domingo, 12 de abril de 2020

EPIDEMIAS E A ANTIGA UNIÃO SOVIÉTICA: A SUPERIORIDADE DO ESTADO OPERÁRIO NO CAMPO DA CIÊNCIA E SAÚDE PÚBLICA


O Estado Operário da URSS não apenas teve a tarefa de dar o primeiro passo na emancipação do trabalho de todas as cadeias de capital, iniciando a resolução da contradição fundamental entre capital e trabalho, isto é, da exploração e opressão da burguesia contra o proletariado através do estabelecimento de um novo regime social com a socialização dos meios de produção, com um Estado de Ditadura do Proletariado, uma revolução da qual incontáveis ​​façanhas no campo da ciência, educação e cultura são admiráveis ​​até hoje, como o papel da libertação das mulheres, o desenvolvimento das forças produtivas, a alfabetização e a luta contra a ignorância, o impressionante desenvolvimento cultural e científico, a derrota do fascismo europeu e asiático nazista (japonês), mas também tiveram a  mérito de implantar uma luta vitoriosa pela saúde pública e pela erradicação de epidemias. É certo que a burocratização stalinista representou um enorme obstáculo ao desenvolvimento pleno do Estado Operário, no processo de transição socialista que nunca foi concluído, porém os Trotskistas não negam a manutenção das extraordinárias conquistas históricas até mesmo em todo período stalinista, das quais ressaltamos neste artigo a da área da saúde pública no trato das epidemias.

É o exemplo da erradicação da varíola, um vírus que gerou uma doença mortal que atacou a espécie humana por milhares de anos e ceifou muitas vidas em cada surto, até mesmo em algumas múmias no Egito antigo há vestígios dessa doença. A varíola trazida pelos colonizadores europeus para a América foi a principal causa do desaparecimento quase total de aborígines em muitas partes deste continente, que foram dizimadas pela epidemia no século XVIII após sua conquista. No século 20, o mesmo vírus matou centenas de milhões de vidas, afetando especialmente crianças com uma taxa de mortalidade de 50%.  E embora uma vacina tenha sido descoberta desde o século 19, o vírus continuou causando mortes, já que o capitalismo não conseguiu alocar os recursos para espalhá-la amplamente.

O criador do plano sanitário para erradicar a varíola na URSS foi Viktor Zhdanov;  Vice-Ministro da Saúde da URSS, que em 1958 apresentou a uma assembléia da OMS um plano detalhado para erradicar a varíola em cinco anos.  Embora a liderança do do Estado Operário já estivesse sob o controle dos stalinistas, após a morte de Lenin em 1924, a URSS ainda não havia entrado em crise e mantinha a dinâmica do poderoso desenvolvimento que se desenrolava desde a década de 1930. Foi apenas graças a  isso que a URSS conseguiu alocar 23 milhões de vacinas para iniciar a campanha aprovada na assembléia da OMS, além de disponibilizar mil médicos soviéticos. O plano começou em 1959 e em 1977 o último surto do vírus ocorreu na Somália. Em 1980, a OMS declarou a varíola e sua passagem para os anais da história erradicadas.

Outro exemplo muito importante das grandes lutas contra a epidemia foi o realizado por uma comissão médica que visitou uma pequena cidade chamada Kjara, de um país asiático e vizinho da URSS, que no início dos anos 1940 teve um surto mortal com o temível  "Morte negra", em homenagem ao povo local, mas conhecida como praga negra no oeste. Os médicos soviéticos travaram uma dura luta por lá, uma história que serviu de fonte de inspiração para o romance de Yuri Guerman “Esta é a sua causa”, onde é registrado como a praga foi espalhada pela caça irresponsável e desenfreada de marmotas cujas peles eram  vendidas no mercado com alto seu preço. Essa busca por marmotas doentes gerou a epidemia, transmitida pela pulga que parasitava esses animais, que ao mesmo tempo transmitia com sua picada uma bactéria mortal, a forma pulmonar da peste negra era terrivelmente letal, com uma taxa de  100% de mortalidade. No país asiático, seus habitantes se organizaram em aldeias, quando a praga invadiu uma, uma bandeira negra foi erguida como sinal de contágio.  A iniciativa de 105 médicos soviéticos não só lutou contra a praga, mas também contra o grave crime das forças imperiais que, devido à epidemia, começaram a desenvolver cercas e massacres nas aldeias infectadas, onde chegaram, eliminando sistematicamente seus habitantes, sem discriminar, entre saudáveis e doentes.

O grande avanço dado pelas ciências, somado à criação de universidades, a facilidade de ingresso na URSS e os grandes recursos destinados além da saúde pública, ajudaram a população a ter um excelente sistema de saúde.  Por exemplo, na década de 1930, era obrigatório que cada trabalhador fosse ao médico pelo menos a cada 2 meses, que o diagnosticava com uma dieta adequada de acordo com seu trabalho e com um esporte de acordo com suas necessidades, a fim de promover a medicina preventiva.  A engenhosidade e a versatilidade eram características fundamentais do sistema de saúde soviético, posto à prova na Segunda Guerra Mundial.Na ausência de descoberta de antibióticos, eles usaram bacteriófagos para combater infecções bacterianas causadas por feridas em bacteriófagos de guerra.  São vírus que afetam apenas bactérias, foi assim que eles lutaram na Segunda Guerra Mundial.

Hoje não existe socialismo em nenhum país, embora existam nações que se denominam como tais, por exemplo, na China, Coréia do Norte ou Vietnã, que décadas atrás eram Estados Operários antes de iniciar o processo de restauração capitalista, em alguns casos não concluído plenamente.  Entretanto a atual pandemia de Coronavírus (Covid-19) mostrou que esses países estão em melhor situação do que os países capitalistas(imperialistas), onde o papel do Estado na saúde é bem menor e a serviço exclusivo dos monopólios privados nesta área. Enquanto a Itália, a Espanha e agora os Estados Unidos, os países imperialistas onde predominam os sistemas de saúde privados, e o sistema público foi sucateado pelo neoliberalismo, estão sendo devastados pela epidemia, com toda a maioria da carga letal sendo descarregada sobre os trabalhadores e pobres. Outro exemplo da superioridade da economia planificada sobre a anarquia do mercado é a pequena Cuba, onde o Estado Operário não só está contendo a epidemia em seu território, como vem apoiando outros países atingidos, com envio de médicos e material farmacêutico de grande relevância científica.

Olhando para o passado e a luta da URSS contra epidemias, hoje no cenário da quarentena de Covid-19, os Marxistas convocam o proletariado consciente, e o povo oprimido em geral a levantar as bandeiras da saúde pública e do socialismo como um meio  de defender suas vidas e de suas famílias contra os negócios criminosos da saúde capitalista.