A caracterização elaborada pela LBI sobre a impotência
política do presidente neofascista Bolsonaro, que já não governa plenamente,
ficou mais uma vez confirmada hoje pela manutenção de Henrique Mandetta a
frente do ministério da saúde, após uma reunião palaciana desta segunda feira (06/04).
Este fato não teria muita importância se não fosse o caso do anúncio da
demissão de Mandetta feita pelo próprio Bolsonaro na noite anterior e na
própria manhã de hoje. Mais uma vez Bolsonaro foi desmoralizado no seu próprio
ambiente de poder, quando ameaçou Mandetta com sua “caneta” e depois foi
forçado a “enfiá-la em seu próprio orifício”... A reunião do conselho de
ministros, que fato governa o Brasil, sob a direção do general Braga Neto e do
seu colega de farda Mourão, desautorizou as informações veiculadas na mídia que
chegaram a estampar nas edições matutinas a demissão do Ministro da Saúde.
Bolsonaro saiu da reunião no Planalto com o “rabo entre as pernas” e sequer
concedeu a entrevista bombástica que tinha prometido a mídia e também a sua
tradicional claque fascista. Não é certo afirmar que Bolsonaro tenha sido
“deposto” ainda que permanecesse formalmente no cargo da presidência, o que
ainda está em curso é a sua tutela política pelo alto comando militar. Porém
para a burguesia nacional, Bolsonaro ainda tem sua utilidade, mesmo que cada
vez mais limitada, não por coincidência o DataFolha divulgou uma “pesquisa” em
meio a um isolamento social (feita por telefone) onde a maioria apontava ser
contra a renúncia do presidente. Não seria em quadro de indefinição mundial
sobre a evolução da pandemia, que até o momento não golpeou severamente os
grandes países periféricos (Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão, México, além
do Brasil) que nossa classe dominante se moveria para uma ação drástica para
remover Bolsonaro. Por outro lado, a burguesia já busca catapultar um novo
núcleo de poder, nesta fase acelerada de transição, e não tenham dúvidas que o
neoliberal Mandetta faz parte deste projeto. A manutenção de Mandetta, que
agora junto com o vice-presidente Mourão integra o chamado “núcleo
civilizatório da extrema direita”, agora tão elogiado pela esquerda reformista,
está longe de ser uma “vitória” a ser comemorada. Mandetta representa a
continuidade do desmonte do sistema público de saúde, e que somente no momento
de colapso sanitário reconhece demagogicamente sua importância. Por isso a
inutilidade dos “apelos sociais” de Mandetta, enquanto a maioria da população
não tem acesso a condições dignas de sobrevivência, como renda familiar,
habitação de qualidade e o próprio sistema de saúde em plenas condições de
atendimento.