O grupo revisionista de Jorge Altamira e Marcelo Ramal na
Argentina, o Partido Obrero (Tendência), acaba de lançar um artigo escandaloso defendendo
abertamente a repressão estatal para garantir a ordem de isolamento social (“Quarentena”)
imposta pelo governo de centro-esquerda presidido por Alberto Fernández. A
“pérola” intitulada “Un gran equívoco político... Acerca de la izquierda y la
pandemia política” (Política Obrera, 03.04) foi elaborada a partir de uma
resposta da direção de PO(T) a um “colaborador”. O texto qualifica como confusas
e equivocadas as posições dos ativistas e correntes políticas que no interior
da esquerda (como é o caso da LBI) denunciam o uso pelos governos burgueses, de
todos os matizes políticos, do aparato repressivo estatal em suposto apoio as
“medidas sanitárias” como parte uma ação global dos grandes capitalistas e seus
gerentes de plantão em ataque as liberdades democráticas e de organização
política dos trabalhadores com o objetivo de impor o recrudescimento global dos
regimes políticos no lastro da pandemia mundial. Para não restar qualquer
dúvida da posição direitista de PO(T) vamos citar em castelhano a posição: “La
colaboración que el compañero Iván Marín ha enviado a Política Obrera encierra
un equívoco político. Nos referimos a la caracterización de la presencia
militar en tareas asistenciales y alimentarias como parte de una tendencia a
crear un “Estado policial”. O la función asignada a policía y gendarmería en la
tarea de hacer cumplir la cuarentena. Confunde la coerción estatal que se
aplica para supervisar un régimen excepcional de salud, en Argentina y en todo
el mundo, sin excepción alguna, como una expresión del propósito de producir un
cambio de régimen político, hacia otro, que no define, de naturaleza
esencialmente represiva.”. Como se observa, Altamira e Ramal saem, sem meias
palavras, em defesa das medidas repressivas que o governo vem lançando na
Argentina. Cinicamente alegam que a Polícia e a Gendarmeria (correlata a Força
Nacional de segurança no Brasil) agem “excepcionalmente” para preservar a saúde
dos trabalhadores! Trata-se da adesão da dupla revisionista, na sua versão “portenha”,
ao “Pacto de União Mundial” que o imperialismo e as burguesias nacionais tentam
construir em virtude da pandemia declarada pela OMS. Este pacto de colaboração
de classes vem sendo levado a cabo em todo mundo pela esquerda reformista e
seus satélites, como PO(T), em nome de apoiar “emergencialmente” as medidas dos
governos burgueses locais para combater o Covid-19. Nós Marxistas Leninistas
rejeitamos qualquer “acordo nacional” em função do Coronavírus, exigimos por
meio da luta que Estado Burguês adote medidas que garantam a saúde pública e
atendimento médico de qualidade para toda a população, sem que em contrapartida
aceitemos a suspensão política das lutas e mobilizações do nosso povo e, muito
menos, o combate a seus órgãos de repressão travestidos de “salvadores da
pátria”.
Segundo o “grupito” expulso do PO, não cabe nesse momento de
Pandemia essa frontal crítica Marxista. Não por acaso, vocifera “La decisión de
imponer un régimen de cuarentena frente a la pandemia del Covid-19 es un acto
típico de coerción estatal. Quienes la critican ‘por izquierda’ cumplen la
cuarentena en sus casas y discuten por Skype. Todos propugnamos lo mismo para
los trabajadores de industrias no esenciales. Atacan la coerción del estado,
mientras la acatan sin chistar”. Para justificar sua posição anti-Marxista,
PO(T) iguala os métodos que um Estado Operário teria que lançar mão para
combater a pandemia com as atuais medidas repressivas tomadas por um Estado
capitalista: “Un régimen proletario también recurrirá a la coerción en una situación
parecida, claro que con sus milicias democráticas y mandos revocables, o con el
ejército obrero, si fuera el caso. Cambia el carácter social de la coerción, y
por supuesto los métodos con que se aplica, pero no su necesidad; la pandemia
reclama una disciplina social excepcional, que no se presenta en circunstancias
normales”. Com essa equivalência grosseira e anti-dialética, Altamira e Ramal
simplesmente buscam diluir o caráter de classe do Estado burguês e o papel de
seus gerentes de plantão, como Fernández na Argentina, na função de inimigos
dos trabalhadores que movem absolutamente todos os seus atos e “esforços” para
preservar a propriedade privada e defender os interesses da classe dominante,
mesmo que travestidos em “ações sanitárias”. Os Marxistas Revolucionários
defendem a Ditadura do Proletariado, uso da força militar para combater a
burguesia e até mesmo os inimigos políticos e econômicos internos. “Por
supuesto” apoiaríamos medidas repressivas necessárias para combater a Pandemia
em um Estado Operário, como o cerco de cidades e o isolamento completo. Para
tanto, acionaríamos as brigadas operárias, as milícias e os comitês de bairros
eleitos e até mesmo o Exército Vermelho para impor essas medidas draconianas. Essa
conduta é completamente oposta quando se trata de apoiar as ações repressivas
lançadas por um governo burguês em um Estado capitalista. Neste caso, nosso
combate de classe parte em denunciar essas medidas autoritárias que estão a
serviço do fechamento do regime político burguês e da perseguição a conjuto dos explorados,
como vem ocorrendo na Espanha e na própria Argentina, onde existem várias denúncias
de ataques operados pela odiada “Bonaerense” (a polícia provincial de Buenos
Aires) na repressão ao povo pobre sob o pretexto cínico de “garantir a Quarentena
e a saúde dos argentinos!”. Nesse clima de cerco militar, grande parte dos
“intendentes” (prefeitos) começaram a fechar os “acessos” a seus municípios e
avançam em transformar os bairros populares em guetos isolados sob as baionetas
policiais e das FFAA.
