O aval dado pelo presidente neofascista Jair Bolsonaro a
entrega da Embraer para o truste ianque, após ter declarado que vetaria a
transação por "prejudicar os interesses nacionais", marcou a
superação do impasse político vivido pelo governo central nos seus primeiros
dez dias. O anúncio de Bolsonaro para a liquidação da Embraer como uma empresa
nacional, foi logo saudada pela mídia corporativa como o "fim do embargo
imposto pelo setor militar do governo a uma agenda liberal mais
agressiva". Acompanhando a decisão sobre a venda da Embraer para a Boeing,
veio a confirmação de uma "reforma" da Previdência Social no mesmo
modelo de capitalização defendido pelo mercado financeiro, ao contrário do que
o próprio Bolsonaro teria afirmado poucos dias atrás. Uma nova proposta de
"reforma" da Previdência que faz parecer a "reforma"
neoliberal que Temer enviou ao Congresso Nacional uma "brincadeira de
crianças"... Ao que tudo indica após um primeiro momento em que o setor
militar do governo neofascista, liderado pelo general Augusto Heleno (Ministro
do GSI) estava "dando as cartas", colocando a ala rentista de Paulo
Guedes (Ministro da Economia) em total defensiva política, o "jogo" no Planalto começou a
virar...A queda de braço agora parece estar concentrada no que tange a inclusão
ou não das Forças Armadas na malfadada "reforma" da Previdência
apresentada por Paulo Guedes, e o mais importante: o tamanho do
"pacote" das estatais que serão privatizadas. O embate entre as
frações intestinas do governo neofascista, que acentuou os "recuos"
recorrentes de Bolsonaro, tem claramente um lado muito mais forte, e este campo
político é o dos rentistas do mercado financeiro, apoiado pela mídia
"murdochiana" e também pelo imperialismo norte-americano. A fração
rentista, conta com o suporte no governo (além é óbvio de Paulo Guedes) do
Ministro Sérgio Moro e do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, contra o setor militar liderado
por Heleno e o vice Mourão. Não se trata de um confronto frontal entre as duas
alas do governo neofascista, ambas frações correspondem a setores da classe
dominante nacional, porém os rentistas tem ligações materiais diretas com o
"baronato" internacional e a própria Casa Branca em Washington. Neste
processo de luta política os militares que se arvoram da apologia de um
"nacionalismo" vazio e totalmente submisso ao Pentágono, vão cedendo
passo a passo as imposições do mercado, logicamente em troca de alguma
"pequena" vantagem, como foi por exemplo a nomeação do filho do
general Mourão para a direção do Banco do Brasil. Não tardará muito entrará em
cena o superministro Sérgio Moro, anunciando a liberação das armas para a
classe média e mandando para o cárcere outro dirigente petista, sempre com o
objetivo de dar "cobertura" midiática a agenda neoliberal do governo
da extrema direita, do qual é um dos principais suportes políticos. É
necessário organizar desde já a ação direta das massas, ao invés de ficar
observando paralisado as "trapalhadas" de Bolsonaro, como
desgraçadamente vem fazendo a CUT e o PT.