A burguesia nacional, tendo hoje como sua principal
"porta voz" a Rede Globo, tensiona por todos os flancos o governo do
fascista Bolsonaro para acelerar o cronograma das reformas neoliberais, em
particular a da Previdência e as privatizações de estatais de "grosso
calibre". Porém o presidente Bolsonaro tutelado pelo general Augusto
Heleno(GSI) e em menor escala pelo próprio vice Mourão, mostra-se demasiado
lento e muito tímido em apresentar o agressivo plano de "ajuste"
montado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda na época da
campanha eleitoral. Se no plano da reforma da Previdência Social, Guedes
conseguiu ao menos esboçar seu projeto de capitalização e do aumento da idade
mínima de aposentadoria, embora ainda que oficiosamente, no que tange as
privatizações emperra na forte resistência do setor militar do governo que só
admite a liquidação de empresas estatais com pouca importância para o interesse
financeiro dos rentistas. A frustração do capital financeiro com o governo
Bolsonaro é diretamente proporcional as promessas feitas na campanha, onde se
vendeu a ilusão de um "queima geral " do patrimônio público estatal.
A forma de pressão da burguesia pelo cumprimento do compromisso dado nas
eleições veio pelas mãos de outro clã mafioso, a poderosa famiglia Marinho, que
parece não dar trégua aos neofascistas do Planalto, catando cada caso de
deslizes do "baixo clero" que ascendeu ao governo central. O elo mais
fraco da famiglia Bolsonaro parece ser Flavio, o ex-deputado carioca que se
elegeu facilmente Senador da República. Não era segredo para ninguém que no
gabinete de Flavio na ALERJ se praticava a chamada "rachadinha", a
cota compulsória que os funcionários do deputado transferiam para a conta da
famiglia Bolsonaro. Entretanto com a eleição de Jair os "pequenos
delitos" do clã fascista se transformaram rapidamente na Rede Globo em
escândalos nacionais, passando do nível da prosaica "rachadinha" para
o grau de chefe das milícias envolvidas no assassinato da vereadora Marielle
Franco. O "capo"Adriano Magalhães, capitão do Bope e empresário dos
caça-níqueis (acusado pelo Ministério Público), não foi o único miliciano a ser
homenageado pelo então deputado Flávio. Ronald Paulo Alves Pereira, major da
Polícia Militar e apontado como chefe da milícia da Muzema, ali do lado de Rio
das Pedras, onde o ex-assessor Fabrício Queiroz gostava de ir para descansar,
recebeu de Bolsonaro, em março de 2004, uma moção de louvor e congratulações
pelos importantes serviços que prestava ao Estado do Rio de Janeiro. Como se
nota, a estreita ligação de Flávio Bolsonaro com os milicianos e seus parentes
empregados em seu gabinete, não é aventura passageira em sua vida. O vínculo de
Flávio com os milicianos que assassinaram covardemente Marielle está vindo à
tona e ameaça a própria estabilidade do governo neofascista do seu pai, que
ainda pode ser agravada pela "delação premiada" do ex-governador
Pezão, agora um presidiário a procura de um "passe" para a liberdade.
Pezão ameaça "abrir o jogo" revelando que o deputado Flavio também se
beneficiou do "Esquema Cabral" no Rio de Janeiro, elevando assim seu
patrimônio pessoal em cem vezes mais... A conjuntura aponta para o início de uma
grande crise política nacional, colocando nas cordas o governo neofascista. A
classe operária e os setores populares devem romper a paralisia imposta pela
Frente Popular de colaboração de classes, preparando uma alternativa de poder
revolucionário, não institucional, diante do prematuro colapso deste governo
inimigo da nação e servil ao imperialismo ianque.