sábado, 14 de novembro de 2020

MARROCOS ROMPE CESSAR-FOGO NO SAARA OCIDENTAL: EUA E ESPANHA APOIAM AÇÃO MILITAR CONTRA FRENTRE POLISÁRIO DE INDEPENDÊNCIA NACIONAL. NÃO À AGRESSÃO COLONIALISTA A SERVIÇO DO IMPERIALISMO!

O movimento de independência nacional Frente Polisário disse nesta sexta-feira (13) que o Marrocos rompeu um cessar-fogo de três décadas no Saara Ocidental, ao lançar uma operação militar para reabrir uma rota bloqueada para a vizinha Mauritânia. “A guerra começou. Marrocos pôs fim ao cessar-fogo” assinado em 1991, disse o chefe da diplomacia saharaui, Mohamed Salem Ould Salek, em reação à operação militar marroquina na zona tampão de Guerguerat, perto da Mauritânia, no extremo sul desta ex-colônia espanhola, cujo status não está definido. O imperialismo ianque e europeu agem para manter a região sob o controle de seus aliados. Defendemos o direito a independência nacional do Saara Ocidental se assim desejarem os povos que lá habitam, preservando seus vínculos culturais e sociais no curso da luta contra a dominação colonialista!


Lembremos que a “Marcha Verde”, a invasão do Saara Ocidental por 350 mil marroquinos, entre colonos e forças armadas, assinalou o começo da retirada da Espanha, a antiga potência colonial, e o início da ocupação ilegal marroquina, que perdura até hoje. Para os independentistas saarauís, o 6 de novembro de 1975 é um dia de ignomínia. Na época, o Tribunal de Haia pronunciara-se a favor da autodeterminação da população que vivia então no Saara Ocidental. Marrocos, com apoio da Espanha, que assistia aos últimos dias do franquismo, e dos Estados Unidos, lançou-se na ocupação de um território rico em fosfatos e, provavelmente, em petróleo. A Frente Polisário encarou a Marcha Verde como uma invasão e declarou guerra à Marrocos, até que em 1991 foi assinado um cessar-fogo entre as duas partes.


Marrocos estava perdendo a guerra na década de 70 contra a Frente Polisário até que países europeus e árabes intervieram para ajudar a ditadura Hassan II. A anexação do Saara Ocidental pelo Marrocos em 1975 foi pela força e levou à guerra. Foi decisiva a ajuda que os marroquinos receberam da parte dos Estados Unidos, França, Espanha e Arábia Saudita, graças às relações de Hassan II com Henry Kissinger, então Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, e com o Saud da Arábia Saudita. 

A Frente Polisário pede um referendo de autodeterminação, enquanto o Marrocos, que controla mais de dois terços deste vasto território desértico, propõe um plano de autonomia sob sua soberania. Um cessar-fogo foi assinado em setembro de 1991 sob os auspícios da ONU, após 16 anos de guerra. O referendo foi adiado desde então, devido a uma disputa entre o governo marroquino e a Polisário sobre a composição do corpo eleitoral e o estatuto do território. Conduzidas pela ONU e envolvendo Marrocos, Polisário, Argélia e Mauritânia, as negociações estão suspensas há vários meses.


Historicamente, em 21 de agosto de 1975, o Departamento de Estado dos EUA deu luz verde a um projeto estratégico secreto da CIA, financiado pela Arábia Saudita, para tomar a antiga província do Saara (270.000 quilômetros quadrados) da Espanha. Um território vital do ponto de vista geoestratégico, rico em fosfatos, ferro, petróleo e gás, que os EUA não querem deixar nas mãos da Espanha dada a situação em que se encontra o regime de Franco. O plano foi invadir a área por meio de uma marcha de cerca de 300.000 cidadãos marroquinos (Marcha Verde), posando como ex-habitantes da área.

Hoje, cerca de 200 caminhoneiros estavam bloqueados há cerca de três semanas naquele posto de fronteira. A região de Guerguerat já foi o centro de fortes tensões entre a Polisário e Marrocos, especialmente no início de 2017. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Marrocos, a Polisário e suas milícias “entraram na área desde 21 de outubro e cometeram atos de vandalismo, bloquearam o trânsito e assediaram permanentemente os observadores militares da Minurso”, a missão da ONU para o Referendo no Saara Ocidental.

O objetivo da operação militar é “pôr fim à situação de bloqueio” e “restabelecer a liberdade de circulação civil e comercial” na rota que leva à Mauritânia, segundo a mesma fonte. Para a Frente Polisário, porém, a operação marroquina é uma “agressão”. “As tropas saharauis se encontram em situação de legítima defesa e respondem às tropas marroquinas”, disse o chefe da diplomacia saharaui, consultado por telefone de Argel. Os separatistas saharauis denunciam a existência da estrada em questão, que Marrocos considera essencial para seus intercâmbios com a África subsariana. Na semana passada, um grupo de caminhoneiros marroquinos pediu ajuda às autoridades de seu país e da Mauritânia, após alegar que foram bloqueados por “milícias filiadas a separatistas”. 

Em um discurso no início de novembro, o rei Mohamed VI disse que “Marrocos não vai tolerar qualquer continuação dessas provocações”.

O apoio da Espanha e dos Estados Unidos ao Marrocos no ataque à Polisário é também um endosso ao narcotráfico na região. O governo saharaui deu um golpe certeiro no Reino reacionário doe Marrocos: o tráfico de drogas através da passagem de Guerguerat, passagem fronteiriça entre o Saara e a Mauritânia que o regime de Mohamed VI precisa libertar. 

No Mali, os grupos islâmicos sempre tiveram dois mecanismos para financiar suas operações: dinheiro do resgate pago pela França e conluio com organizações envolvidas no contrabando de tabaco, bem como tráfico de cocaína e maconha na África Subsaariana e Marrocos. No Mali, o braço da Al Qaeda na área do Sahel, (Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos), formado em março de 2017 pela união dos grupos terroristas Al Murabitun, Ansar Dine e Al Qaeda no Magrebe Islâmico, desde então, foi financiado com o comércio de cannabis.

A passagem de El Guerguerat deixa a cannabis cultivada no Marrocos e a cocaína que é descarregada em navios marroquinos no porto de Dakhla, no sul do Saara Ocidental. O relatório oficial do Painel de Peritos do Mali, criado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, aponta o envolvimento de Marrocos no tráfico de drogas no Sahel e a sua falta de colaboração no seu combate.

O embaixador dos Estados Unidos em Rabat, David T. Fischer, pediu à Polisario "que não obstrua o trânsito civil e comercial regular, através da passagem de fronteira de Guerguerat", em entrevista publicada no Hespress.com, ligada ao governo marroquino. A Espanha, cujo Ministério do Interior denunciou várias operações policiais contra o narcotráfico originário de Guerguerat desde maio, limitou-se a pedir "contenção das partes" por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, sem condenar a agressão militar marroquina. Embora de acordo com o jornal El País, o governo Sánchez esteja fazendo esforços discretos para reabrir a passagem, ou seja, o imperialismo ianque e europeu agem para manter a região sob o controle de seus aliados. Defendemos o direito a independência nacional do Saara Ocidental se assim desejarem os povos que lá habitam, preservando seus vínculos culturais e sociais no curso da luta contra a dominação colonialista!