sexta-feira, 13 de novembro de 2020

“BARCAS DA MORTE”: TRAGÉDIA DOS IMIGRANTES DA LÍBIA BARBARIZADA APÓS AGRESSÃO DA OTAN (PATROCINADA POR OBAMA/BIDEN) EM NOME DA "REVOLUÇÃO ÁRABE" SE INTENSIFICA NA PANDEMIA

Eles vêm em grande maioria da Líbia, arrasada desde a intervenção da OTAN em 2011 ordenada pelo carniceiro negro Obama, que tinha Biden como vice-presidente. São milhares de pessoas que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo em pequenas embarcações e acabam morrendo. Fogem da escravidão, da fome e da barbaria da neocolonização capitalista em plena pandemia de Covid-19. Na pandemia o tráfego dos ‘barcos da morte” não parou, ao contrário, se intensificou. Dois barcos naufragam na costa da Líbia e mais de 90 pessoas morrem somente nos últimos dois dias. Ao menos oito outras embarcações afundaram no Mediterrâneo desde o começo de outubro. Estima-se que ao menos 900 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo tentando chegar à Europa neste ano. Essa catástrofe humanitária é produto direta da “Revolução Árabe” patrocinada pelo imperialismo ianque e seus falcões “democratas”, apoiada vergonhosamente pela esquerda mundial em nome de derrubar o “ditador Kadaffi”.

Dois barcos que levavam imigrantes da Líbia para a Europa naufragaram em um intervalo de horas e deixaram quase 100 mortos, segundo relatórios de uma agência ligada à ONU e aos Médicos Sem Fronteira (MSF).O primeiro naufrágio aconteceu na quinta-feira (12) e causou a morte de pelo menos 74 pessoas. Um bote motorizado fazia a travessia do Mediterrâneo com mais de 120 passageiros. Pescadores e a Guarda Costeira da Líbia resgataram sobreviventes e também corpos de vítimas. O alerta foi feito pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). Horas depois, um outro naufrágio deixou 20 mortos, anunciou nesta sexta-feira (13) a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). 

11 mil pessoas foram enviadas de volta à Líbia. O número de migrantes que tentam chegar à Europa a partir da Líbia aumentou quase 300% entre janeiro e abril de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, segundo a ONU. Mais de 100.000 migrantes tentaram cruzar o Mediterrâneo no ano passado e mais de 1.200 morreram no mar.

Ao lado dos naufrágio vimos fotos de escravos sendo vendidos na Líbia, homens negros amontoados e amarrados em mercados a céu aberto no país em que há 10 anos quase toda a esquerda euforicamente anunciava ser palco da “Revolução Árabe”. 

O PCO, MRT (antiga LER) e o PSTU (que até hoje reivindica a posição de apoio aos “rebeldes da OTAN”), festejaram a morte do “ditador Kadaffi” apresentando a ofensiva imperialista como um levante revolucionário que deveria ser apoiado.

A LIT em particular pediu na época que Obama-Biden e todos os países imperialistas fornecessem armas para os “soldados da liberdade” na Líbia. Agora que a barbárie capitalista se impôs no país norte-africano, esses canalhas derramam “lágrimas de crocodilo” lamentando a volta da escravidão na Líbia e a morte dos imigrantes. 

Estampou o Esquerda Diário do MRT: “Negros vendidos como escravos na Líbia: fotos do horror que o imperialismo produz”. Causa Operária denunciou que “Na Líbia destruída pelo imperialismo, refugiados negros são leiloados como escravos”, afirmando que “A derrubada de Kadafi provocou uma crise humanitária na Líbia e deixou o país destruído e sem unidade. Mesmo destino que a Síria teria tido se Bashar Al Assad não tivesse resistido, com ajuda do Irã e da Rússia”.

