segunda-feira, 5 de agosto de 2013


Sob a orientação de Lula, Dilma “manobra bem” e descarrega o ônus do desgaste político nas costas de Cabral e Alckmin

A radicalidade das jornadas de junho apontavam inicialmente para um claro e inequívoco “defunto político”: A presidenta Dilma! Tudo indicava que o governo da Frente Popular estaria com os dias contados a partir da massiva explosão de descontentamento social manifestado nas principais ruas e praças do país, afinal é o PT quem gerencia há dez anos a crise estrutural deste regime de acumulação capitalista, incapaz de atender as demandas mais elementares da população marginalizada e oprimida. A grande questão aberta com as multitudinárias mobilizações nacionais (que logo foram pautadas por forças estranhas ao movimento operário), era se Dilma cairia logo (pela via de um golpe constitucional) ou “sangraria” até as eleições de 2014. A abrupta queda da popularidade da presidenta parecia não deixar dúvidas sobre a falência precoce de seu governo, catalisador da insatisfação generalizada dos protestos da classe média, que passaram a rasgar as bandeiras vermelhas e agredir militantes da esquerda organizada. Os governos de São Paulo e Rio de Janeiro responsáveis pela violenta repressão do movimento nas duas maiores cidades do país ,mas também pela negativa em atender as reivindicações da população trabalhadora de seus respectivos estados, conseguiram no primeiro momento das manifestações uma certa “trégua” política em função do foco da “ira” popular ter sido estrategicamente direcionada pelo PIG na “conta” exclusiva do PT. Mas se é absolutamente correto debitar na gestão estatal petista a responsabilidade política pela medíocre “administração” da massa falimentar histórica capitalista, não podemos afirmar que o Brasil sob o governo Dilma atrevesse um momento conjuntural de “caos econômico” (a suposta “catástrofe social” tão sonhada pelos revisionistas e Tucanos) ou mesmo que o PT tenha perdido sua capacidade de manobra e cooptação dos movimentos sociais. Com o arrefecimento das mobilizações (que careciam de uma direção consequente e revolucionária), o governo conseguiu sair das cordas e até superar parcialmente as trapalhadas sugeridas pela inexperiente anturragem Dilmista (como uma constituinte especifica para a reforma política), agora sob a orientação direta de Lula, Dilma contorna a crise de sua base de apoio (já tratando o PMDB como semialiado), transferindo o ônus do desgaste político para os governos Cabral e Alckmin, emparedados neste momento por uma avalanche de ódio popular e crise institucional.

A “virada” na situação de isolamento do governo Dilma começou com a convocação da chamada “greve geral chapa branca”, onde as forças reformistas conseguiram “esfriar” o ápice do movimento de massas em junho, postergando um “dia nacional de lutas” para meados de julho. Neste caso do mais puro “distracionismo” sindical os governistas contaram com o apoio incondicional do PSOL e PSTU, que logo trocaram o “Fora Dilma” mal ensaiado pelos revisionistas nos protestos, por um assento junto a “mesa de negociação” do governo federal, de olho é claro nas generosas verbas estatais para a CONLUTAS e INTERSINDICAL. Retomando as rédeas da situação com o 11 de julho o PT/CUT passou a “protagonizar” as marchas nacionais, bem distinto do momento anterior onde eram expulsos das passeatas. Seguindo a trilha “do que deu certo” as centrais sindicais chapa branca em parceria com o PSTU convocaram outro dia nacional de (pouca) de luta, desta vez para uma sexta-feira no final do mês de agosto... Mas mesmo limitado às manobras da burocracia sindical o movimento operário e camponês demonstrou disposição de sair às ruas e disputar a hegemonia das “jornadas” com a pequena burguesia reacionária e a esquerda reformista, para isto se faz necessária a construção de uma genuína alternativa comunista e revolucionária que aponte na direção na demolição completa do regime capitalista semicolonial e não em um simples “desgaste eleitoral” da gerência frente populista de plantão.

