CARLOS LYRA PRESENTE! UM VERDADEIRO ARTISTA DO POVO BRASILEIRO
Morreu ontem (16/12) aos 90 anos de idade o grande compositor da música brasileira, Carlos Lyra. Lyra desempenhou um papel fundamental na difusão da cultura brasileira, foi um dos responsáveis por fundar o Centro Popular de Cultura, o CPC, da União Nacional dos Estudantes, em 1961. Lyra encontrou na música um meio de expressão política antes e após o golpe militar de 1964, afastando-se, ao menos em parte de sua produção, do estilo tipicamente bossa nova, lírico e politicamente descompromissado, para dedicar-se a temas da realidade social brasileira. Ele compôs a trilha sonora da peça “A mais valia vai acabar, seu Edgar” (1960), do dramaturgo e diretor paulistano Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, encenada no teatro da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro pela primeira vez.
No início da década de 1960, Lyra buscava distinguir algumas de suas criações da estética tipicamente bossanovista, adotando um estilo que chamava de “sambalanço”. Com a expressão, ele queria “delinear, dentro do movimento (a bossa nova) aquele sentido nacionalista que procura elevar o nível da música popular brasileiro dentro de suas próprias fontes” – escreveu Nelson Lins e Barros, um de seus principais parceiros, na contracapa do disco “Depois do Carnaval – O Sambalanço de Carlos Lyra”, de 1963. Além do grande poeta Vinícius de Moraes, Lyra também teve como parceiros Geraldo Vandré, Tom Jobim (1927 – 1994) e Baden Powell (1937 – 2000).
Em 1968, Lyra exilou-se nos Estados Unidos, onde encontrou apoio no saxofonista Stan Getz. Sua música não deixou de ser uma voz ativa contra a ditadura, e em 1979, ele retornou ao Brasil para participar do Congresso da UNE em Salvador, regendo um coro de milhares de estudantes no “Hino da UNE”.
Ao longo da carreira, o artista jamais escondeu sua ideologia de esquerda. O imenso legado deixado por esse grande artista brasileiro transcende as fronteiras do tempo e do nosso país, e continuará inspirando futuras gerações que lutam pela verdadeira arte popular.