O Brasil está iniciando uma crise política de
governabilidade que só pode ser comparada aos dias que antecederam o
impeachment de Dilma Rousseff, que não conseguia governar de fato barrada pelas
ações do STF e do Congresso Nacional. Nesta manhã (29/04), o Ministro Alexandre
de Moraes do STF, suspenseu a nomeação do delegado(segurança do clã miliciano)
Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, é apenas o começo de
um longo processo de “fritura” do presidente neofascista, que na verdade tem início
bem antes mesmo da demissão de Sérgio Moro da pasta da Justiça. Bolsonaro de
fato já vinha sofrendo uma “interdição branca” no interior do próprio regime
bonapartista, quando uma junta militar do Alto Comando do Exército decidiu
limitar o poder do presidente diante do agravamento da crise política. As
rupturas dos Ministros Mandetta e Moro, este último o “fiador político” de
Bolsonaro no seio da burguesia nacional, elevou a crise de governabilidade a
enésima potência. Sob as acusações de Moro o STF já havia autorizado uma
investigação à pedido do próprio Procurador-Geral da República, Augusto Aras. O
Ministro Togado Alexandre de Moraes é relator de outros dois inquéritos no STF,
um que pede a investigação sobre envolvidos na organização de atos contra a
democracia ocorridos no último dia 19 de abril. O outro inquérito apura a
divulgação de ataques a personalidades políticas e jurídicas através de fake
news, por um esquema criminoso que tem envolvimento da família miliciana, mais
duas espadas de Dâmocles penduradas sobre a cabeça de Bolsonaro. É verdade que
o Congresso Nacional, ou melhor dizendo o “Centrão”, presidido por Rodrigo Maia
e Alcolumbre ainda não entrou no jogo aberto da “fritura” de Bolsonaro, esperam
sugar os “restos” do banquete de cargos e verbas que Bolsonaro ainda pode
oferecer. Mas por enquanto será o STF a assumir o protagonismo político do
calculado embate institucional contra Bolsonaro, na mesmo compasso quando
desatou as sentenças do “Mensalão” em 2012, sinalizando a ruptura com o governo
da Frente Popular. A esquerda reformista(PT, PSOL e PCdoB)ausente de qualquer
iniciativa política e completamente acovardada em plena pandemia do
coronavírus, já delegou o leme da oposição ao governo central nas mãos dos
governadores, sendo o neotucano João Dória a “estrela” deste círculo burguês.
Por enquanto Sérgio Moro está submerso, aguardando para entrar no cenário da
crise no momento exato em que costurar o arco de apoio à sua candidatura
presidencial em 2022. A vanguarda classista que não se vergou a política de
colaboração de classes do PT e seus apêndices, deve se reorganizar no sentido
de uma plataforma revolucionária, para poder se credenciar como uma nova
direção política nesta conjuntura de profunda crise deste regime de exceção.