MARROCOS ROMPE CESSAR-FOGO NO SAARA OCIDENTAL: EUA E
ESPANHA APOIAM AÇÃO MILITAR CONTRA FRENTRE POLISÁRIO DE INDEPENDÊNCIA NACIONAL. NÃO À AGRESSÃO COLONIALISTA A SERVIÇO DO IMPERIALISMO!
O movimento de independência nacional Frente Polisário disse nesta sexta-feira (13) que o Marrocos rompeu um cessar-fogo de três décadas no Saara Ocidental, ao lançar uma operação militar para reabrir uma rota bloqueada para a vizinha Mauritânia. “A guerra começou. Marrocos pôs fim ao cessar-fogo” assinado em 1991, disse o chefe da diplomacia saharaui, Mohamed Salem Ould Salek, em reação à operação militar marroquina na zona tampão de Guerguerat, perto da Mauritânia, no extremo sul desta ex-colônia espanhola, cujo status não está definido. O imperialismo ianque e europeu agem para manter a região sob o controle de seus aliados. Defendemos o direito a independência nacional do Saara Ocidental se assim desejarem os povos que lá habitam, preservando seus vínculos culturais e sociais no curso da luta contra a dominação colonialista!
A Frente Polisário
pede um referendo de autodeterminação, enquanto o Marrocos,
que controla mais de dois terços deste vasto território desértico, propõe um
plano de autonomia sob sua soberania. Um cessar-fogo foi assinado em setembro
de 1991 sob os auspícios da ONU, após 16 anos de guerra. O referendo foi adiado
desde então, devido a uma disputa entre o governo marroquino e a Polisário
sobre a composição do corpo eleitoral e o estatuto do território. Conduzidas
pela ONU e envolvendo Marrocos, Polisário, Argélia e Mauritânia, as negociações
estão suspensas há vários meses.
Hoje, cerca de 200 caminhoneiros estavam bloqueados há cerca
de três semanas naquele posto de fronteira. A região de Guerguerat já foi o
centro de fortes tensões entre a Polisário e Marrocos, especialmente no início
de 2017. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Marrocos, a Polisário
e suas milícias “entraram na área desde 21 de outubro e cometeram atos de
vandalismo, bloquearam o trânsito e assediaram permanentemente os observadores
militares da Minurso”, a missão da ONU para o Referendo no Saara Ocidental.
O objetivo da operação militar é “pôr fim à situação de bloqueio” e “restabelecer a liberdade de circulação civil e comercial” na rota que leva à Mauritânia, segundo a mesma fonte. Para a Frente Polisário, porém, a operação marroquina é uma “agressão”. “As tropas saharauis se encontram em situação de legítima defesa e respondem às tropas marroquinas”, disse o chefe da diplomacia saharaui, consultado por telefone de Argel. Os separatistas saharauis denunciam a existência da estrada em questão, que Marrocos considera essencial para seus intercâmbios com a África subsariana. Na semana passada, um grupo de caminhoneiros marroquinos pediu ajuda às autoridades de seu país e da Mauritânia, após alegar que foram bloqueados por “milícias filiadas a separatistas”.
Em um discurso no início de novembro, o rei Mohamed VI disse que
“Marrocos não vai tolerar qualquer continuação dessas provocações”.
O apoio da Espanha e dos Estados Unidos ao Marrocos no ataque à Polisário é também um endosso ao narcotráfico na região. O governo saharaui deu um golpe certeiro no Reino reacionário doe Marrocos: o tráfico de drogas através da passagem de Guerguerat, passagem fronteiriça entre o Saara e a Mauritânia que o regime de Mohamed VI precisa libertar.
No Mali, os grupos islâmicos sempre tiveram dois mecanismos
para financiar suas operações: dinheiro do resgate pago pela França e conluio
com organizações envolvidas no contrabando de tabaco, bem como tráfico de
cocaína e maconha na África Subsaariana e Marrocos. No Mali, o braço da Al
Qaeda na área do Sahel, (Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos), formado em
março de 2017 pela união dos grupos terroristas Al Murabitun, Ansar Dine e Al
Qaeda no Magrebe Islâmico, desde então, foi financiado com o comércio de
cannabis.
A passagem de El Guerguerat deixa a cannabis cultivada no
Marrocos e a cocaína que é descarregada em navios marroquinos no porto de
Dakhla, no sul do Saara Ocidental. O relatório oficial do Painel de Peritos do
Mali, criado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, aponta o
envolvimento de Marrocos no tráfico de drogas no Sahel e a sua falta de
colaboração no seu combate.
O embaixador dos Estados Unidos em Rabat, David T. Fischer,
pediu à Polisario "que não obstrua o trânsito civil e comercial regular,
através da passagem de fronteira de Guerguerat", em entrevista publicada
no Hespress.com, ligada ao governo marroquino. A Espanha, cujo Ministério do
Interior denunciou várias operações policiais contra o narcotráfico originário
de Guerguerat desde maio, limitou-se a pedir "contenção das partes"
por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, sem condenar a
agressão militar marroquina. Embora de acordo com o jornal El País, o governo
Sánchez esteja fazendo esforços discretos para reabrir a passagem, ou seja, o
imperialismo ianque e europeu agem para manter a região sob o controle de seus
aliados. Defendemos o direito a independência nacional do Saara Ocidental se assim
desejarem os povos que lá habitam, preservando seus vínculos culturais e sociais
no curso da luta contra a dominação colonialista!