a maioria dos réus foi condenada por dois ou mais crimes”. Em resumo, como não conseguiu popularizar o “Fora Dilma” nas “jornadas de junho”, o PIG pretende rifar todo o núcleo histórico petista via STF, forçar uma disputa apertadíssima no segundo turno em 2014 e buscar uma alternativa para substituir o PT alinhada diretamente aos interesses do imperialismo ianque. Não por acaso, a Revista Época (Globo) acaba de denunciar propinas na Petrobras para pagar mesadas a deputados do PMDB e financiar a campanha da presidente Dilma Rousseff.

A semana promete ser quente tendo em vista que enquanto Dilma recompõe sua base eleitoral, o PMDB de Cabral aprofunda sua crise. No Rio, formou-se a chapa do Partido da República (PR) com Garotinho para Governador e Romário como Senador, uma possível alternativa eleitoral do Planalto em solo fluminense, já que lentamente se distancia de Cabral/Pezão e não apoia oficialmente a candidatura de Lindbergh Farias (PT). O lançamento do senador petista está sendo feita com muita parcimônia em função do processo que corre contra ele no STF, com o aliado de Cabral, o ministro Fux, pronto para jogar lama no possível candidato do PT não avalizado por Dilma. Em São Paulo, está marcada a manifestação contra Alckmin para o dia 14, onde o PT e as centrais “chapa branca” vão jogar peso no desgaste do tucanato com vista à disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, onde Lula já lançou Padilha. Apesar de saber que o atual Ministro da Saúde não tem chances, o PT deseja também vender caro sua derrota no estado dominado pelo PSDB, justamente como parte do acordo para garantir a vitória de Dilma em 2014.

No curso destes acontecimentos, o Secretário de Estado ianque, Jonh Kerry vem ao Brasil neste dia 13 para acertar a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington em outubro, em uma demonstração às vésperas do ano eleitoral que a Casa Branca avalia que a “gerentona” petista será reeleita. Kerry seguirá o mesmo roteiro de Joe Biden, vice-presidente ianque e irá a Colômbia justamente para reforçar os laços com o facínora Manuel Santos. Desta forma, Obama assegura sua política na América Latina, de controlar a centro-esquerda burguesa via governo do PT, enquanto fortalece a presença do imperialismo na região através do incremento das relações comerciais e militares com a Colômbia e a chamada “Aliança do Pacífico” como organismo alternativo a Unasul e a Celac. Com Dilma, Kerry vai avançar nos acordos para aprofundar a política neoliberal do governo da “gerentona”, como vimos na entrega dos blocos marítimos de petróleo para as transnacionais anglo-ianques após a vinda do vice-presidente ianque, “cartilha” seguida pela reacionária anturragem palaciana (a mesma que promoveu a caça aos petistas históricos como Dirceu e Genuíno), muito simpática aos ideais de um “neoliberalismo radical” alinhado a Washington.

Frente ao quadro se acirramento da luta de classes no país, a classe operária continua ausente do cenário político, somente estando marcado o distracionista “dia nacional de luta” em 30 de agosto que antecede as campanhas salariais do segundo semestre, de corte economicistas e corporativo. A tendência à direita do cenário político faz-se sentir em toda linha, apesar das lutas atomizadas que pipocam pelo país. Para que os setores de vanguarda não assistam passivos a chegada do circo eleitoral e sejam obrigados a votar no “mal-menor” (Dilma) ou mesmo na chamada “oposição de esquerda” capitaneada pelo PSOL (que pode vir a apoiar Marina) é necessário aproveitar as mobilizações em curso para denunciar o conjunto da democracia dos ricos e suas instituições apodrecidas, forjando no interior do movimento de massas uma alternativa de direção revolucionária e proletária desde o combate diretos dos trabalhadores da cidade e do campo!