O ritmo da queda na cotação do barril do petróleo
surpreendeu hoje (20/04) até os analistas financeiros mais pessimistas. A grande
mídia corporativa mundial obviamente registrou o fato como uma consequência econômica “óbvia” do
“planeta quarentena”, porém a pandemia apenas coroou um fenômeno que já vinha
ocorrendo bem antes, ou seja a “ladeira abaixo” do óleo cru iniciou sua curva descendente já no final de 2019,
como efeito da retração da produção mundial de mercadorias, a crise de
superprodução capitalista! Mas o que realmente significa “preço negativo do
petróleo”? O preço negativo do petróleo significa que os tanques e
reservatórios estão cheios e os grandes produtores de petróleo são obrigados a
pagar aos compradores para coletá-lo. Essa ação nada “filantrópica” dos trustes
do setor evita o estrangulamento dos depósitos e dos enormes reservatórios. O
petróleo do WTI dos EUA (um tipo específico de óleo cru) caiu abaixo de
US$0 (zero!) neste 20 de abril, pela primeira vez em toda história de sua
exploração econômica. Em particular, os futuros do WTI para entrega em maio
caíram no fechamento da bolsa NYMEX neste dia para -37,63 dólares por barril, o
que representa uma queda de 305,97% em um único dia. Após esse crash, o Índice
Dow Jones perdeu mais de 590 pontos, ou 2,44%, após o fechamento do pregão. Os
índices S&P 500 e Nasdaq caíram 1,79% e 1,03%, respectivamente. Mas como
funcionam os mercados futuros? O contrato de futuros, mais conhecido
simplesmente como 'futuros', é um acordo entre duas partes que se comprometem,
em uma data futura definida e a um determinado preço, a trocar um ativo, que
pode ser físico, financeiro ou imobiliário. Nesta segunda-feira, o preço do WTI
ficou negativo para apenas um tipo de contrato: contratos para entrega em maio.
Assim, as operadoras começaram a se livrar dos contratos que expiram na terça-feira,
que foram concluídos há vários meses, quando a pandemia de coronavírus nos
Estados Unidos, o país mais afetado pela covid-19, estava apenas começando, e a
situação da economia mundial estava
muito melhor. Os contratos futuros de WTI para entrega em junho ainda estão
sendo negociados acima de US $ 20 por barril. A queda nos preços do petróleo
deve-se à crise na demanda de petróleo como resultado da superprodução
capitalista, somadas as medidas de quarentena adotadas por vários países para
supostamente impedir a expansão da covid-19. Segundo as previsões da Agência
Internacional de Energia, o excesso de oferta de petróleo em abril será de 29
milhões de barris por dia e, em média, em 2020 será de 9,3 milhões de barris
por dia. No entanto, no mercado, existe uma preocupação crescente de que a
recessão na economia dos Estados Unidos possa ser mais forte do que o esperado,
o que significa que a queda na demanda de petróleo pode ser muito mais
significativa. A situação é agravada pelo fato de que os depósitos de petróleo
estão se enchendo muito rapidamente. De acordo com a Administração de
Informações sobre Energia dos EUA, durante a semana que terminou em 3 de abril,
as reservas de petróleo no país cresceram 19,25 milhões de barris, superando as
expectativas dos analistas. O West Texas Intermediate (WTI) é um tipo de
petróleo produzido no Texas e no sul de Oklahoma que serve como referência para
a precificação de outros fluxos de petróleo, é muito menos pesado que o Brent e
tem baixo teor de enxofre, portanto um valor menor no mercado internacional das
commodities. Os oligopólios imperialistas do setor de energia mineral, os
mesmos que espoliam os recursos naturais de nações inteiras, já solicitaram o
resgate de seus “títulos podres” ao FED, alegando dificuldades financeiras com
a queda na cotação do óleo cru. Por outro lado a tentativa de um acordo global
para subir as cotações, entre Rússia, países Árabes e os EUA, caminha para um
fracasso total, na medida da rápida dinâmica de intensidade da crise. Muito em
breve poderá ocorrer outro episódio impensável no mundo, além é claro da
quarentena global, a Exxon lançando um anúncio na mídia: Quem quer petróleo de
graça? ...