quarta-feira, 11 de novembro de 2020

PROTESTOS RADICALIZADOS EM MEIO AO APAGÃO NO AMAPÁ: POVO EXPLORADO EM LUTA É REPRIMIDO PELOS GOVERNOS GOES E BOLSONARO. ABAIXO OS CAPITALISTAS E SEU ESTADO DE CAOS E BARBÁRIE!  

Após vários dias de apagão, os moradores do Amapá estão protestando nas ruas contra a falta de energia e a escassez de água. A resposta do governo Waldez Góes (PDT) foi desferir repressão policial e violência estatal. A Rotam (Ronda ostensiva tática motorizada) e Bope (Batalhão de operações Especiais) atiraram balas de borracha e bombas de gás contra o povo pobre que protesta pelos seus direitos básicos em meio a pandemia do Covid. Entre sexta-feira (6) e a madrugada de terça-feira (10), foram mais de 50 atos contra o apagão. Um dos protestos desta terça-feira bloqueou por cerca de 8 horas a BR-210, na Zona Norte de Macapá. Centenas de moradores se reuniram em frente ao conjunto habitacional Macapaba, que tem 4 mil moradias populares. Revoltados, trabalhadores queimaram pneus e pedaços de madeira. Crianças e idosos participavam do ato. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Bolsonaro também atuou na repressão ao povo pobre. Nossa resposta deve ser formar comitês de auto defesa para colocar abaixo os governos burgueses, expropriar as transnacionais do setor elétrico e colocar a Eletrobras e as empresas energias sob o controle dos trabalhadores!  


Passados todos esses dias, a Amapá continua no escuro, apagão completo. O apagão começou supostamente por um incêndio em uma subestação de energia localizada na Zona Norte da capital Macapá. Treze dos 16 municípios foram afetados. Esse caos é produto da privatização do setor elétrico. O incêndio, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foi registrado na subestação Macapá, operada pela concessionária Linhas do Macapá, da Gemini Energia, controlada pela Starboard Partners. O empreendimento pertenceu antes à espanhola Isolux. O apagão no Amapá é apenas uma “faísca” do grande desastre nacional que vem com o privatização do setor elétrico para as transnacionais.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse nesta sexta-feira (6) que pretende restabelecer toda a energia no estado do Amapá em até 10 dias. Ele explicou que o plano para tentar restaurar a energia em 70% do estado até esta quinta (5) não deu certo porque a operação é “complexa”. Em Macapá, só há energia em serviços essenciais, como hospitais. Falta água encanada, água mineral e gelo. Internet e serviços de telefonia quase não funcionam. A maioria dos postos de gasolina não tem gerador e não consegue operar. Caixas eletrônicos e máquinas de cartão não funcionam, então as pessoas não conseguem fazer compras. 

Lembremos que o governo neofascista Bolsonaro assinou em novembro de 2109 o projeto de lei que prevê a privatização da Eletrobrás, a maior empresa de geração e transmissão de energia do Brasil. A Eletrobrás possuiu 47 usinas hidrelétricas responsáveis por 52% de toda a água armazenada no Brasil. Em seu valor potencial de mercado, a Eletrobrás está cotada na casa de 80 bilhões de Reais, isto levando em conta todo o processo de “enxugamento” forçado da empresa levado a cabo pelos governos Dilma e Temer. 

O ministro Guedes já anunciou que “queimará” a estatal para o primeiro comprador que apareça com um cheque de 15 bilhões, qualquer semelhança com a privataria tucana não é mera semelhança. No projeto de lei, que ainda tem que passar pela aprovação do corrompido Congresso Nacional, Bolsonaro propõe a oferta pública de ações da companhia, com a diluição da participação do governo para menos de 50%, e a revogação do dispositivo que excluiu a estatal do Plano Nacional de Desestatização (PND), para que ela possa ser privatizada. 

Hoje, a União possui 40,99% do capital social da Eletrobrás, com 51% das ações ordinárias, com direito a voto. Na proposta, o governo neofascista também abre mão das chamadas “golden share” ou “ações de ouro”, com poder de veto. Ao abrir mão da “golden share”, em uma futura empresa privatizada e com capital internacional, o Estado coloca em risco a segurança do abastecimento de energia no país, uma grave questão de soberania nacional. 

Não por um acaso, 73% da geração de energia elétrica nos Estados Unidos estão sob controle do poder de Estado, já que o imperialismo ianque considera a soberania energética sob controle do seu país, uma questão de segurança nacional. Enquanto a privatização não é finalizada, a equipe econômica palaciana, chefiada pelo rentista Paulo Guedes, segue aplicando na estatal um plano de redução do contingente, tendo anunciado, além do PDV para cerca de 10mil funcionários, a demissão de pelo menos 1.500 trabalhadores, que serão excluídos da Eletrobrás. 

A passagem da Eletrobrás para a chamada “iniciativa privada” também vai prejudicar 99,7% da população brasileira que é consumidora de energia elétrica. A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de que as contas de luz subam, de imediato, entre 16% a 17% em todo o território nacional. O movimento nacional dos eletricitários, dirigido pela CUT, não organizou qualquer resistência a liquidação da Eletrobrás, apostando suas “fichas” exclusivamente na pressão parlamentar para barrar a privatização, sua “estratégia de luta” não destoa um único milímetro da política de colaboração de classes da Frente Popular. 

É urgente organizar a ação direta das massas para deter a sanha neoliberal do criminoso governo Bolsonaro, antes que acabe com o pouco que ainda resta das conquistas do povo brasileiro, deixando o Brasil em completo apagão!