sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MARXISMO E A “CONSCIÊNCIA NEGRA”: GRANDES EMPRESAS APOIAM O “BLACK LIVES MATTER” POR SEU LIMITE POLÍTICO “IDENTITÁRIO” E POLICLASSISTA QUE BLOQUEIA A LUTA REVOLUCIONÁRIA CONTRA O CAPITALISMO 

Enquanto as tensões aumentavam nos Estados Unidos após o joelho de um policial branco ter pressionado o pescoço e sufocado George Floyd até a morte, os manifestantes receberam um apoio “inesperado”: grandes empresas capitalistas. Nike, Twitter e Citigroup se alinharam ao movimento Black Lives Matter (BLM). A Netflix postou na sua conta no Twitter: “Ficar em silêncio é ser cúmplice. Vidas negras são importantes. Temos uma plataforma e temos o dever de divulgar nossos membros, funcionários, criadores e talentos negros.”. A Reebok disse em uma mensagem à “comunidade negra” que “está em solidariedade com você”, dizendo aos seus seguidores nas redes sociais: “Não estamos pedindo para você comprar nossos tênis. Pedimos para você andar para onde quiser”. As marcas da Warner, incluindo HBO, TBS e a recém-lançada HBO Max, mudaram seus nomes no Twitter para #BlackLivesMatter com uma citação do romancista negro James Baldwin: “Nem amor nem terror nos cegam: a indiferença nos cega”. A hashtag também apareceu em posts de redes varejistas como Nordstrom, a sorveteira Ben & Jerry’s e redes sociais como TikTok. Não por coincidência, todas essas grandes empresas capitalistas, além do conglomerado da mídia ianque apoiaram o “democrata” Biden, cuja candidatura foi sustentada pela maioria das direções antirracistas no EUA ligadas ao BLM. 

Não resta dúvida que a tática do imperialismo, do Partido Democrata e do Deep State (Estado profundo) é sufocar a luta antirracista no país nos limites do “identitarismo” e do policlassismo, bloqueando a combate pela revolução socialista no curso das manifestações que sacodem as grandes cidades norte-americanas em cada morte de um negro pela repressão policial.

O “CEO”, proprietário e fundador da empresa, Jeff Bezos, considerado o número 1 na lista das pessoas mais ricas do mundo, de acordo com a agência Bloomberg, que conseguiu aumentar sua fortuna em 24 bilhões de dólares somente nos três primeiros meses deste ano devido a pandemia, alcançando uma fortuna de cerca de 140 bilhões dólares, também apoia o BLM e vende seus produtos no site Amazon, o mesmo faz a Nike.

Longe do conforto desses burgueses, a situação explosiva atual nos EUA é apenas o prelúdio de um amplo movimento da classe trabalhadora, impulsionado pela pobreza que está sendo gerada pela crise econômica capitalista. A oligarquia empresarial-financeira dominante, ainda que se enriqueça sobre os ossos das vítimas da fome, sente-se sitiada e acuada pela ascensão do movimento, que ainda carece de um eixo programático socialista e de uma direção revolucionária. 

É necessário colocar as massas diretamente contra o capitalismo, cada vez mais desnudo ao mundo como um sistema falido e criminoso. Esse é justamente o que não faz o BLM pela influência da chamada “ala esquerda” do Partido Democrata, particularmente os que impulsionaram a candidatura de Bernie Sanders.

O cinismo das empresas também é evidente. O YouTube se comprometeu a investir US$ 1 milhão em iniciativas de igualdade social, mas rapidamente enfrentou críticas de que seus esforços de moderação contra conteúdos racistas são historicamente fracos. “Sua hipocrisia não tem limites”, escreveu o grupo de vigilância da mídia Sleeping Giants, em resposta ao YouTube. O eco também chegou ao Twitter. “Como uma plataforma que afirma fazer o seu melhor para evitar a remoção de vídeos racistas, de supremacistas brancos e de vendedores de ódio, você deveria ter vergonha até de tuitar sobre isso. É muito pouco, é muito tarde”. 

