terça-feira, 14 de abril de 2020

BOLSONARO, LATIFUNDIÁRIOS E CORONAVÍRUS: A “TRÍPLICE ALIANÇA” PARA EXTERMINAR OS POVOS ORIGINÁRIOS NO BRASIL

  
Não bastassem os latifundiários matando as lideranças indígenas pelo Brasil afora, tendo para sua sanha assassina o apoio aberto do governo Bolsonaro, a pandemia de Coronavírus tende a causar o genocídio dos povos originários no Brasil. Especialmente vulneráveis a doenças respiratórias, etnias inteiras podem ser dizimadas se não houver ações de contenção, medidas que obviamente não vem sendo adotadas pela Funai. O neofascista, mesmo antes de tomar posse, já havia anunciado uma postura de querer “integrar” os indígenas, bloqueando novas demarcações de terras e entregando a Funai para quadros técnicos e políticos ligados ao agronegócio. Tanto que sua direção bolsonarista lançou uma campanha ameaçando-os: “Indígenas não bloqueiem as estradas! O Brasil não pode parar!” em que afirma “A Funai alerta que os indígenas não devem bloquear as estradas de acesso às aldeias durante a pandemia do novo coronavírus. A fundação lembra que eventuais obstruções podem comprometer a circulação de pessoas e o abastecimento nessas regiões”. Subordinada ao Ministério da Justiça, sob o comando do canalha Sergio Moro, a Fundação recebeu R$ 10.840 milhões em recursos emergenciais para usar na proteção de indígenas contra o Coronavírus. Mas não gastou sequer um centavo desse montante. O Brasil já soma ao menos nove casos e três mortes de indígenas pela Covid-19. A informação orçamentária está no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siaf) do governo federal. Vale lembrar que, em 02 de abril, a Funai recebeu essa quantia a partir da publicação da medida provisória 942 - como a MP tem efeito imediato, os recursos ficaram à disposição da fundação. Por sua vez, o sucateamento da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde e responsável pelo atendimento de mais de 765.000 indígenas no país, já vem sendo denunciado desde o ano passado por entidades indigenistas. Os problemas do atendimento dos povos indígenas não é novo, mas tem potencial catastrófico em tempos de pandemia. Está em curso uma desestruturação do sistema de atendimento de saúde indígena. O primeiro passo foi a retirada dos médicos cubanos que atendiam pelo programa “Mais Médicos”, o que inviabilizou boa parte das equipes multidisciplinares que iam até as aldeias, e que agora muitas vezes foram impedidas de chegar às áreas mais remotas. A Sesai também determinou a suspensão do atendimento em áreas em que a titularidade da terra está em disputa, deixando sem cobertura centenas de índios acampados à beira de estradas ou em conflito com invasores. Agora, em tempos de pandemia, estes problemas vão impactar de forma dramática a situação desta população. Como Marxistas Revolucionários pontuamos que para avançar a luta dos povos originários faz-se necessário que o combate ao latifúndio, contra a morte das lideranças indígenas e para conter o Coronavírus aponte na perspectiva da revolução agrária com a expropriação do latifúndio produtivo sem indenizações aos latifundiários. Um verdadeiro controle da terra que atenda aos interesses dos índios, camponeses pobres e trabalhadores sem terra só pode ser realizada através da aliança com o proletariado do campo e da cidade, com a construção de comitês de autodefesa armados para impulsionar a revolução proletária e a construção do socialismo!



