terça-feira, 17 de novembro de 2020

BOULOS “PAZ E AMOR” COM A BURGUESIA NO DEBATE DA CNN: PROMETE “GOVERNAR PARA TODOS” EM UMA SÃO PAULO DIVIDIDA POR INTERESSES DE CLASSES ANTAGÔNICOS E IRRECONCILIÁVEIS... TUCANO COVAS ELOGIA “CONDUTA CIVILIZADA, RESPEITOSA E DISCUSSÃO DE ALTO NÍVEL” 

O debate na CNN ocorrido ontem a noite entre Boulos (PSOL) e Covas (PSOL) foi uma expressão máxima de como o mais novo “coqueluche” político da esquerda reformista respeita as regras da democracia burguesa, tendo o objetivo de se mostrar palatável aos olhos da classe dominante para conseguir ser “eleito” seu gerente de plantão na cidade mais importante e socialmente dividida do Brasil. O dirigente do MTST tentou ser o mais diplomático possível com o tucano, representante da chamada “direita civilizatória” neoliberal. Tanto que ao final do debate “Bruno” elogiou o “alto nível” da discussão. Na verdade, o filhote de Dória estava enaltecendo o programa apresentado por Boulos, que defendeu o isolamento social e o uso da vacina imposta pela OMS (Big Pharma) assim como Covas, apesar de chamar que “saiam de casa e façam campanha” para votar no PSOL, em um flagrante cretinismo eleitoral. Além disso, ele defendeu a importância da “iniciativa privada” (“não sou contra”), das PPP´s (“desde que sejam bem feitas”) e, por fim, o incremento da guarda municipal, o aparato repressivo do Estado burguês a nível da megalópole, a mesma odiada GCM que persegue os sem-tetos e camelôs, com Boulos apenas pontuando que esta deveria ter uma “conduta cidadã”.

Como a sociedade burguesa é dividida em classes sociais, com interesses antagônicos e irreconciliáveis segundo nos ensinou Marx, a “cidadania” policlassista não passa de uma cobertura ideológica que a classe dominante e seus agentes políticos recorrem para maquiar a imposição da ordem capitalista, uma cantilena reformista repetida à exaustão pelo social-democrata Boulos para justificar seu discurso contra o “ódio” e em defesa da conciliação de classes baseada na “paz e amor” entre a burguesia e os trabalhadores! 

Não por acaso, Boulos disse que 70% dos eleitores queriam “mudança”, escondendo que a esmagadora maioria desse contingente votou na direita (Russomano, Mamãe Falei, Joice e França), um “espectro político” reacionário que o PSOL tenta desesperadamente atrair para sua candidatura. Por essa razão não toca uma vez sequer na luta pelo socialismo, muito pelo contrário, defende uma tal “revolução solidária” baseada na caridade e no aporte público de recursos para políticas compensatórias. Por isso, defendeu os “mutirões” para construir casas populares mas não se atreveu a reivindicar expropriações das grandes propriedades e capitalistas.

Disse que o “mercado” (grandes construtoras) deve se dedicar aos “imóveis de luxo e classe média”, enquanto o “poder público” centralizar sua ação na periferia. Trata-se da defesa da “divisão de tarefas” onde o pacto social mantém o poder burguês e protege os interesses dos mais fortes, oferecendo migalhas aos pobres. Lula já fez isso no país onde “todos ganham, banqueiros e trabalhadores”... no final o PT sofreu o golpe em 2016 porque a burguesia não desejava mais essa política devido ao fim do “boom econômico”. 

O mais “radical” que o dirigente do MTST chegou a vocalizar na CNN foi que “iria cobrar a dívida ativa do município, pressionar os grandes devedores da prefeitura”, ou seja, exigir que os mais ricos dessem alguma “cota de contribuição”, como se os capitalistas estivessem interessados em fazer “gentilizas e caridades” em um terreno tão caro quando se fala de colocar os “cofres públicos” plenamente a seus serviços.

O PSOL foi escolhido pela burguesia com seu identitarismo e sua política policlassista como o representante da “nova esquerda” nestas eleições. Não por acaso, muitas de suas candidaturas são financiadas pelo capital financeiro via “plataformas e ONGS” como o “Ocupa Política” que não tem qualquer vínculo com a classe operária e os sindicatos. Boulos é um híbrido desse processo de “transformismo” na esquerda, dirigente dos sem-teto que foi acolhido pelo PSOL para ampliar a política de domesticação do partido, cuja legenda vai se mostrando ter viabilidade política eleitoral para ocupar o espaço do PT sem representar nenhum ponto de apoio para a luta organizada dos trabalhadores do campo e da cidade, como foi deformadamente o partido de Lula na sua fundação. 

Obviamente, Boulos não será eleito no circo eleitoral fraudada da democracia dos ricos, que já escolheu Covas como seu candidato preferencial, mas se cacifa para 2022 como um nome de peso na “frente ampla” defendida por Lula, sendo um importante porta-voz da política de garantir estabilidade ao regime burguês em crise, sendo mais “ungido” para manter as ilusões na farsa eleitoral que a burguesia manipula a fim de substituir seus capatazes a cada apresentação de seu espetáculo circense nas urnas!