MEIO MILHÃO PROTESTAM NA FRANÇA: CONTRA UMA LEGISLAÇÃO
SANITÁRIA DE EXCESSÃO E O ESPANCAMENTO DE UM NEGRO SEM MÁSCARA EM PARIS
Dezenas de milhares de franceses (cerca de meio milhão) protestaram neste sábado (28/11) “aglomerando” as ruas de Paris e outras cidades da França, contra a aprovação de um reacionário novo projeto de lei sobre segurança. Os atos também foram convocados após um novo caso de violência policial que colocou o governo neoliberal de Emmanuel Macron em uma grave crise política. A multitudinária mobilização que foi batizada de “Marcha das Liberdades”, exigia demissão do ministro do Interior, Gerard Darmanin, e do chefe de polícia de Paris, Didier Lallement, além da renúncia do presidente neoliberal Emmanuel Macron.
Dois casos de violência policial esta semana impulsionaram a
mobilização e transformaram uma deliberação reacionária do governo em uma crise
política para o presidente Emmanuel Macron. Na segunda-feira (23/11)durante uma
ação de organizações pró-imigrantes, a polícia desalojou com violência um
acampamento improvisado em uma praça do centro de Paris, ao mesmo tempo que
perseguiram jornalistas que estavam com câmeras e smartphones.Na quinta-feira,
câmeras de segurança registraram o espancamento de um produtor musical negro
por três policiais.
A coordenação dos protestos reafirmou que deseja “a retirada
dos artigos 21, 22 e 24” do projeto de lei e a “retirada do novo sistema
nacional de manutenção da ordem” publicado em setembro, que durante as
manifestações obriga a dispersão dos jornalistas quando as forças de segurança
ordenarem, o que impede a cobertura do desenvolvimento dos eventos, com
frequência turbulentos. Ainda segundo as lideranças do ato, os artigos 21 e 22
devem ser retirados porque “organizam a vigilância em massa”, enquanto o artigo
24 criminaliza a divulgação de imagens de policiais cometendo atos de violação
de direitos e violência.
Os sindicatos de jornalistas franceses e as redações de 30
jornais alternativos se manifestaram contra a lei, que já passou em primeira
leitura na Assembleia Nacional e terá de ir a votação em janeiro no Senado. Foi
nessa conjuntura explosiva que ocorreu a brutal agressão gratuita de policiais
a Michel Z (como o produtor negro é conhecido nos circuitos de hip-hop). Os
vídeos que vieram a público são de um circuito interno de monitoramento e
filmados por vizinhos, o estúdio hip-hop existe há 15 anos e Michel é bem conhecido
na vizinhança. Ao deixar à noite seu estúdio, sem máscara facial, como exigem
as normas sanitárias de confinamento em vigor, Michel retornou, mas sem
qualquer aviso policiais que estavam nas imediações entraram logo atrás dele e
o atacaram covardemente, alegando a vigência da legislação da “Nova Ordem”, ou
o “Novo Normal” como costumam chamar os Estados nacionais reféns da governança
global do capital financeiro. Após a prisão, os policiais começaram uma sessão
de agressões, que durou vários minutos. Michel foi atingido por pontapés, socos
e bastonadas, principalmente no rosto e na cabeça, ficando gravemente ferido.
Na sexta-feira, após o escândalo da violência vir a público, o presidente
Emmanuel Macron, cujo governo está tentando impor a proibição de filmar
policiais, cinicamente se disse “chocado” com os vídeos.
A “Marcha das Liberdades” que cruzou com milhares as principais cidades da França, representou a fagulha de luta das massas contra todas as normas sanitárias de exceção e as leis antidemocráticas que já marcam o ingresso em uma etapa mundial, onde a governança global do capital financeiro quer impor sua “Nova Ordem”. O espancamento de um negro andando sem máscara em Paris e a aprovação de uma legislação nacional que lembra o regime fascista ao proteger o aparato de repressão, são dois elementos interligados que desataram protestos espontâneos da população mais oprimida. A esquerda reformista, domesticada pela OMS e sua falsa “ciência”, ficou do outro lado da barricada, ou seja acusando a corajosa mobilização de estar “infringindo as regras sanitárias” e defendendo o “fique em casa com medo” da pandemia encomendada pela Big Pharma para lucrar muitos trilhões de dólares com seus testes, respiradores e vacinas a “toque de caixa” sem comprovação científica de imunização alguma.