MACRON CONVOCA ELEIÇÕES PARA QUE A “EXTREMA DIREITA” COMPARTILHE O GERENCIAMENTO DO ESTADO CAPITALISTA: ESQUERDA BURGUESA SOCIAL DEMOCRATA E DIREITA FASCISTA ELEITORAL SÃO AMBOS “FUNCIONÁRIOS” DA GOVERNANÇA GLOBAL DO CAPITAL FINANCEIRO
O Presidente de França, o neoliberal “civilizatório” Emmanuel Macron, anunciou na noite do último domingo (109/06) a dissolução da Assembleia Nacional (parlamento francês) e convocou novas eleições gerais legislativas depois do seu partido Renascimento (centro-esquerda burguesa) ter sofrido uma grande derrota nas eleições para o Parlamento Europeu, uma verdadeira nulidade política que serve para alimentar a ficção de um “continente soberano e unido”.
O partido Renascimento de Macron recebeu 15,2 por cento dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu de 2024, bem abaixo do partido de extrema direita eleitoral, Agrupação Nacional (RN), que recebeu 31,8 por cento dos votos. É importante reafirmar que o caráter dessa extrema direita eleitoral, da mesma cepa programática do bolsonarismo no Brasil ou de Javier Milei na Argentina, pouco tem a ver com a verdadeira extrema direita nazifascista, organizada muito além da institucionalidade burguesa e focada no combate militar para destruir as organizações operárias. A “genuína” extrema direita nazifascista não integra as estruturas eleitorais dos regimes democráticos-burgueses, está bem armada e sua formação em geral é miliciana, além de semi-clandestina.
O reacionário líder da Agrupação Nacional, Jordan Bardella, afirmou logo após os bons resultados colhidos pela extrema direita eleitoral francesa: “A disparidade sem precedentes entre a maioria presidencial e o principal partido da oposição reflete uma desaprovação e rejeição contundentes das políticas impulsionadas por Emmanuel Macron”. Já Marine Le Pen, histórica deputada do mesmo partido de Bardella, declarou: “Estamos prontos para isso. Apelo ao povo francês para que forme uma maioria em torno da Agrupação Nacional em benefício da única causa que orienta os nossos passos, a França”.
A manobra política de Macron, convocando eleições gerais para sofrer novamente uma acachapante derrota, foi muito bem calculada. A esquerda burguesa neoliberal, em claro desgaste social no planeta inteiro, convida sua irmã siamesa, a extrema direita eleitoral, para juntas partilharem o gerenciamento do Estado capitalista, já que ambas são “funcionárias” do mesmo patrão, o capital financeiro. O ordenamento jurídico da França, inclusive permite que ambas as forças políticas integrem ao mesmo tempo o comando do regime democrático, na forma de coabitação de um presidente da esquerda burguesa e um Primeiro-ministro da extrema direita eleitoral. O “socialista” Mitterrand governou nesta mesma modalidade de partição política por quase uma década nos anos 80. Macron somente irá repetir agora a velha “fórmula”, gestada nos “laboratórios” políticos da Governança Global do Capital Financeiro…