ÍNDIA NO CENTRO DA CRISE: MILHÕES DE TRABALHADORES REALIZAM GREVE GERAL DE ADVERTÊNCIA CONTRA O “AJUSTE” FINANCEIRO E A REPRESSÃO SANITÁRIA
Dezenas de milhões de trabalhadores em toda a Índia participarão de uma greve geral de um dia hoje (25/11) para protestar contra as políticas de “ajuste” financeiro do governo de extrema direita do Partido Bharatiya Janata (BJP), liderado por Narendra Modi. Austeridade, privatização, promoção de legislação para a redução de empregos e a destruição do sistema de saúde pública, além das restrições draconianas as liberdades democráticas (em nome da proteção sanitária) foram o móvel político da plataforma grevista.
As principais federações sindicais do país, com exceção da Bharatiya Mazadoor Sangh alinhada ao BJP, endossaram a greve de protesto nacional de hoje, assim como muitos sindicatos não filiados. As entidades estão exigindo ao governo de extrema direita e supremacista hindu do BJP que interrompa seu programa de privatização, revogando as regressivas “reformas” trabalhistas e agrícolas que recentemente aprovaram no parlamento. Também exigem o fornecimento de assistência de emergência às camadas mais pobres da população, fazendo um pagamento único de 7.500 rúpias (aproximadamente US$ 100) para cada família que não paga impostos e fornecendo 10 quilos em grãos alimentares por mês para as famílias mais necessitadas.
Pequenos agricultores, que vêm se mobilizando há semanas contra uma “reforma” agrícola do BJP destinada a impulsionar o agronegócio às suas custas, convocaram um protesto na capital nacional, Deli programado para coincidir com a greve de protesto nacional. Ontem, a polícia do estado vizinho de Haryana usou canhões de água para bloquear os agricultores que se dirigiam para Deli, onde as autoridades estatais invocaram espertamente a ameaça do COVID-19 para declarar o protesto ilegal, essa é exatamente a função da pandemia para a burguesia dominante.
Com o forte apoio da elite capitalista indiana, Narendra Modi explorou a disputa de fronteira por seis meses com Pequim para integrar a Índia ainda mais plenamente na imprudente ofensiva militar de Washington contra a China. Isso incluiu uma série de novas iniciativas e acordos com os EUA e seus principais aliados da Ásia-Pacífico, Japão e Austrália, e passos importantes para transformar o diálogo estratégico “Quad”, liderado pelos EUA em uma aliança militar. Enquanto isso, Modi e seu BJP intensificaram a promoção dos preconceitos anti-muçulmanos, com o objetivo de promover a reação ideológica e dividir a classe trabalhadora.
As direções reformistas e estalinistas, como resultado de seu longo apoio anterior a uma sucessão de governos do “Partido do Congresso”, que também defendem as reformas neoliberais e a implementação de "políticas pró-investidor financeiro” nos estados, como Bengala Ocidental, onde controlam o governo, viram sua própria “hemorragia” no rechaço da classe trabalhadora. No entanto, estas direções traidoras ainda estão na liderança política na greve geral de hoje e são apoiadas na condução do movimento pelos partidos da oposição burguesa.
O Proletariado indiano é um dos mais numerosos do mundo, ficando atrás somente da classe operária chinesa. Porém esteve amarrado por mais de uma década ao governo da Frente Popular e sua política de pacto social e colaboração de classes. Como no Brasil, o fim do ciclo histórico do Partido do Congresso deu lugar a um governo de extrema direita. Entretanto as lideranças reformistas ainda mantêm a hegemonia nos movimentos sociais. Para derrotar o governo Modi é necessário superar a política do cretinismo parlamentar do reformismo, construindo um genuíno partido operário independente da Frente Popular.