À medida que o novo coronavírus se alastra pelo Brasil, crescem os temores de que comunidades indígenas sejam dizimadas pela Covid-19, a doença causada pelo patógeno. Há ainda preocupações quanto ao desabastecimento de muitas comunidades indígenas que compram alimentos em cidades e dependem de programas sociais como o Bolsa Família, mas estão sendo orientadas a evitar os deslocamentos para impedir o contágio. Apesar da gravidade do cenário, associações indígenas e entidades que os apoiam afirmam que órgãos federais não têm adotado providências para proteger as comunidades (falta de materiais básicos, como máscaras, para lidar com eventuais casos nas aldeias). Ao contrário a dupla Bolsonaro/Moro é aliada de primeira hora dos latifundiários e vê na Pandemia uma oportunidade para liquidar com os povos originários. O novo coronavírus deve ter para povos indígenas brasileiros impacto comparável ao de grandes epidemias do passado, como as causadas pelo sarampo. A memória de epidemias passadas pode estimular comunidades que vivem em territórios extensos a se dividir em grupos menores e buscar refúgio no interior da mata. Métodos usados em áreas urbanas para reduzir o contágio - como higienizar as mãos com álcool gel - são impráticaveis em muitas aldeias. A ação urgente seria concentrar os esforços em impedir que o vírus chegue às comunidades e isolar eventuais infectados, mas os jagunços e os fazendeiros estão introduzindo o COVID-19 nas áreas indígenas propositalmente, como se faz nas guerras. Os modos de vida de vários povos indígenas - que incluem compartilhar utensílios como cuias e morar em habitações com muitas pessoas - tendem a ampliar o poder de contágio de doenças infecciosas. Em 2018, segundo o Ministério da Saúde, doenças infecciosas e parasitárias - tipos de enfermidades considerados evitáveis - foram responsáveis por 7,2% das mortes ocorridas entre indígenas, ante uma média nacional de 4,5%. Entre crianças indígenas com menos de um ano, doenças respiratórias foram responsáveis por 22,6% das mortes registradas em 2019, índice só inferior ao de mortes causadas por problemas no período perinatal (24,5%). Muitos territórios habitados por esses grupos são alvo de madeireiros, garimpeiros, caçadores e missionários, que podem levar o vírus até as comunidades. Para os especialistas, a Funai deveria reativar bases encarregadas de proteger essas áreas que foram fechadas nos últimos anos em meio à redução do orçamento do órgão pelo golpista de governo Temer e depois por Moro/Bolsonaro. Registre-se que uma Portaria publicada em meio à crise da doença permite contato com índios isolados. À fragilidade do sistema imunológico de muitos indígenas, principalmente os isolados, que não tiveram contato com a população não indígena, se somam o assédio de madeireiros, agricultores, mineradoras, turistas e garimpeiros às suas terras, formando um caldeirão perfeito para a disseminação de várias doenças, da pneumonia e malária à Covid-19

A sombra do contágio também ronda os índios isolados. Um balanço do Instituto Sócio Ambiental estima que existem 86 territórios com presença de grupos sem contato. Nas últimas décadas a Fundação Nacional do Índio adota como diretriz uma política de proteção nestas áreas, evitando qualquer aproximação com estes índios. No entanto, uma portaria da Funai publicada em 17 de março isolados “caso a atividade [de contato] seja essencial à sobrevivência do grupo isolado”. Além disso, o documento delega às 39 coordenações regionais da entidade decidir sobre este contato, sendo que anteriormente cabia à Coordenação-geral de Índios Isolados deliberar sobre o assunto. Em fevereiro, o Governo Bolsonaro indicou para a coordenação o ex-missionário evangélico Ricardo Lopes Dias, para a revolta de organizações indigenistas, que denunciam uma mudança na política que é adotada pelo Governo desde o final da ditadura militar: o contato com os povos isolados só acontece quando a iniciativa parte deles.

Os índios não são homens desprovidos de interesses na luta de classes. Alguns chefes, principalmente no norte do país, se tornam políticos burgueses, comerciantes, assumem postos em cargos de confiança na Funai e não vivem como a maioria dos índios, como camponeses pobres ou assalariados mal remunerados por comerciantes, pelas ONGs e mineradoras. Os Marxistas Revolucionários defendem que os seculares donos da terra expulsem de seu território tanto os latifundiários como as ONGs biopiratas e as mineradoras. A solução para o problema da demarcação das terras indígenas, assim como dos camponeses pobres e quilombolas, está na revolução agrária, na derrota do governo burguês latifundiário de plantão e no confisco dos bens e das tecnologias das transnacionais. Como nos ensinou o dirigente bolchevique Leon Trotsky, “A vitória da revolução é inconcebível sem o despertar das massas camponesas indígenas e lhes dará, por sua vez, o que tanto lhes falta hoje: a confiança em suas próprias forças, uma consciência maior de sua personalidade, o desenvolvimento de sua cultura... Nessas condições, nossa propaganda deve e pode, sobretudo, partir das palavras de ordem da revolução agrária, a fim de levar, passo a passo, sobre a base de sua experiência da luta, os camponeses às conclusões políticas e nacionais necessárias. Se estas considerações políticas são exatas, não se trata da questão do programa em si, mas a de saber por qual caminho fazer penetrar este programa na consciência das massas indígenas” (O problema nacional e as tarefas do partido proletário, 20/04/1935). Para isso, faz-se necessário a ampla solidariedade à uta dos povos originários, a denúncia do governo neofascista de Bolsonaro/Moro, aliado dos latifundiários e o direito à autodefesa dos índios contra os pistoleiros! Para avançar a luta dos povos originários faz-se necessário que este combate aponte na perspectiva da revolução agrária com a expropriação do latifúndio produtivo sem indenizações aos latifundiários! No caso específico da luta dos índios, está colocada na ordem do dia cobrir de solidariedade sua luta em defesa da permanência em suas terras nativas, cabendo aos povos originários se organizarem em comitês de autodefesa para garantir seu direito à moradia, cultivo e a sobrevivência cultural!