Centenas de pessoas saíram em carreata e mesmo às ruas de bicicleta nesta segunda-feira,
20, em Budapeste e outras cidades da Hungria para protestar contra a absurda
decisão do governo do ultra-direitista Viktor Orbán em esvaziar os hospitais sob o pretexto de liberar leitos para uso exclusivo de pacientes com COVID-19, deixando
desprovido de tratamento os doentes com outras patologias graves. A medida anunciada
pelo primeiro-ministro deixou milhares de pessoas portadoras de outros
problemas de saúde sem tratamento médico, ao mesmo tempo em que o
ultra-nacionalista de direita não tocou na rede de hospitais privados,
requisitanto ou mesmo estatizando. De acordo
com a medida anunciada pelo governo, 36 mil leitos de hospitais seriam
desocupados para que ficassem disponíveis para pacientes diagnosticados com o
coronavírus. O número representa mais da metade do número de leitos do país.
Com ela, foram mandados para casa cerca de 15 mil pacientes, muitos deles em
estado grave. A Hungria é oficialmente uma ditadura civil. A partir de abril de
2020, o governo foi autorizado a agir sem nenhum controle ou supervisão legal e
tem o direito de manter esses poderes especiais por tempo indeterminado. A
máscara democrática do capitalismo caiu. Foram duas as principais razões do por
que o fechamento do regime político foi capaz de ocorrer. Uma delas é a
perpetuação de corrupção estatal em enorme escala, o enriquecimento ilimitado
dos Fidesz’s, as elites do partido do governo. A outra razão é a preparação
para lidar com a crise econômica severa que irá seguir a pandemia. Miséria em
massa irá suceder nos próximos meses e irá resultar em uma significativa
resistência. O estado húngaro está se preparando para a repressão dos
movimentos de protesto, para banir ativismo e protestos nas ruas e locais de
trabalho, o aprisionamento de jornalistas e ativistas antigoverno e o
fortalecimento da propaganda do estado podem ser esperados. A crise geral do
sistema mundial capitalista é cenário favorável para o fortalecimento do
fascismo no século 21. A Europa está se “Orbanizando”. O sistema está se
tornando cada vez mais e mais autoritário, racismo, nacionalismo e sexismo
estão se espalhando em múltiplos países. Até o começo da pandemia, havia apenas
um controle parcial sobre os poderes de Orbán. Os direitos trabalhistas já estão
sendo liquidado. Após a introdução do novo código de trabalho (2012) e o
chamado “Slavery Act” (2018), os patrões, os empregadores poderão atacar ainda
mais os direitos dos trabalhadores. A brutalidade do Estado burguês e o terror
fascista avança na Hungria desperta o ódio popular como foi a resistência a
medida de esvaziar os hospitais, demonstrando o caos do sistema de saúde
pública e a preservação da rede privada. Este é mais um exemplo de luta que se
espalha pelo mundo!