Por fim, assevera a dupla utra-oportunista: “Transpolar la
coerción estatal de una cuarentena, o sea de preservación de la salud, a un estado
policial, es una expresión de limitaciones políticas severas”. Ao contrário
desses revisionistas vulgares, nós Leninistas denunciamos que os meios de
comunicação e as autoridades sanitárias e governamentais globais estão
provocando um verdadeiro “estado de exceção” excepcional, com graves limitações
de deslocamento social e impedimento para as mobilizações dos movimentos
operário e popular. As classes dominantes e seus governos até então usando o
tradicional “perigo terrorista” como causa da adoção de medidas excepcionais, como
o “toque de recolher”, encontraram no Coronavírus um pretexto mais “plausível e
consistente” para amortecer a luta de classes. Nesse cenário entram as direções
reformistas mundiais com sua política de colaboração de classes ladeadas pelos
pseudo-trotskistas como PO(T). Contra o apoio as medidas dos gerentes burgueses
locais e até mesmos de seus aparatos policias como faz Altamira e Ramal,
apresentando essa ação como uma “boa medida” para preservar a saúde dos
trabalhadores, é necessário convocar as massas para a luta ativa, e não
simplesmente publicitar exigências (mesmo que na maioria dos casos corretas) e
acreditar que os Estados da burguesia atenderão as reivindicações sem fortes
mobilizações de rua, greves e ocupações de fábrica. A inação do proletariado, sob
a justificativa de se precaver do contágio do vírus, é a principal arma do
imperialismo para ganhar esta verdadeira guerra contra a humanidade, impondo um
recrudescimento global dos regimes políticos!
No caminho oposto do que apregoa o “grupito” revisionista, pontuamos
que a histeria provocada pelo surto do Coronavírus é uma manobra muito bem
planejada pela burguesia central imperialista, e não estamos falando de setores
“out sider” como Trump, Orban e Bolsonaro, por exemplo, para impor o avanço da
ofensiva reacionária em escala exponencial. Medidas adotadas ou semi-adotadas,
como a lei marcial, o toque de recolher e a anulação definitiva das garantias
democráticas restantes e dos direitos e liberdades fundamentais de organização
em todo o mundo inclusive por governos da centro-esquerda burguesa como Fernández
na Argentina ou Pedro Sánchez (PSOE/PODEMOS) na Espanha, são aplaudidas pela
esquerda reformista e os pseudo-trotskistas como Altamira/Ramal, com a
justificativa de “preservar vidas humanas do contágio”. Desde a LBI alertamos
que se um governo pode levar o exército para as ruas por “medidas sanitárias”,
este também pode impor a censura típica de qualquer guerra, embora não precise
mais impor por “decreto político”, pois é para isso que as corporações midiáticas
entraram em cena para criar o pânico mundial, enquanto os mercados desabam e a
produção industrial é drasticamente reduzida. A Pandemia do Coronavírus está
servindo como treinamento, um verdadeiro “balão de ensaio”, para um
recrudescimento global dos regimes, testando a capacidade de reação das massas
diante do novo quadro de correlação de forças, com a esquerda reformista já
totalmente integrada ao “politicamente correto” da crise mundial. Altamira e
Marcelo Ramal, com suas “limitaciones políticas severas” integram esse arco
contrarrevolucionário em nome do “trotskismo”. Seus parceiros de contenção das
lutas e colaboração de classes pelo mundo celebram: “Bem vindo ao clube!”.