Mais uma barragem da Vale do Rio Doce se rompeu em Minas,
desta vez na cidade Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo
a companhia, o rompimento aconteceu no início da tarde dessa sexta-feira, 25 de
janeiro, na Mina Feijão. Os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia
e parte da comunidade da Vila Ferteco. O Corpo de Bombeiros trabalha na busca e
resgate de feridos, estima-se mais de 200 mortos. As imagens mostram a
região tomada por um mar de lama, apenas pouco mais de três anos após a
tragédia ambiental de Mariana. Por volta das 13h30, a Prefeitura de Brumadinho
alertou em suas redes sociais para a população da cidade manter distância do
leito do Rio Paraopeba. Já o Instituto Inhotim, o museu a céu aberto de arte
contemporânea localizado em Brumadinho, informou através de suas redes sociais
que o parque foi esvaziado por precaução. "Devido ao rompimento da
barragem em Brumadinho (MG), o Instituto Inhotim comunica que realizou o esvaziamento
da área de visitação do Museu. Todos os funcionários e visitantes foram
orientados a deixar o local, conforme recomendação da Polícia Civil.",
completou o Instituto, em nota divulgada às 15h30. Inhotim é um dos principais
destinos turísticos do Estado de Minas Gerais e recebe milhares de turistas
todos os meses. O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho acontece três
anos após o desastre de Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil, que
aconteceu em novembro de 2015. Na ocasião, a barragem de Fundão, da Samarco
(propriedade da Vale e da BHP), se rompeu, matando 19 pessoas e provocou um
tsunami de lama que avançou sobre a bacia do rio Doce até chegar ao litoral do
Espírito Santo. Não resta dúvida que a responsabilidade pela tragédia humana e ambiental é das
grandes empresas mineradoras que rapinam as riquezas do Brasil através da
apropriação extensa de territórios e da super-exploração dos trabalhadores.
Essa rapina inclui remoções forçadas de famílias e comunidades nativas,
poluição das nascentes, dos rios, do ar, poluição sonora, desmatamento,
acidentes de trabalho, de trânsito, concentração privada da riqueza e
distribuição pública dos impactos. O desastre criminoso de Brumadinho acontece
dentro de uma sequência de outras tragédias ocorridas em várias regiões do país,
ficando impunes as empresas mineradoras que os provocaram. Segundo os dados do
DNPM existem mais de 700 barragens de rejeito em Minas Gerais, dentre as quais,
43 em alto risco de rompimento, algumas com potencial maior do que as duas que
já se romperam nos últimos 3 anos, agravando ainda mais a crise hídrica na
região, prejudicando a vida de milhões de pessoas. A busca do lucro foi o
motivo central da tragédia humana e ambiental de Brumadinho e anteriormente de Mariana.
A tragédia reforça a luta pela reestatização da Vale do Rio Doce sem
indenização assim como a exploração das riquezas nacionais sobre o controle dos
trabalhadores. A Vale deve ter seus bens confiscados e seus lucros retidos a
fim de serem revertidos para pagar as indenizações aos trabalhadores, moradores
e o conjunto da população dos municípios atingidos pela lama tóxica da extração
de minério de ferro!