sexta-feira, 6 de novembro de 2020

APAGÃO NO AMAPÁ... UMA “FAÍSCA” DO GRANDE DESASTRE NACIONAL QUE VEM COM O PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO PARA AS TRANSNACIONAIS

O Amapá está no escuro, apagão completo. O estado entrou nesta sexta-feira no quarto dia de apagão com 89% da população sem eletricidade. Nesta quinta-feira, o governo estadual decretou situação de emergência. O apagão ocorreu supostamente por um incêndio em uma subestação de energia localizada na Zona Norte da capital Macapá. Treze dos 16 municípios foram afetados. Esse caos é produto da privatização do setor elétrico. O incêndio, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foi registrado na subestação Macapá, operada pela concessionária Linhas do Macapá, da Gemini Energia, controlada pela Starboard Partners. O empreendimento pertenceu antes à espanhola Isolux. O apagão no Amapá é apenas uma “faísca” do grande desastre nacional que vem com o privatização do setor elétrico para as transnacionais.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse nesta sexta-feira (6) que pretende restabelecer toda a energia no estado do Amapá em até 10 dias. Ele explicou que o plano para tentar restaurar a energia em 70% do estado até esta quinta (5) não deu certo porque a operação é “complexa”. Em Macapá, só há energia em serviços essenciais, como hospitais. Falta água encanada, água mineral e gelo. Internet e serviços de telefonia quase não funcionam. A maioria dos postos de gasolina não tem gerador e não consegue operar. Caixas eletrônicos e máquinas de cartão não funcionam, então as pessoas não conseguem fazer compras. 

Lembremos que o governo neofascista Bolsonaro assinou em novembro de 2109 o projeto de lei que prevê a privatização da Eletrobrás, a maior empresa de geração e transmissão de energia do Brasil. A Eletrobrás possuiu 47 usinas hidrelétricas responsáveis por 52% de toda a água armazenada no Brasil. Em seu valor potencial de mercado, a Eletrobrás está cotada na casa de 80 bilhões de Reais, isto levando em conta todo o processo de “enxugamento” forçado da empresa levado a cabo pelos governos Dilma e Temer.

O ministro Guedes já anunciou que “queimará” a estatal para o primeiro comprador que apareça com um cheque de 15 bilhões, qualquer semelhança com a privataria tucana não é mera semelhança. No projeto de lei, que ainda tem que passar pela aprovação do corrompido Congresso Nacional, Bolsonaro propõe a oferta pública de ações da companhia, com a diluição da participação do governo para menos de 50%, e a revogação do dispositivo que excluiu a estatal do Plano Nacional de Desestatização (PND), para que ela possa ser privatizada.

Hoje, a União possui 40,99% do capital social da Eletrobrás, com 51% das ações ordinárias, com direito a voto. Na proposta, o governo neofascista também abre mão das chamadas “golden share” ou “ações de ouro”, com poder de veto. Ao abrir mão da “golden share”, em uma futura empresa privatizada e com capital internacional, o Estado coloca em risco a segurança do abastecimento de energia no país, uma grave questão de soberania nacional.

Não por um acaso, 73% da geração de energia elétrica nos Estados Unidos estão sob controle do poder de Estado, já que o imperialismo ianque considera a soberania energética sob controle do seu país, uma questão de segurança nacional. Enquanto a privatização não é finalizada, a equipe econômica palaciana, chefiada pelo rentista Paulo Guedes, segue aplicando na estatal um plano de redução do contingente, tendo anunciado, além do PDV para cerca de 10mil funcionários, a demissão de pelo menos 1.500 trabalhadores, que serão excluídos da Eletrobrás.

A passagem da Eletrobrás para a chamada “iniciativa privada” também vai prejudicar 99,7% da população brasileira que é consumidora de energia elétrica. A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de que as contas de luz subam, de imediato, entre 16% a 17% em todo o território nacional. O movimento nacional dos eletricitários, dirigido pela CUT, não organizou qualquer resistência a liquidação da Eletrobrás, apostando suas “fichas” exclusivamente na pressão parlamentar para barrar a privatização, sua “estratégia de luta” não destoa um único milímetro da política de colaboração de classes da Frente Popular.

É urgente organizar a ação direta das massas para deter a sanha neoliberal do criminoso governo Bolsonaro, antes que acabe com o pouco que ainda resta das conquistas do povo brasileiro, deixando o Brasil em completo apagão!