quarta-feira, 29 de abril de 2020

LÍBANO SE LEVANTA EM PLENA PANDEMIA: DOIS DIAS CONSECUTIVOS DE MOBILIZAÇÃO NAS RUAS DE BEIRUTE


O Líbano mergulha cada vez mais na crise capitalista em plena pandemia do coronavírus, provocando a mobilização de milhares de pessoas  nas ruas de Beirute e das principais cidades do país nesta segunda-feira, terça-feira (28/04) desafiando a quarentena decretada pelo chamado “governo de unidade nacional”, do Primeiro Ministro Hassan Diab. Os manifestantes lançaram coquetéis molotov em bancos e bloquearam o trânsito em Beirute e outros municípios importantes do país.Os ativistas foram recebidos com munição e gás lacrimogêneo pela polícia libanesa. Há notícias de pelo menos um morto e dezenas de feridos. Os protestos deverão continuar exigindo condições para a população enfrentar a carestia e o desemprego. Duas noites seguidas de manifestações contra a fome e a completa falta de assistência por parte do governo foram dissolvidas por tiros do exército que causou uma morte. Barricadas foram erguidas, houve confrontos, saques de lojas e queima de seis agências bancárias. O exército disparou balas de gás lacrimogêneo e borracha, e os manifestantes responderam arrancando os paralelepípedos das calçadas e jogando-os nos soldados, que atearam fogo em dois de seus veículos. Ontem, o exército disparou fogo contra manifestantes, matando Fawaz Fouad Al-Saman, 26 anos, trabalhador mecânico. Os protestos contra a fome, que se originaram em Beirut na segunda-feira, se espalharam ontem para outras cidades do Líbano, com cenas de guerrilha urbana que continuaram até altas horas da noite. O Líbano é um país falido, a Lira desvalorizou para limites sem precedentes e a inflação é galopante. A crise econômica começou em outubro do ano passado, quando importantes revoltas populares também ocorreram. O Primeiro-Ministro Hassan Diab reconheceu "um agravamento da crise social em velocidade recorde", assegurando que "ele entende o clamor do povo", mas que nada pode fazer. No início do ano, a dívida pública do Líbano chegou a 150% do PIB, em seis meses, a Lira libanesa desvalorizou-se 50% em relação ao Dólar. Nos últimos dias, a queda da Lira se acentuou ainda mais, agora até parte dos caixas eletrônicos está sem dinheiro para honrar os depósitos da população. Hoje no “pequeno” Líbano existem oficialmente 717 casos confirmados da covid-19, embora desconfie-se que os números sejam bem maiores, já que faltam testes e diagnósticos,  porém as massas mostraram uma corajosa disposição de ação direta contra a crise, rompendo a orientação política das direções reformistas que preconizam a inação e a covardia do “fique em casa” e não lute.