Alta do Dólar, “O céu é
o limite”?
O Dólar voltou a crivar
a maior cotação desde março de 2009, fechando os negócios de “compra e venda”
no dia de hoje (19/08) com a cotação de R$2,41. De nada adiantaram os leilões
realizados pelo Banco Central (Swaps cambiais) onde o país “torrou” mais de 3
bilhões de Dólares em um só dia para segurar a alta na cotação da moeda norte-americana.
Perguntado acerca de qual é a projeção do mercado para a cotação do Dólar até o
final do ano, um corretor de uma “agência de risco” afirmou o seguinte: O céu é
o limite! Mas este “céu” tem teto, bem alto por sinal, e a equipe econômica do
governo estima que um Dólar cotado a 3 Reais seria o ideal para compensar a
previsão de um déficit da balança comercial em 2013. O governo neoliberal do PT
resolveu mesmo “surfar” na onda da recuperação da economia ianque, provocando a
elevação global do Dólar e a redução dos “incentivos” do FED aos monopólios
imperialistas. Mas colado a “onda” do Dólar vem logo a “arrebentação”, ou seja,
o aumento das taxas básicas de juros pelo FED deverá provocar uma drástica
redução de investimentos financeiros nos países semicoloniais como o Brasil.
Para agravar a situação, as notícias de recuperação da economia ianque
(crescimento do PIB e retomada do nível de emprego) vêm acompanhadas de índices
econômicos “preocupantes” da “locomotiva” chinesa, o que empurra a burguesia
nacional na perspectiva de voltar a direcionar as exportações brasileiras para
abastecer o mercado norte-americano. Em resumo, para potencializar as
exportações de commodities agrominerais para os EUA (em substituição ao mercado
dos BRICs), o governo Dilma “sonha” com o Dólar nas alturas. Com o Real
subvalorizado aumentam as pressões inflacionárias, além de desvalorizar nossos
ativos industriais e atrofiar a evolução do PIB. O novo cenário econômico
aberto parece bem favorável ao “modelo” neoliberal (Dólar valorizado, déficit
da balança comercial, PIB nanico, juros em viés de alta etc.), mas o governo do
PT continua a fazer a demagogia vazia do “desenvolvimentismo” e afirmar que os
únicos neoliberais do país são os Tucanos...
Se é verdade que existe uma tendência mundial que aponta na valorização do Dólar, também é certo que o governo tenta compensar o estrangulamento da produção industrial brasileira com um Real fraco. O “modelo” de crescimento baseado na enorme bolha de crédito, gerando um consumo aquecido, começa a demonstrar sinais de fadiga. A saída encontrada pelos “experts” palacianos diante do atraso tecno-científico do Brasil é o caminho da maximização das exportações, transformando o país em um grande “fazendão” colonial. Mas o atraso industrial do país cobra um “preço alto” e hoje um dos principais gargalos da economia é o da incapacidade nacional no refino do petróleo, gerando um enorme déficit da balança comercial com a importação de gasolina, diesel e outros derivados do óleo cru.
O enorme “colchão” de
reservas cambiais, acumulado ao longo de dez anos de balança comercial
superavitária não resistirá a mais de dois anos de resultados negativos na
conta corrente, ainda mais em um momento de fluxo financeiro internacional
girando o ponteiro da bússola para o “grande amo do norte”. As pressões da
burguesia sobre a Frente Popular, sob o comando da “gerentona”, para uma flexão
ainda mais à direita em direção a uma ortodoxia neoliberal aumentam na medida
da retomada do crescimento econômico ianque. Como já tínhamos caracterizado
desde 2008, no ápice do crash financeiro, os EUA estavam bem distantes de
perder sua hegemonia imperialista mundial e a hecatombe do capitalismo não
poderia ser produto unicamente dos prejuízos do mercado de ações em Wall
Street.
O “dilema” programático
do PT: “ser ou não ser... neoliberal” consiste em sua própria incapacidade de
apresentar um projeto histórico de crescimento capitalista, autônomo do
imperialismo. Não é privilégio do PT a impotência em romper os vínculos de
dependência econômica do país com a burguesia financeira internacional, esta é
uma característica intrínseca da própria classe dominante nacional. Somente a
instauração de um poder revolucionário, baseado nos organismos políticos da
classe operária, será capaz de apresentar um novo projeto socialista de nação.
Não serão as eleições burguesas a via de libertação do nosso povo, tampouco são
as alternativas neoliberais que se colocam no cenário eleitoral uma alavanca
para a independência de classe. A vanguarda do proletariado deve ter clareza
que a única senda anti-imperialista consequente é o da insurreição de massas,
desembocando no regime social da ditadura do proletariado, em oposição frontal
a atual ditadura do capital.