Em resumo, 10 anos após apoiarem a “revolução” made in CIA e a derrubada de Kadaffi pelos “rebeldes” da OTAN, “lamentam” que a Líbia está sendo destruída pelos agentes do imperialismo. Sério? Descobriram somente agora? Antes de qualquer coisa é preciso registrar que grande parte da família revisionista alardeava que a intervenção militar da OTAN era uma invenção para fazer “eco às afirmações do próprio Kadafi”. 

Longe de rechaçarem a então possível ação militar, os morenistas, por exemplo, escreveram um artigo atacando Fidel Castro e todos aqueles que denunciavam que a intervenção estava em marcha, afirmando literalmente que “Em outras palavras, com a justificativa de um suposto perigo de uma iminente invasão da OTAN, Castro apóia o ditador Kadafi que está massacrando seu próprio povo” (Sítio PSTU, 24/02/2011).

O PTS argentino, na mesma tonada, declarou que o imperialismo não iria intervir na Líbia porque Kadaffi já estava fazendo o trabalho de “atacar a revolução”. Às vésperas do Conselho de Segurança da ONU aprovar a chamada "zona de exclusão aérea", o patético PTS afirmava: “Dificilmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que se reunirá nestes dias para discutir que política ter ante a situação na Líbia, logre superar suas diferenças, ainda que não se pode descartar que logo que Kadafi faça parte do trabalho sujo, liquidando as forças do levantamento, Estados Unidos e outras potências terminem atuando para definir a seu favor o futuro regime da Líbia” (Sítio PTS, 17/03).

Para não pairar dúvidas, lembremos o que Causa Operária falava em fevereiro de 2011: “A crise na Líbia, governada pelo ditador Muamar Khadafi, se agrava mais a cada dia que passa. As manifestações estão crescendo e a repressão está sendo extremamente violenta contra os manifestantes. Somente nas manifestações que estão ocorrendo nesta sexta-feira (18/02) foram mortos 27 pessoas, sendo 20 em Benghazi e 7 em Derna. As manifestações, assim como ocorreu no Egito, pode (sic) derrubar o Khadafi e sua política de apoio ao imperialismo” (sítio PCO, 18/02/2011).

Em resumo, o PCO e o MRT assim como toda a canalha revisionista do trotskismo comandada pela LIT, corrente morenista hoje tão criticada por Causa Operária e o PTS, estavam unidos e de mãos dadas com os “rebeldes” contra o “ditador” Kadaffi que diziam ser aliado do imperialismo, usando inclusive a mesma linguagem para definir o decadente regime nacionalista burguês líbio. Como se observa, o PCO e MRT estavam no campo político e militar dos “rebeldes” na Líbia, posição que equivale a postar hoje junto dos neonazistas na Ucrânia, da direita golpista no Brasil ou MUD financiado pela CIA na Venezuela!

Os genuínos trotskistas não tiveram dúvidas de que lado ficar na guerra civil na Líbia e diante dos bombardeiros da OTAN. Alertamos naqueles dias que estávamos literalmente em meio a uma guerra onde a CIA e o Pentágono armaram os mercenários “rebeldes” e com a ajuda da ONU e da OTAN derrubaram o governo nacionalista decadente para converter o país novamente, como na época da monarquia, em seu quintal exportador de petróleo barato, como estamos vendo nos dias atuais!

Os revolucionários da LBI se postaram pela defesa incondicional da nação oprimida e por sua vitória militar contra o imperialismo, como nos recomendou Trotsky, sem deixar de criticar o regime de Kadaffi desde a mestra trincheira de luta antiimperialista! Já o PCO, MRT... comemoraram junto com a canalha revisinionista comandada pela LIT a queda do regime de Kadaffi e hoje cinicamente apenas derramam "lágrimas de crocodilo" ao lamentar a volta da escravidão na Líbia e a morte dos imigrantes afogados mergulhada na barbárie capitalista impostas após a a falsa "Revolução Árabe". Não nos enganam com seu teatro humanitário!