O Líbano mergulha cada vez mais na crise capitalista em
plena pandemia do coronavírus, provocando a mobilização de milhares de
pessoas nas ruas de Beirute e das
principais cidades do país nesta segunda-feira, terça-feira (28/04) desafiando
a quarentena decretada pelo chamado “governo de unidade nacional”, do Primeiro
Ministro Hassan Diab. Os manifestantes lançaram coquetéis molotov em bancos e
bloquearam o trânsito em Beirute e outros municípios importantes do país.Os
ativistas foram recebidos com munição e gás lacrimogêneo pela polícia libanesa.
Há notícias de pelo menos um morto e dezenas de feridos. Os protestos deverão
continuar exigindo condições para a população enfrentar a carestia e o
desemprego. Duas noites seguidas de manifestações contra a fome e a completa
falta de assistência por parte do governo foram dissolvidas por tiros do
exército que causou uma morte. Barricadas foram erguidas, houve confrontos,
saques de lojas e queima de seis agências bancárias. O exército disparou balas
de gás lacrimogêneo e borracha, e os manifestantes responderam arrancando os
paralelepípedos das calçadas e jogando-os nos soldados, que atearam fogo em
dois de seus veículos. Ontem, o exército disparou fogo contra manifestantes,
matando Fawaz Fouad Al-Saman, 26 anos, trabalhador mecânico. Os protestos
contra a fome, que se originaram em Beirut na segunda-feira, se espalharam
ontem para outras cidades do Líbano, com cenas de guerrilha urbana que
continuaram até altas horas da noite. O Líbano é um país falido, a Lira desvalorizou
para limites sem precedentes e a inflação é galopante. A crise econômica
começou em outubro do ano passado, quando importantes revoltas populares também
ocorreram. O Primeiro-Ministro Hassan Diab reconheceu "um agravamento da
crise social em velocidade recorde", assegurando que "ele entende o
clamor do povo", mas que nada pode fazer. No início do ano, a dívida
pública do Líbano chegou a 150% do PIB, em seis meses, a Lira libanesa
desvalorizou-se 50% em relação ao Dólar. Nos últimos dias, a queda da Lira se
acentuou ainda mais, agora até parte dos caixas eletrônicos está sem dinheiro
para honrar os depósitos da população. Hoje no “pequeno” Líbano existem
oficialmente 717 casos confirmados da covid-19, embora desconfie-se que os
números sejam bem maiores, já que faltam testes e diagnósticos, porém as massas mostraram uma corajosa
disposição de ação direta contra a crise, rompendo a orientação política das
direções reformistas que preconizam a inação e a covardia do “fique em casa” e
não lute.