sexta-feira, 20 de novembro de 2020

PANDEMIA ARRASTARÁ 130 MILHÕES DE PESSOAS PARA A EXTREMA POBREZA: NOVA ORDEM MUNDIAL BASEADA NA MISÉRIA, NO TERROR SANITÁRIO E NA GOVERNANÇA GLOBAL DO CAPITAL FINANCEIRO   


A pandemia de Covid-19 e a crise econômica provocada pela doença farão com que mais 130 milhões passem a viver em extrema pobreza em 2020 e 2021, o que resultaria no primeiro aumento, desde 1998, da porcentagem da população mundial que vive nestas condições, segundo relatório da “insuspeita” ONU divulgado na quinta-feira, 19. Segundo reconhece esse "covil de bandidos" como qualificou Lenin, os capitalistas ligados ao rentismo do cassino financeiro, aos grandes laboratórios farmacêuticos, ao setor armamentista e de novas tecnologias de comércio-informação foram por sua vez os mais beneficiados no período. Ao mesmo tempo, o surto fabricado de covid-19 acentuou drasticamente as desigualdades sociais e aumenta a pobreza no mundo capitalista, seja nas metrópoles ou nas semicolônias.

Se em 2018 a proporção da população mundial vivendo em situação de extrema pobreza, com menos de US$ 1,90 por dia, era de 8,6% (cerca de 650 milhões de pessoas), até o fim deste ano pode chegar a 8,8% segundo o covil de bandidos da ONU, cúmplice da farsa baseada no terror sanitário.

O relatório, que prevê um impacto muito mais duradouro da crise econômica do que a da sanitária, estima que quase 70 milhões de pessoas passarão a viver na pobreza extrema até o fim de 2020 e outras cerca de 60 milhões em 2021. A Unctad prevê uma retração de 4,3% do PIB mundial para 2020, projeção semelhante à do FMI, que em outubro estimou uma queda de 4,4%, ambas inferiores à divulgada pelo Banco Mundial, em junho (-5,2%). Registre-se que hoje a OMS é controlada efetivamente pela indústria farmacêutica, com crescente dependência de doadores privados como a Fundação Bill & Melinda Gates, doou mais US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 785 milhões) destinados aos supostos combate à Covid-19, esse “filantrocapitalismo” não vem obviamente de graça. São interesses capitalistas que movem a agência da ONU para a saúde que gerencia a pandemia de Coronavírus.

A crise de superprodução capitalista e a pandemia do coronavírus deixaram esta nova realidade muito transparente nos EUA, com filas quilométricas de pessoas que não tinham como se alimentar sem a ajuda estatal e outros milhares que sequer tinham teto para se abrigar. A sociedade norte-americana é cada vez mais desigual, e vários de seus indicadores socioeconômicos parecem cada vez mais distantes dos bons resultados obtidos pelos países imperialistas europeus de alta renda, como Alemanha, Holanda ou Suécia.

Em 2020, o estudo prevê que a pobreza extrema aumentaria especialmente na África subsaariana, com um crescimento relativo de 2,74% com base na população que vive atualmente nestas condições – 31 milhões de pessoas a mais. O sul da Ásia seria a segunda região mais afetada tanto em termos relativos, com um crescimento de 1,25% da pobreza extrema, quanto em números absolutos, com mais 23 milhões de pessoas nessa situação. A Unctad também estima que, em 2020, mais 3,58 milhões passariam a viver na extrema pobreza na América Latina. No Oriente Médio e no Norte da África, esse número superaria 4,91 milhões, no Leste Asiático e no Pacífico, 4,41 milhões e, na Europa e na Ásia Central, 1,16 milhão. Os dados representam o primeiro retrocesso em três décadas: em 1990, a população mundial que vivia abaixo da linha da pobreza era de 35,9%, uma porcentagem que havia caído para um quarto atualmente. O estudo mostra ainda uma grande disparidade na resposta à crise. Nos países desenvolvidos se investiu em média US$ 1.365 per capita em estímulos fiscais e outras medidas de recuperação econômica. Em nações em desenvolvimento, esse valor foi de US$ 76 per capita. 

Muitas vozes da esquerda reformista e revisionista estão embarcando na tese de que o mundo não será o mesmo após a Pandemia Coronavírus, tendo como principal impacto o ocaso do neoliberalismo ao conjunto da humanidade por provocar a destruição da capacidade dos estados, sendo formado um possível consenso supra-classista sobre o dano causado por esse modelo econômico na economia mesmo os mais ricos, em garantir a proteção social, sobretudo, a segurança sanitária da população mundial. 

Em seu lugar surgiria modelo mais humanizado do capitalismo, sem a ação predatória do grande capital sobre os estados, permitindo o fortalecimento da estrutural estatal e de sua capacidade de intervenção, para fomentar e promover as condições socioeconômicas para reeditar, em escala mundial, o chamado Estado de bem-estar social.

A realidade, todavia, é bem distinta desta conjectura pueril, aponta no período pós-Coronavírus para um agravamento do endividamento dos estados aos agiotas rentistas e a intensificação do processo de acumulação e dominação do grande capital, o chamado “Clube de Bilderberg”. 

Mesmo que os efeitos da crise sanitária, econômica e social tenham potencial de provocar grandes revoltas e instabilidade política em vários países, não há ameaças no terreno da luta de classes ao domínio da burguesia sem a existência de uma alternativa revolucionária. 

A maior trava para isso é a existência de condições subjetivas devido a cristalização do retrocesso ideológico das massas, processo iniciado a partir com a queda contrarrevolução da URSS e dos países do Leste Europeu, assim como a traidora política de conciliação de classes dos partidos da esquerda reformista e revisionista que, não somente se vergarem ao julgo do capital, como se tornaram parceiros da burguesia na gerência do estado capitalista. Portanto, as perspectivas no pós-Pandemia do Coronarívus do ascenso do movimento de massas devem estar a construção de um partido revolucionário, referenciado no projeto do poder proletário. 

Sem este cenário, ou seja a potencialização de uma nova direção política para as massas, será apenas uma “utopia reformista” constranger a burguesia a um ponto de que seja forçada uma inflexão similar a que ocorreu no pós-segunda guerra quando adotou a política de dar o anel para não perder o dedo, ao implantando o estado de bem-estar social para conter o risco do avanço da revolução socialista na Europa ocidental, inspirada na URSS. 

A chamada política econômica neoliberal corresponde a uma necessidade do processo de produção e reprodução do capital, imprescindível ao desenvolvimento do capitalismo, ou seja, a contínua e crescente acumulação de capitais. Portanto o neoliberalismo corresponde a um modelo de gerência do estado capitalista, uma tecnologia que inexoravelmente seria edificada para a evolução da fase superior do capitalismo definida por Lênin, o imperialismo. 

Essa “evolução” diz respeito a um distanciamento, funcional e identitário do imperialismo enquanto estado nação, e sua burguesia exercendo diretamente o poder sobre países e povos subjugados. Embora esse poder se mantenha formalmente, sobretudo, do ponto vista político e militar, o domínio imperial de fato é exercido pelos mercados através do rentismo, grupo de investidores globalizados, sem divisão por fronteiras entre os países capitalistas centrais.