Há dois dias atrás, o ex-presidente Lula concedeu uma
entrevista a vários blogueiros do campo da esquerda, quando respondendo a uma
pergunta de Fernando Brito (Tijolaço/PDT) declarou concordar com Leonel Brizola
que lhe teria dito acerca da concessão do prazo de um a dois anos de qualquer
governo recém eleito para iniciar uma oposição frontal. Lula também afirmou
nesta live com a blogosfera progressista que concorda integralmente com o
pedido de renúncia de Bolsonaro, posição expressa em uma “Carta Súplica” assinada
por Dino e Ciro Gomes entre outras lideranças, no sentido de ser uma “solução
menos traumática” do que começar o pedido de impeachment do presidente
neofascista. Seguindo esta mesma lógica política o governador do Maranhão
resolveu “abrir o jogo”, declarando ao site “247” qual é realmente a tática da
Frente Popular: “Tivemos uma reunião com diálogo técnico, respeitoso,
sensato.Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro
entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores
condições" (“247”, 03/04). A declaração não peca por dissimular as
verdadeiras intenções do conjunto da esquerda reformista neste grave momento
que atravessamos, manter a estabilidade do regime bonapartista, sob a gerência
de militar de alta patente da extrema direita, ou seja não se trataria mais da
burguesia confiar em um presidente desqualificado, expulso do Exército por
insubordinação. Mourão tem a legitimidade do alto comando das Forças Armadas
para seguir em frente com o recrudescimento do golpe desferido em 2016. Para a
esquerda reformista o cenário não poderia ser melhor, Mourão levaria ao fim a
pauta das (contra)reformas neoliberais com “pulso firme”, enquanto o PT e a CUT
fariam seu tradicional jogo de “corpo mole” de oposição palatável. Se chegarmos
as eleições de 2022, o cálculo político da Frente Popular é bem simplório,
qualquer nome apresentado pela esquerda teria grandes chances de vencer uma
eventual candidatura da extrema direita, e caso a “equação” não consiga fechar
nesta direção, se acionaria então a Frente Ampla no segundo turno, com “tudo
dentro”...Centrão, Dória, Ciro e contando ainda com a “bênção” da famiglia
Marinho...