A tal “ação afirmativa” propagada pelas grandes empresas em parceria com o BLM é, na verdade, uma artimanha para dividir a luta antirracista, promovendo uma aparente integração do negro, com a concessão de pequenas migalhas a poucos “beneficiados” via o consumo, preservando o essencial do racismo, a superexploração da força de trabalho negra e parda. A esquerda reformista compra a enganação capitalista e passa a defender a inclusão cidadã do negro no mercado consumidor capitalista.

A amplitude e a duração dos protestos nos EUA expressam a coragem e determinação de milhões em lutar por uma sociedade mais igualitária, livre de racismo, repressão e desigualdade social, ou seja, uma sociedade socialista. Mas essa plataforma deve ser elevada a uma luta consciente pela revolução e que reunirá todos os setores da classe trabalhadora e da juventude. 

Para a realização desta síntese entre programa socialista e movimento de massas, é necessário a construção do Partido Comunista Revolucionário, tarefa há muito tempo apagada das consignas dos revisionistas, que estiveram de “corpo e alma” empenhados na eleição do criminoso Biden, como uma ala de esquerda do Partido Democrata. 

As tentativas do Partido Democrata galvanizar o movimento negro, apresentando indicações de políticos burgueses negros como sendo a legítima representação da etnia oprimida nos EUA são sempre recorrentes. O lançamento de Kamala Harris na chapa Democrata de Joe Biden é parte desta operação fraudulenta, e não é propriamente uma novidade, vale relembrar o governo reacionário é desastroso de Barack Obama. 

A tarefa colocada é da recomposição programática da vanguarda da rebelião que cruzou os EUA, no sentido da construção de uma alternativa classista e revolucionária para o proletariado norte-americano. 

Hoje, como ontem, os trabalhadores negros continuam lutando ao lado de seus irmãos de classe pela verdadeira abolição da escravidão, que só pode vir pela liquidação do modo de produção capitalista e não pela via de sórdidas campanhas hipócritas patrocinadas pela classe dominante e suas abjetas celebridades. Para o capital é necessário que o racismo continue existindo para justificar a desvalorização extremamente lucrativa para o capitalista da força de trabalho negra 

Os Marxistas Revolucionários compreendem que a questão racial não pode ser nem sequer seriamente colocada diante do agravamento sem precedentes da barbárie imperialista racista sem uma luta implacável dos trabalhadores, com seus próprios meios e organismos, contra a influência política e ideológica da burguesia democratizante e sua demagogia “cidadã” sobre as massas. 

Acontecimentos recentes nos EUA, com a morte sistemática de trabalhadores e jovens negros, assim como ocorrem todos os dias no Brasil, onde a política de segregação racial e social é responsável pela morte de milhares de negros exigem uma direção revolucionária para derrotar o racismo e para garantir as mínimas condições de sobrevivência à população superexplorada e oprimida. 

Desde a LBI deixamos claro que toda nossa solidariedade está incondicionalmente com o movimento negro que resiste no Brasil, nos EUA e em todo o mundo contra a repressão estatal e ao genocídio dos trabalhadores e jovens plebeus negros. 

O ataque armado aos policiais são parte da guerra de classe que neste caso está indissoluvelmente ligada a luta contra o racismo engendrada pelo capitalismo. Consideramos justo e legítimo o ódio negro e avaliamos que a melhor forma de combater a ofensiva assassina dos bandos fascistas apoiados pela polícia ou a violência desferida diretamente pelo aparato estatal é a formação de milícias de auto-defesa unindo trabalhadores negros e brancos contra a exploração e o racismo. 

Reafirmamos que hoje não vacilamos em dizer que toda nossa simpatia e solidariedade estão com os jovens negros e seu “ardente desejo de vingança”, que lutam com as “armas” que tem a mão contra o terror estatal e fascista, forjando um partido revolucionário e internacionalista para dar consequência política e programáticas a essas ações pontuais que apesar de corajosas são limitadas na luta contra o imperialismo ianque.  

Nesse sentido, para derrotar a ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara ação policial deve-se construir milícias de autodefesa do povo pobre e dos trabalhadores, convocando uma paralisação geral dos trabalhadores! Os lutadores não podem ter nenhuma ilusão na justiça capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da burguesia contra os trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar os policiais assassinos!

Para que não se repitam novas cenas sanguinárias como o assassinato diário de jovens negros, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista!