quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

RETROSPECTIVA DO ENFRENTAMENTO ENTRE O HEZBOLLAH E O ENCLAVE SIONISTA: UMA ANÁLISE TROTSKISTA DA GUERRA NO LÍBANO

ARTIGO HISTÓRICO ELABORADO PELA LBI EM AGOSTO DE 2006  

Para compreender o que ocorre hoje na Palestina e no Líbano, apresentamos aos leitores do Blog da LBI a apresentação de um rigoroso trabalho de pesquisa sobre a guerra vivenciada pelos libaneses, elaborado em forma de livro no final de 2006. Desde lá, já se passaram quase 17 anos, entretanto uma guerra híbrida e convencional nunca deixou de cessar na região, voltando agora com força após o ataque do Hamas contra o enclave sionista em 7 de Outubro. Na apresentação deste livro, tratamos de estabelecer na época uma delimitação com a esquerda revisionista, que se recusava a impulsionar uma ampla campanha de apoio a resistência, diante dos ataques do enclave sionista. Traçando um paralelo com a atualidade, a postura desta esquerda adaptada não é muito distinta hoje, em defesa do pacifismo pequeno-burguês que não defende a vitória milita da Resistência Palestina.

APRESENTAÇÃO: UMA ANÁLISE TROTSKISTA DA GUERRA NO LÍBANO 

Escrito no calor da guerra, o que apresentamos aos leitores em "Uma análise trotskista da Guerra no Líbano", é um dos primeiros balanços políticos dos acontecimentos e traz uma abordagem ímpar do conflito. Uma organização militante revolucionária que se proclame como tal não poderia se limitar a fazer uma cobertura dos fatos para meramente constatar os horrores do massacre perpetrado pelas forças nazi-sionistas. Foi o que fez a quase totalidade das correntes da chamada esquerda mundial. Adotaram a postura do pacifismo pequeno-burguês, reivindicando unicamente o fim do massacre, limitando-se a fazer apelos impotentes e piedosos pela paz no Oriente Médio e a exigir da ONU e dos governos capitalistas, cúmplices da sangrenta carnificina, para que pressionassem Israel. Esta postura tem como objetivo esquivar-se para não se posicionar em meio à guerra entre as duas forças beligerantes desproporcionais, por ironia da história, o Golias Israel e o Davi Hizbollah. A Liga Bolchevique Internacionalista foi a primeira corrente política a pontuar a força da resistência libanesa e a caracterizar o empatanamento da ofensiva sionista, como prenúncio do desastre militar israelense que veio a se configurar integralmente ao final da batalha. Estes elementos desembocaram em reveses políticos e militares inéditos para Israel na história do conflito árabe-israelense, levando o governo nazi-sionista a invocar a intervenção de uma coalizão imperialista sob a bandeira da ONU no Líbano para socorrê-lo na luta contra o Hizbollah.

Durante a guerra, a LBI lançou um chamado às grandes correntes mundiais que se reivindicam do trotskismo (PSTU do Brasil, o MST argentino, o PS inglês, Lutte Ouvriere da França, ISO norte-americano) para a organização de brigadas internacionalistas de solidariedade aos povos libanês e palestino. Muitas destas organizações estiveram em 1994 na linha de frente dos "comboios internacionais" de apoio à Bósnia, cujo carro-chefe era a social-democracia imperialista europeia. Para agir como caudatárias da ONU na restauração do capitalismo do Estado operário deformado iuguslavo estes revisionistas tiveram muita disposição, mas quando a tarefa foi combater política e militarmente o imperialismo genocida estes agrupamentos "responderam" à LBI, única força política a fazer esse chamado, com um silêncio criminoso.

Seria mais fácil, em nome de uma falsa ortodoxia marxista, sob o pretexto de delimitar-se de correntes estranhas ao proletariado, como o fundamentalismo muçulmano, ter a conduta de muitos agrupamentos: não apontar nenhuma orientação política concreta, nenhum guia prático para a ação das massas diante de seus opressores. Mas, em cada momento do conflito do qual participamos no Brasil através dos Comitês de Solidariedade aos Povos Árabes, atos e manifestações de rua, plenárias e debates, combinamos o combate por posições programáticas principistas - destruição do Estado de Israel, a crítica ao caráter social e ideológico do Hizbollah, a necessidade de construir um partido revolucionário internacionalista, a reivindicação de uma Palestina Soviética - com a defesa da vitória militar do Hizbollah. Sem atravessar o rubicão da fronteira de classe, chamamos a conformação de uma frente única de ação antiimperialista nos posicionando no campo militar correto da luta.

Terminada esta batalha, não há dúvidas de que saiu vitoriosa a resistência armada libanesa encarnada no Hizbollah, a qual defendemos desde os primeiros tiros deste conflito. Os planos expansionistas de Olmert e Bush sobre o Oriente Médio fracassaram em toda linha, reanimando a esperança de milhões de oprimidos árabes e palestinos de se livrarem de uma vez por todas do jugo sionista-imperialista. Foi a primeira derrota flagrante e vergonhosa da ofensiva imperialista desde a restauração capitalista na URSS e no Leste Europeu. Os oprimidos do mundo todo precisam sacar as lições deste conflito, entendendo o alcance e limitações desta vitória, para reverter aquela derrota histórica ocorrida há mais de 15 anos e passar da defesa ao ataque pela conquista do poder político.

Ao editar "Uma análise trotskista da Guerra no Líbano", esperamos contribuir para armar os lutadores sociais para os novos capítulos desta guerra que tem como arena principal o Oriente Médio. Mas os reflexos destes acontecimentos estão sendo sentidos globalmente e devem ser aproveitados pela vanguarda classista do proletariado mundial, entendendo que só poderemos sair vitoriosos se empregarmos os métodos da revolução permanebte na luta antiiperialista para catapultar a batalha pela libertação nacional do povo árabe em direção a revolução socialista.

Os editores,

31 de agosto de 2006.

-----------------------------------------------

ÍNDICE 

Apresentação

I - Derrota do sionismo no Líbano: A esquerda revisionista não passa pelo ácido teste da guerra

II - A derrota militar de Israel e os limites da vitória do Hezbollah

III - Pela vitória militar do Hezbollah e da resistência palestina sobre o Estado de Israel e o imperialismo ianque! Abaixo a resolução imperialista de "paz" da ONU!

IV - O massacre da Qana e a derrota política e militar de Israel

V - A cúpula canalha do Mercosul (Kirchner, Lula, Tabaré e Chávez) silencia diante do genocídio sionista

VI - Líbano, um país marcado historicamente pela pilhagem do imperialismo e a agressão sionista

 VII - Israel declara estado de guerra: A tarefa é organizar brigadas internacionalistas de solidariedade aos povos libanês e palestino!

VIII - Nazi-ofensiva de Israel sofre revés político e militar, forçando enclave terrorista a pedir trégua

IX - Estado terrorista de Israel invade o Líbano: Mobilizar a classe operária mundial na defesa do povo palestino e da soberania libanesa!

 Apêndice

a) Cronologia da Guerra no Líbano

b) As forças presentes no Líbano e em Israel