sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A FRAUDE NÃO PARTE SÓ DE TRUMP: MOVIMENTO DE MASSAS SAI ÀS RUAS MOVIDAS PELO JUSTO ÓDIO AO FASCISMO, MAS SEM UM EIXO PARA DERROTAR O REGIME IMPERIALISTA E SUAS DUAS GERÊNCIAS REACIONÁRIAS

Nas principais cidades dos EUA, que foram atravessadas durante semanas e meses pela rebelião anti-racista, as mobilizações tomam novamente as ruas e exigem que “todos os votos sejam contados”. Um movimento de massas impulsionado pelo justo ódio ao fascismo de Trump, porém carente de um eixo programático que permita avançar na derrota das duas alas (gerências) do imperialismo ianque. Sem dúvida o impulso da erupção da mobilização popular que surpreendeu o mundo há meses atrás não havia se apagado com o desvio das eleições burguesas, porém retomam a cena na reta final da contagem de votos, como uma clara colateral política dos carniceiros Democratas.

É justo que o movimento procure fazer com que o direito democrático básico ao voto simplesmente conte, a chamada soberania popular, mas a fraude em curso é bem superior aos atos golpistas do governo Trump, é parte endógena do regime imperialista, operada pelo seu Deep State, Trump apenas tenta prevalecer sua permanência temporária na presidência com base em armadilhas jurídicas, enquanto a burguesia financeira dominante é “pétrea” ao modo de produção capitalista. 

As grandes cidades diversificadas, cosmopolitas, latinas e negras, desferiram um golpe eleitoral imenso em Trump, com uma diferença média entre ele e Biden de 40 pontos ou mais.  Houve casos extremos como os de Washington DC e San Francisco, em que o candidato democrata prevaleceu com 93 e 86%, respectivamente. O reacionário Biden não desperta esperança ou entusiasmo nas massas, mas o ódio ao fascismo era o elemento que milhões de pessoas tinham para  defenestrar Trump eleitoralmente. 

Hoje, as mobilizações são em grande parte lideradas pelas mesmas organizações que encheram as ruas após o assassinato de George Floyd, além de milhares mais que simplesmente rejeitam as manobras antidemocráticas de Donald Trump.  Jovens, negros, trabalhadores precários, universitários com estudos qualificados mas sem oportunidades de trabalho no capitalismo ianque cada vez mais declinante, são os protagonistas das marchas que hoje cruzam as ruas da maior potência imperialista mundial. 

Os principais protestos foram registrados nos epicentros da rebelião contra o racismo: Nova York, Minneapolis, Filadélfia, Pittsburgh, Washington DC, Portland, Los Angeles ...Em Washington DC, houve confrontos com um pequeno grupo de provocadores de extrema direita conhecido como "Proud Boys".  Tendo a costa oeste como seu principal centro de atividade, os fascistas se tornaram conhecidos nacionalmente por suas ações violentas contra manifestações progressistas e anti-racistas, além de terem sido explicitamente apoiados pelo próprio presidente Trump. 

Em Portland, onde durante meses ocorreram mobilizações anti-racistas sustentadas, a Guarda Nacional interveio militarizando a cidade.  Lá, as mobilizações se radicalizaram como no auge da rebelião deste ano.  Existem cerca de dez detidos até agora, mas os protestos continuam. Em Nova York, as manifestações foram violentamente confrontadas pela polícia estadual, liderada por um Democrata. Em todos os bairros da "Big Apple" houve manifestações de milhares de pessoas exigindo que seus votos contassem: Bronx, Queens, Manhattan, Staten Island e Brooklyn.  A manifestação mais importante aconteceu na emblemática Quinta Avenida. Lá, a polícia fez dezenas de prisões políticas. Em Chicago, cidade histórica de peso do movimento operário, a mobilização teve seu centro na Torre Trump, símbolo do poder do atual presidente como um decadente magnata capitalista. 

Nas cidades de Filadélfia e Pittsburgh, a reivindicação é particularmente politizada, além de maciça. É nesse estado (Pensilvânia) que se concentra a maioria dos votos por correspondência ainda não apurados, cerca de 3 milhões.  É precisamente aí que Trump tenta mais desesperadamente fazer os votos não contarem: sua remotas possibilidade desapareceriam rapidamente se a totalidade dos votos for contada. Além disso, Filadélfia foi a cidade onde ocorreu o surto mais recente da rebelião anti-racista há apenas algumas semanas, após o brutal assassinato de um jovem negro pela polícia. 

Em contraste com o movimento de massas, pequenas concentrações conservadoras ou fascistas estão exigindo exatamente o contrário, que a contagem seja interrompida para impor que Trump prevaleça na Casa Branca sem contar com os votos necessários. A única exceção é o Arizona, o único estado onde a conclusão da recontagem pode ainda (duvidosamente) beneficiar Trump.  No condado de Maricopa, onde milhares de votos ainda precisam ser contados, uma pequena manifestação armada de extrema direita invadiu o centro de contagem de votos. 

A polarização política e social que cruza os EUA há meses, pode aumentar ainda a tensão, na medida que a contagem dos votos continua lentamente em todos os estados disputados que decidirão quem será o próximo “carrasco dos povos”, gerenciando principal potência capitalista mundial. Até mesmo não podemos descartar que na evolução da crise capitalista, com os Democratas impondo a Nova Ordem Mundial do controle sanitário e isolamento social, os EUA venham a atravessar uma explosiva guerra civil. A tarefa dos Marxistas Leninistas neste cenário de catástrofe e barbárie imperialista, deve ser a máxima agitação em torno de um móvel de poder estatal para a classe operária, rompendo qualquer ilusão do movimento de massas com os carniceiros Democratas.