HÁ QUATRO ANOS DA VITÓRIA DO SYRIZA NA GRÉCIA: UMA GERÊNCIA
ESTATAL DA SOCIAL DEMOCRACIA DE ESQUERDA SEGUINDO O "CARDÁPIO" DO
RENTISMO INTERNACIONAL
No final do mês de janeiro em 2015, o Syriza venceu com
“folga” as eleições parlamentares para o governo da Grécia. O partido que se
afirmava como "esquerda" da Social Democracia, liderado por Alexis
Tsipras, há quatro anos no posto de primeiro-ministro, conquistou 149 cadeiras
das 300 do parlamento. Logo da vitória o Syriza fechou um acordo com o partido
“Gregos Independentes”, legenda da direita nacionalista (uma cisão reacionária
do Nova Democracia) que garantiu 13 cadeiras (4,75%), para ter a maioria parlamentar
absoluta. O imperialismo europeu já esperava a vitória do Syriza tanto que os
principais bancos alemães (principais credores da Grécia) saudaram o governo do
Syriza como a melhor alternativa diante da crise econômica nacional. Tsipras
garantiu ao mercado que cumpriria os acordos celebrados com a Troika pelo
anterior governo conservador controlado pela Nova Democracia, derrotada nas
urnas. Ele assegurou antes das eleições que reconheceria as “obrigações frente
às instituições europeias e os tratados europeus. Estes tratados preveem
objetivos fiscais que devem respeitar-se, mas não as medidas para consegui-los.
A austeridade não faz parte dos tratados europeus”. Em resumo, estamos diante
de mais uma gerência socialdemocrata de “esquerda” que critica a “austeridade”
mas manteve o país e os trabalhadores submetidos aos planos de ajuste ditados
pela UE, BCE e FMI, inclusive mantendo a Grécia na “Zona do Euro” e na OTAN.
Não há dúvidas que os trabalhadores escolheram o Syriza como principal
expressão eleitoral de seu repúdio aos ataques a seus direitos perpetrados
desde a grave crise de 2008, derrotando tanto a Nova Democracia como a velha
socialdemocracia do Pasok, responsáveis diretos pela catástrofe social impostas
nos últimos anos. Mas cabe ressaltar que também cresceu a extrema-direita, o
Aurora Dourada, que ficou em quarto lugar conquistando cerca de 6,3% dos votos,
à espera do desgaste futuro do Syriza que não romperá com a UE, para patrocinar
com mais força a xenofobia e o fascismo. Por outro lado, o Partido Comunista da
Grécia (KKE) saiu reforçado das eleições conquistando 15 cadeiras no parlamento
(5,7%) e o mais importante, recusando qualquer aliança com o Syriza e a compor
o novo governo. Antes das eleições, Secretário Geral do CC do KKE, Dimitris
Koutsoumpas, corretamente declarou :“Não apoiaremos o Syriza. Estamos contra a
UE, a OTAN e as cadeias do capitalismo” e denunciou “Pela responsabilidade ante
o povo, depois de ter examinado bem o que diz o Syriza, não podemos participar
de um Governo burguês capitalista, que continuará esta barbaridade. Há uma
semana, o Syriza nos interpelou para dar o voto de investidura, porém não o fez
sinceramente. Eles sabem nossas posições de todos esses anos e que estaremos em
oposição a este Governo, porque o mesmo estará nas mãos da oligarquia enquanto
estiver na UE. Não podemos manchar nossas mãos, não podemos dar um salto ao
vazio enquanto o povo está do outro lado. Além disso, fazem parte de sua
fileira o mais podre do Pasok, com deputados que votaram memorandos e que
boicotaram o movimento operário e sindical”. A justa posição assumida pelo KKE
em 2015 foi um ponto de apoio para a vanguarda classista grega fazer oposição
operária ao governo Tsipras, sem conciliação de classes com o novo gerente de
“esquerda” e sim pelo seu combate revolucionário nas ruas, fabricas e escolas
para operar a ruptura radical com o capital financeiro e não simplesmente com a
“Zona do Euro”. O governo do Syriza não passa de uma frente popular que deseja
estabilizar o regime político burguês em colapso, pela via da demagogia de
"esquerda” e que está até a medula comprometido com o imperialismo
europeu, já que manteve o país na OTAN. A tarefa dos Marxistas-Leninistas neste
momento crucial da luta de classe na Grécia é combater as ilusões dos
explorados na gerência socialdemocrata e organizar desde as bases operárias e
populares a luta direta contra a política de colaboração de classes do Syriza e
não capitulando ao reformismo, como desgraçadamente fazem o integrantes da
"família" revisionista pelo mundo, semeando falsas expectativas no
governo burguês que vem submetendo o país ao arrocho e desemprego, sob o
comando de Alexis Tsipras.
Historicamente sempre fomos críticos da política do KKE por
centrar suas ações de massa na pressão ao parlamento burguês, mas neste momento
temos que reconhecer que sua delimitação púbica e decidida com o Syrzia,
denunciando o governo comandado por Alexis Tsipras como “burguês capitalista” e
convocando a oposição de classe a nova gerência social democrata na Grécia
representa sem dúvida um posição justa e corajosa, que deve ser apoiada pelos
Trotskistas e Revolucionários. A PAME, conjunto de sindicatos dirigidos pelo
KKE e que tem peso social e político entre a classe operária pode ser
justamente o polo de resistência classista a política de colaboração de classes
do Syrzia. Nesse sentido a verdadeira frente política anticapitalista deve ter
o KKE em sua vanguarda, cabendo aos genuínos Trotskistas intervir neste
processo para que os ativistas
combativos e militantes que se proclamem leninistas superem no curso da luta
política e ideológica os limites da posição do stalinismo, que nesse momento
encontra-se sem dúvida à esquerda dos revisionistas do Trotskismo!
Os Bolcheviques Leninistas colocam todos seus esforços na
tarefa de intervir ativa e pacientemente sobre as lutas que estão
convulsionando o país, para elevar o nível de consciência dos setores mais
radicalizados, a fim de fazê-la avançar da resistência defensiva atual para a
disputa pela conquista do poder político contra seus algozes
sociais-democratas, superando a criminosa influência política que a
centro-esquerda reformista e seus satélites revisionistas exercem sobre o
proletariado. A materialização deste longo e paciente processo de evolução da
consciência dos trabalhadores é a construção de um partido internacionalista e
revolucionário que lute por derrotar a União Europeia imperialista e o
criminoso mito da "democratização" do modo de produção capitalista.