A crise econômica capitalista, potencializada pela pandemia
do Coronavírus, mas não produzida por esta como nos querem fazer crer a mídia
corporativa, está causando uma queda nos preços das principais commodities em
todo o mundo, com destaque na baixíssima cotação do preço do petróleo. Apesar
da histeria disseminada pela mídia, não se consegue esvaziar os estoques dos
grandes supermercados no planeta, que chegaram a elevar alguns preços,
especificamente ligados à epidemia do coronavírus. A insuspeita FAO da ONU,
emitiu um comunicado afirmando que “abundam os estoques de alimentos no mundo”
e que não se cogita uma crise de desabastecimento, a questão é quem tem acesso
a esta “abundância”. Portanto a perspectiva para o médio prazo é inclusive a
deflação, ou seja, superprodução de mercadorias e queda de preços. A queda no
preço do petróleo e das matérias-primas é drástica, o barril caiu 52% no mês
passado, platina 39%, prata 34%, algodão 21%, açúcar 20% e cobre 16%. Depois de
décadas acostumadas às pressões inflacionárias, é impressionante ver que a paralisia econômica provocará um
dos poucos episódios globais de deflação no grande fluxo comercial entre
países. De fato, a última vez que os preços caíram em todo o mundo foi durante
a “Grande Depressão” em 1929. Desde então, vários países sofreram episódios de
deflação, como o vivenciado pelas principais economias asiáticas no final do
século passado (crise dos Tigres) ou sofrido pelo Japão durante a última
década. O capitalismo não será capaz de evitar a forte deflação das
commodities, somada a quebradeira de grandes corporações transnacionais, pelo
menos aquelas que não poderão ser socorridas pelo FED ou Banco Central europeu.
O índice de preços ao consumidor poderá sofrer fortes oscilações, durante a
pandemia, subindo em alguns ítens de segurança e produtos farmacêuticos e muito
abaixo do nível de um ano atrás em outros produtos, marcando o primeiro período
de deflação em décadas. Além disso, a estagflação econômica deverá levar a
fortes reduções salariais, a interrupção do investimento das empresas estatais
e a uma queda geral no consumo, que por sua vez pode resultar na falência ou no
fechamento de milhares de empresas e no consequente aumento do desemprego. Na
China, considerada o motor da economia mundial, os preços caíram 0,4% em
fevereiro, em pleno pico da epidemia, e as projeções para a queda em abril são
ainda mais acentuadas com a retomada das atividades comerciais. Como já
vínhamos alertando em vários artigos anteriores no Blog da LBI, pandemia veio
apenas “coroar” (sem falso trocadilho) a
enorme crise de superprodução de mercadorias e a crescente tendência a queda na
taxa de lucro do capital. O ciclo de ondas curtas de crescimento, se alternando
com a estagnação econômica da estrutura do modo de produção capitalista,
somente poderá ser quebrado pela revolução socialista mundial, não será uma
pandemia de vírus ou o crash financeiro nas bolsas que substituirá esta tarefa
histórica da classe operária.