A golpista Jeanine Áñez decretou emergência sanitária e o
toque de recolher de 12 horas na Bolívia. Previsto para se encerrar em 31 de
Março, o prazo foi ampliado até o final de abril. “O presente decreto supremo
declara emergência sanitária nacional e quarentena em todo o território
boliviano contra a epidemia de Coronavírus. Todos os habitantes da Bolívia
deverão permanecer em suas residências”. Entre as medidas, ela divulgou que a
eleição presidencial, que aconteceria em 3 de maio, será adiada sem prazo para
nova convocação. O governo da Bolívia endureceu as medidas com a proibição da
circulação de veículos e a restrição da circulação de pessoas, ampliando as
medidas repressivas com os opositores. A golpista avisou que mobilizará o
Exército e a polícia para controlar o cumprimento das medidas e também ameaçou
os infratores da quarentena com penas de até 10 anos de prisão. O mais grave é
que Bolívia enquanto reprime a população os canalhas que derrubaram Evo Morales
anunciam que não tem “condições” para enfrentar Coronavírus: “Não temos
condições de saúde para enfrentar esta pandemia global, mas podemos ficar em
casa”, disse o ministro da Presidência, Yerko Núñez, braço direito de Áñez.
Cinicamente ele acusou o governo do MAS de não ter investido no sistema de
saúde durante seus quase 14 anos de gestão. Por sua vez, o presidente deposto
disse em uma mensagem em sua conta do Twitter que durante seu governo
(2006-2019) “concluímos vários hospitais, 15 no total”. Ao mesmo tempo, o
governo golpista acusou o partido de Evo, refugiado na Argentina, de tentar
quebrar a quarentena do Coronavírus, financiando os protestos de 500 bolivianos
que há dias não conseguem sair do Chile e exigem a entrada em seu país. Arturo
Murillo, ministro do interior, garante que o MAS está por trás reivindicações
de cerca de 500 bolivianos, retidos na cidade fronteiriça chilena de Colchane,
que insistem em entrar na Bolívia, apesar do fechamento das fronteiras. Dois
dias atrás, eles foram reprimidos pelos militares que protegem a fronteira com
o Chile: “Identificamos 35 ativistas envolvidos nessa marcha e também
conseguimos, com nossos sistemas de inteligência, ver que 300 bolivianos (cerca
de 200 reais) estão sendo pagos por cada pessoa para fazer isso! O terrorista
boliviano confesso ex-presidente (Morales) está tentando tirar vantagem (da
pandemia) para desestabilizar”, acrescentou o canalha ministro. As
manifestações ocorrem principalmente porque o governo permitiu o retorno de 36
bolivianos por via aérea do Chile na quarta-feira “por razões humanitárias” e a
seu próprio custo, segundo o Ministério das Relações Exteriores. O senador
Efraín Chambi, do MAS, negou categoricamente as acusações. O adiamento das
eleições mergulha o país em uma nova fase de profunda incerteza política, pois
o pretexto da pandemia permite que o governo parido do golpe de Estado
consolide ainda mais seu poder. Segundo a última pesquisa realizada pelo
instituto Ciesmori, o candidato Luis Arce, do MAS, liderava a disputa com 33%
das intenções de voto.
Encabeçando a chapa do MAS na futural disputa eleitoral
de “cartas marcadas” agora sem prazo para ocorrer é o economista Luis Arce,
ministro de Finanças do governo Morales entre 2006 e 2017 (e que tinha voltado
ao cargo em 2019). Seu companheiro na chapa para ocupar a vice-presidência será
o diplomata David Choquehuanca, chanceler do governo anterior, no mesmo
período. Além de Arce, estavam confirmadas as candidaturas do ex-presidente
Carlos Mesa (centro neoliberal), o ex-presidente Jorge Quiroga (direita), o
líder do movimento cívico de Santa Cruz de la Sierra, Luis Fernando Camacho
(extrema direita) e o pastor evangélico Chi Hyun Chung (fascista). O movimento
operário da Bolívia não pode esperar nada destas novas eleições que não seja
uma fraude e estelionato político para legitimar o golpe e um novo governo
neofascista. A tarefa dos Marxistas Leninistas será a de conduzir as massas na
perspectiva revolucionária, em sua cotidiana rebelião latente contra o regime
entreguista imposto no país pelo imperialismo ianque!