Amplamente divulgadas pelo PIG as recentes “pesquisas eleitorais” revelaram a perda substancial de apoio popular a presidenta Dilma, entretanto, também demonstraram que nenhuma outra postulação ao Planalto conseguia ocupar o vácuo político deixado pela crise aberta com as “jornadas de junho”. Incrivelmente, o nome que mais era apontado como segunda opção ao “default” prematuro do governo Dilma era o de Lula! Aécio, Serra e Campos não conseguiram capitalizar nenhum “traço” em seus índices eleitorais, ao contrário estão cada vez mais submersos em disputas internas partidárias. O mesmo não se pode falar de Marina Silva, credenciada junto ao imperialismo ianque para derrotar o PT e restabelecer os “vínculos carnais” da economia brasileira com o “grande amo do norte”. Os problemas do REDE começam exatamente pela falta de estrutura nacional e o limitado arco de alianças eleitorais, embora conte com o entusiasmo do poderoso Partido da Imprensa Golpista, o PIG. Outra possibilidade cogitada pelo mercado financeiro, além da “namoradinha” Marina, seria a “novidade” Eduardo Campos, governador mais bem avaliado após as “jornadas”, acontece que o “socialista” das oligarquias sequer consegue unificar seu partido e a influência política de seu governo sem os fortes investimentos federais que seu estado recebeu (os maiores entre todos os entes da federação) não conseguiria ultrapassar nem as fronteiras da vizinha Paraíba. A única possibilidade para Campos decolar seria receber o apoio de parte do PMDB, em uma eventual ruptura da base governista, nesta hipótese o “aliado” do PSB desconstruiria o todo discurso da “ética”, jogando o governador pernambucano na vala comum da politicagem corrupta dos Sarneys da vida...

No curso dos acontecimentos, quando nuvens carregadas sobrevoavam o Planalto e Dilma temia o “volta Lula”, a cúpula do PMDB organizou uma verdadeira sabotagem a aliança com o PT, a camarilha corrupta comandada por Temer pensava na barganha do governo do Rio, obrigando o senador Lindberg Farias a retirar sua candidatura ao Palácio Guanabara. A manutenção do governo do Rio é o maior trunfo nacional do PMDB, portanto uma questão de “vida ou morte” para o decadente partido que no passado simbolizou a representação da oposição burguesa à ditadura militar. Mas o “curinga” do PMDB para chantagear o governo Dilma não vale mais nada... Cabral é hoje carta fora do baralho e mal consegue romper o cerco popular de sua própria residência no Leblon. Acossado por escândalos de mordomias e corrupção, acuado pelo covarde assassinato do pedreiro Amarildo, a antiga “vitrine” do PMDB aguarda um fim humilhante, tanto é assim que o vacilante PT finalmente decidiu desembarcar do seu governo entregando todos os cargos, ainda que muito tardiamente. O “novo” Cabral “bonzinho” não convence nem mesmo a seus mais fieis eleitores e Pezão seu candidato “tampão” deverá afundar com o padrinho no mangue carioca. Dilma agora se sente mais “leve” sem o fardo pesado do “Sérgio Caveirão”, embora saiba que perderá uma fatia considerável de parlamentares no Congresso Nacional. Afinal, mesmo sem o PMDB inteiro em sua base de apoio, dificultando a aprovação de projetos do governo, o PT sabe muito bem que já estamos em clima eleitoral e que em 2014 o determinante será o nível de aprovação popular para a reeleição de Dilma e não a aliança formal com o decomposto e fisiológico PMDB.

Em São Paulo as coisas também não caminham bem para o tucano Alckmin, até seus parceiros tradicionais como a “Folha” e “Estadão” resolveram abandonar o barco e denunciar (de forma bem planejada) o “filão de ouro” do cartel do metrô paulistano. De uma tacada só foram atingidos Serra, Alckmin e Aécio em um golpe midiático para sinalizar que a burguesia paulista deseja ver o PSDB fora da disputa presidencial em 2014. Provavelmente encontremos nos bastidores das denúncias contra “tucanoduto” o dedo do banqueiro Roberto Setúbal, muito interessado em limpar o caminho para sua candidata Marina Silva. O certo mesmo é que o “filhote” de Covas não conseguiu atravessar incólume as “jornadas”, fenômeno oposto ao do prefeito Hadadd que vem conseguindo reverter lentamente sua impopularidade, provocada pela decisão de aumentar as tarifas do transporte urbano, em harmonia com o governador Tucano. A tendência neste momento é que Alckmin recolha o “guarda-chuva” para a campanha de Aécio, se preservando como “reserva moral” da extrema-direita religiosa para a disputa presidencial em 2018.

Com as apostas já praticamente feitas sobre a mesa do “poker eleitoral”, a burguesia só não pretende assistir a entrada no cenário nacional do proletariado, a dinâmica política das “jornadas de junho” estiveram muito longe de apresentar esta perspectiva. A chamada “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU) deve seguir “criticamente” com o REDE, enquanto o PCdoB se mantém aferrado “acriticamente” ao projeto da Frente Popular, portanto, a classe operária sem alternativas políticas independentes ficará mais uma vez a reboque do reformismo “clássico” ou do revisionismo “reciclado”. Os Marxistas Leninistas devemos pacientemente permanecer firmes no trabalho molecular de publicidade revolucionária, rejeitando o viés do “catastrofismo” oportunista e do seguidismo “ufanista”. No centro de nossa propaganda manteremos a consigna da Ditadura do Proletariado, sinalizando ao movimento de massas que esta é a única alternativa consequente de combate para a derrota definitiva, não só dos “gerentes”, mas sim de todos os proprietários dos meios de produção.